Safra de Soja 2024: otimismo, tecnologia e desafios no agronegócio de Goiás
Goiás, tradicional celeiro agrícola do Brasil, iniciou o plantio de soja em 2024 com expectativas positivas e novos desafios. A recente chegada das chuvas trouxe alívio aos agricultores, possibilitando o avanço do plantio em um ritmo animador. No entanto, além do fator climático, outros elementos como os custos de frete, energia instável e a necessidade de inovação nas práticas de cultivo estão moldando a nova safra no estado. Com um papel vital na economia goiana e nacional, a produção agrícola é acompanhada de perto não só pelo setor, mas também pela sociedade que depende da estabilidade dos alimentos e do impacto ambiental dessas práticas.
Após um período de estiagem que preocupava os produtores da região Centro-Oeste (178 dias sem chuva em algumas cidades), as chuvas finalmente chegaram, criando condições ideais para o plantio da soja. Foi neste ambiente de comemoração e otimismo com a chegada da chuva mais esperada das últimas décadas que o grupo de jornalistas de várias regiões e veículos de comunicação de todo o Brasil, participantes do “Programa Agronegócio em Perspectiva: Desconstruindo Mitos e Explorando Realidades”, desenvolvido em parceria pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), em conjunto com a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER), que viabilizaram uma parceria com a Fundação Dom Cabral, que desenhou o Programa, desembarcou em Rio Verde (GO) para mais uma etapa da capacitação dos jornalistas no ambiente do agronegócio.
Eduardo Carpinski, diretor de jornalismo do Grupo Verde Vale de Comunicação, foi o único representante do Paraná e de Santa Catarina selecionado para participar do Programa, que contou também com a participação de profissionais dos seguintes veículos: Zero Hora, Revista Exame, Folha de Boa Vista, Fundação Dom Cabral, TV Band Minas, TV Band São Paulo, Globo Rural, TV Bahia, SBT, Editora Globo/Valor Econômico, TV Globo, Rádio CBN, Folha de São Paulo, Agro Estadão, Revista Globo Rural, Money Times, Rede Amazônia e jornal O Globo. As visitas em Rio Verde encerraram a imersão no campo da turma de 2024, que visitou também Belém (PA) em setembro.
Agronegócio no Serrado
De acordo com dados recentes, agricultores em Rio Verde e outras áreas de Goiás iniciaram o plantio com otimismo, projetando uma safra recorde, especialmente devido ao retorno das chuvas que há muito eram aguardadas. Segundo estimativas, em Goiás, cerca de 20% das áreas destinadas à soja já foram semeadas, superando as taxas de plantio do ano anterior.
Esse início promissor traz uma esperança renovada entre os produtores, como destacou Alexandre Baumgart, CEO das Fazendas Reunidas Baumgart, em Rio Verde. Com 25 mil hectares, as fazendas representam o que há de mais avançado em tecnologia no agronegócio da região. Para Baumgart, o início favorável do plantio sinaliza uma safra cheia, embora ressalte a preocupação com a possibilidade de chuvas em excesso no período de colheita. Essa irregularidade poderia afetar a qualidade da soja e encurtar a janela de plantio do milho, comprometendo a produção de ambas as safras em Goiás.
No âmbito da pesquisa e desenvolvimento, o Grupo Associado de Pesquisa do Sudoeste Goiano (GAPES) tem exercido um papel fundamental. Responsável pela introdução de novas tecnologias e técnicas agrícolas, o GAPES apresentou o impacto da pesquisa agrícola na produtividade e sustentabilidade local. Criado para apoiar o desenvolvimento dos produtores do sudoeste goiano, o grupo trabalha na orientação dos agricultores quanto ao uso de insumos e práticas sustentáveis, que ajudam a preservar os recursos hídricos e a reduzir as emissões de carbono, aspectos essenciais para o futuro do setor.
