Diferença entre se desfazer e fazer o bem

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Derivada do Latim “donare” significa “dar um presente”. Quando dispomos de tempo para doar sangue, por exemplo, vamos ao banco de sangue para que após cadastro, entrevista e coleta, o plasma passe por exames, destinando-se à reserva somente se aprovado para tanto. Isto porque apenas o sangue saudável poderá ser entregue ao donatário, certo? Quando pensamos em retirar roupas ou itens dos armários para doação, por que evitamos pensar da mesma forma?

Se doar é “dar um presente”, seria como desapegar e entregar com carinho, passando no objeto doado toda a gratidão por aquilo ter feito parte da nossa vida, mas que agora pode (e precisa) seguir em frente para ser útil para outra pessoa, seja por motivos de tamanho, cor, estilo, moda, idade, excesso, etc.
Doar é ato de gratidão pelo ‘ter’, mas demonstra muito sobre o ‘ser’.

Doar é fornecer algo a quem não tem a oportunidade de comprar, mas não significa que essas pessoas mereçam receber itens gastos a ponto de serem descartados. Até porque, todos somos humanos e devemos garantir o respeito e a dignidade de cada um. Por isso importante preservar nossas roupas, utensílios domésticos, móveis, calçados! Ao doar o item, preferível que este esteja bem conservado para que possa continuar sendo utilizado e, se possível, limpo e cheiroso.

Se você fosse receber hoje um brinquedo, gostaria que faltasse uma roda? E se fosse receber uma roupa, poderia ter uma mancha de caneta no ombro e um furo na altura da cintura? E um sofá, mas sem assento?

Toda pessoa tem o direito de escolher a peça que gosta, do seu próprio estilo, de recusar algo que não esteja precisando ou que não seja do seu agrado. Trata-se de preservar a autoestima e o amor próprio, tão essenciais à nossa saúde mental. Afinal, temos preferências, uns gostam mais de jeans, outros de moletom, e ainda tem quem goste de calça social. Ninguém está errado por ter estilo diferente, tem espaço e moda para todos.

Receber um produto em bom estado é como adquirir algo novo para si, uma conquista para sentir-se bem, da mesma forma que se escolhe uma roupa nova dentre tantas penduradas nos cabides em lojas de departamentos, por exemplo.

Por tudo isso, devemos lembrar que embora as doações passem, normalmente, por triagem de uma equipe voluntária, em que há uma separação prévia dos itens doados, a solidariedade deve imperar e não pode ser ignorado o respeito devido a quem recolhe a doação, bem como a dignidade do destinatário final, evitando enviar itens de qualquer forma: rasgados, furados, manchados, mau cheirosos, sujos ou quebrados.

Portanto, se ao se desfazer dos seus bens sua intenção for doar, desapegue com amor, a fim de garantir que todos possam fazer a sua parte de maneira mais humanizada e em prol do coletivo.

Se envolver em temática coletiva é beneficiar a todos, desde que haja gratidão e respeito envolvidos. Culturalmente fomos ensinados a ignorar determinadas pessoas e julgar comportamentos diferentes do tradicional, mas não significa que devemos permanecer inertes e aceitar as coisas como são, não é? Podemos mudar e nos fortalecer juntos hoje!

Ao retirar do armário, reflita: está bom para uso? Se eu estivesse recebendo isso, usaria? Se a resposta for positiva, doe mesmo! Se for negativa, jogue na lixeira.

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