Jorginho x Renan: o baixo nível na CPI da Covid
As lamentáveis cenas protagonizadas pelo senador catarinense Jorginho Mello (PL) e seu colega alagoano Renan Calheiros (MDB) na reunião da CPI da Covid, no Senado, nesta quinta-feira, 23, jogaram ao nível mais rasteiro as discussões sobre possíveis irregularidades na compra de vacinas pelo Governo Federal no combate à pandemia do coronavírus. Bate-bocas, trocas de acusações e debates acalorados fazem parte do dia-a-dia de qualquer parlamento. Mas xingamentos e ameaças de via de fatos fogem do padrão mínimo de civilidade e bom senso e carregam para a lama a dignidade de homens que receberam votos para representarem seus estados e defenderem os interesses públicos. Perdem todos, perdemos nós.
O nível começou a despencar durante o depoimento do empresário Danilo Trento, sócio da empresa Primarcial Holding e Participações e apontado como suposto diretor da Precisa Medicamentos, empresa acusada de criar mecanismos para se beneficiar nas licitações para a compra da vacina Covaxin, junto ao laboratório indiano Bharat Biotech e o Ministério da Saúde. Renan citava possíveis irregularidades na transação e chamou o governo de “corrupto”. Neste momento, Jorginho, que faz parte da base governista, interpelou a fala de Renan, dizendo que o governo não teve participação e sim os empresários “picaretas”, como classificou, é que procuraram o ministério. Renan não admitiu a intervenção. Jorginho retrucou e disparou: “Então vai pros quintos…”, no que Renan respondeu: “Vá você, seu presidente e o empresário Luciano Hang” (que foi convocado a depor pela CPI). A partir daí iniciou-se a troca de ofensas de lado a lado com palavras como “ladrão”, “vagabundo”, “puxa-saco”. O acirramento só não se transformou em briga por conta da turma do “deixa-disso”.
A reunião foi interrompida e voltou à tarde, mas nada mais interessava. O que fica para a história do Senado são as cenas que nunca deveriam ter acontecido.
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