Durante a visita dos jornalistas, o GAPES destacou iniciativas que auxiliam o produtor na adaptação às condições climáticas variáveis, como o manejo integrado de pragas, a rotação de culturas e o uso de sistemas de irrigação mais eficientes. Esses métodos contribuem para um uso mais sustentável dos recursos naturais, além de otimizar a produtividade das lavouras em diferentes períodos sazonais. Ao introduzir técnicas inovadoras, o GAPES não apenas aumenta a rentabilidade dos produtores, mas também contribui para uma agricultura de baixo impacto ambiental, posicionando Goiás como um modelo de agronegócio sustentável.
No contexto do agronegócio goiano, a Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (COMIGO) se destaca pela sua estrutura de apoio ao produtor rural. Fundada em 1974, a COMIGO oferece suporte logístico, técnico e financeiro a pequenos e médios agricultores, consolidando a base econômica do estado. A cooperativa recebeu o grupo de jornalistas para uma visita que incluiu a apresentação de suas fábricas de fertilizantes, ração e produtos agrícolas, além de explicar seu compromisso com a inovação e a sustentabilidade.
O diretor financeiro da cooperativa, Warlen Freitas, afirmou que a COMIGO trabalha intensamente para fornecer aos produtores recursos tecnológicos que permitam a adaptação às mudanças do mercado. A cooperativa mantém programas de orientação técnica que ajudam os agricultores a maximizar a produtividade com menos impacto ambiental. “Buscamos sempre promover o equilíbrio entre a eficiência econômica e a responsabilidade ambiental”, disse Freitas, ao explicar o papel crucial do cooperativismo para a segurança alimentar e econômica de Goiás.
Com uma previsão de safra cheia, o agronegócio goiano se prepara para um impacto significativo na economia brasileira em 2024. No entanto, os desafios com o transporte e a energia se mostram presentes. Com o aumento dos custos de frete e a instabilidade do fornecimento de energia, os produtores enfrentam dificuldades logísticas e operacionais que podem afetar tanto o escoamento da produção quanto os custos finais dos produtos.
A expectativa dos produtores é de que os governos estadual e federal ampliem o suporte logístico, especialmente em estradas e infraestrutura de armazenamento. Esses são elementos essenciais para reduzir o impacto dos altos custos de transporte e garantir a competitividade do agronegócio goiano no mercado global. Além disso, a instabilidade na oferta de energia pode interromper processos importantes na produção e armazenagem, especialmente nas áreas mais remotas de Goiás, onde a energia elétrica ainda é escassa e as redes de distribuição carecem de manutenção.
Futuro do Agronegócio Brasileiro
A sustentabilidade é hoje um dos principais pilares das discussões no agronegócio, e Goiás, com sua representatividade, busca se destacar como referência. Os desafios das mudanças climáticas e da pressão por uma produção de alimentos com menor impacto ambiental são temas que permeiam as decisões estratégicas das organizações como o GAPES e a COMIGO. A aplicação de métodos que aumentam a eficiência no uso de água e reduzem a dependência de agrotóxicos se mostra fundamental para garantir a viabilidade do setor a longo prazo.
Com práticas como a rotação de culturas e o cultivo de plantas que favorecem a biodiversidade, os produtores rurais de Goiás estão na linha de frente de uma transição para uma agricultura mais resiliente e equilibrada. Este tipo de agricultura, mais harmonizada com o meio ambiente, é vital para que o Brasil, enquanto grande produtor mundial de alimentos, consiga responder à demanda crescente por práticas mais sustentáveis.
Perspectivas para a Safra de 2024
O agronegócio de Goiás, especialmente com a safra de soja 2024, mostra-se como um exemplo de adaptação e inovação no Brasil. O início positivo com as chuvas trouxe ânimo aos agricultores, mas as incertezas quanto ao clima e os desafios logísticos, como transporte e energia, ainda pairam sobre o setor. O esforço dos produtores, junto com o apoio técnico de entidades como o GAPES e a COMIGO, se apresenta como uma estratégia para garantir o sucesso dessa safra e fortalecer a posição de Goiás como um dos principais produtores agrícolas do Brasil.
A agricultura em Goiás representa uma grande oportunidade para o país, tanto econômica quanto ambientalmente. O sucesso das próximas colheitas será fundamental para o Brasil manter sua relevância no cenário global do agronegócio, ao mesmo tempo em que busca práticas sustentáveis que assegurem a produtividade com menor impacto ambiental.
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