“Não há como prever o quantas pessoas vão se encontrar e manter o distanciamento”

Equipe da Saúde de União da Vitória acredita que o avanço da Covid-19 e demais síndromes gripais só serão amenizadas com a conscientização da população


A gripe é uma doença antiga, descrita pelo médico grego Hipócrates em 412 a.C. Desde o seu primeiro diagnóstico, a população vinha demonstrando certo controle quando a doença dava as caras, principalmente no inverno. No entanto, a pandemia iniciada em março de 2020 tem assustado o mundo todo e levantado perguntas de um vírus para o outro.

Atualmente em rodas de conversas é comum ouvirmos sobre a gripe espanhola, também conhecida como gripe de 1918, que foi uma vasta e mortal pandemia do vírus influenza. De janeiro de 1918 a dezembro de 1920, infectou aproximadamente 500 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população mundial na época. Por outro lado, é citado também a gripe H1N1 que assustou muita gente por se tratar de uma doença causada por uma mutação do vírus da gripe. Também conhecida como gripe Influenza tipo A, ela se tornou conhecida quando afetou grande parte da população mundial entre 2009 e 2010.

Há quase dois anos na linha de frente da Covid-19 em União da Vitória, Ederson Vogel, enfermeiro da Vigilância Epidemiológica, lembra que os profissionais da Saúde não imaginavam a repercussão que a doença ganharia. Lembrou que em 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre vários casos de pneumonia na cidade de Wuhan, na República Popular da China.

Naquela ocasião, foi anunciado que se tratava de uma nova cepa (tipo) de coronavírus que não havia sido identificada antes em seres humanos.

“A equipe da Saúde de União da Vitória já vinha tratando de doenças infecciosas e transmissíveis e que afetam prioritariamente os pulmões, como a tuberculose; também a hanseníase que é uma doença infecciosa, contagiosa, e que afeta os nervos e a pele. Aí veio a Covid-19 e que virou o mundo de cabeça para baixo. Para nós, profissionais da Saúde, esse ínicio foi muito díficil ao qual dobramos os plantões e atendimentos à população”, disse.

Em 7 de janeiro de 2020 as autoridades chinesas confirmaram que haviam identificado um novo tipo de coronavírus. Vale lembrar que ao todo, sete coronavírus humanos (HCoVs) já foram identificados: HCoV-229E, HCoV-OC43, HCoV-NL63, HCoV-HKU1, SARS-COV (que causa síndrome respiratória aguda grave), MERS-COV (que causa síndrome respiratória do Oriente Médio) e o, mais recente, novo coronavírus (que no início foi temporariamente nomeado 2019-nCoV e, em 11 de fevereiro de 2020, recebeu o nome de SARS-CoV-2).

Esse novo coronavírus é responsável por causar a doença Covid-19.

“As autoridades de Saúde tem trabalhado muito e em conjunto com especialistas mundiais para aprender mais sobre o vírus, sobre como ele afeta as pessoas que estão doentes e sobre o tratamento”, acrescenta o enfermeiro.

Aumento de casos de Covid e síndromes gripais

De acordo com Ederson, o ano de 2022 teve um ínicio preocupante na área da Saúde. Aquela trégua que a pandemia parecia ter apresentado em dezembro do ano passado, certamente aliviou muita gente, porém, por outro lado, aproximou muito mais as pessoas, sem uso de máscara, durante o Natal e Ano Novo.

“Não há como prever o quanto as pessoas vão se encontrar e o quanto manterão o distanciamento. Sabíamos que os casos da Covid poderiam aumentar, porém não sabíamos quando e o quanto aumentaria. O número de casos varia muito conforme as pessoas veem as formas de prevenção e sobre como conduzem o distanciamento social. Tivemos as festas de fim de ano e as viagens de um estado para o outro. É cedo imaginar o fim da pandemia, mas eu adianto que eu sou otimista e que tudo isso vai passar. Neste momento é importante as pessoas olharem mais para o lado dos internamentos em hospitais, porque aumentou os casos em União da Vitória, porém não aumentaram os casos graves e, por isso, acreditamos que isso se deve a vacinação. A maioria dos pacientes em tratamento hoje tem apresentado casos leves ou moderados para a Covid ou para Influenza. Até o momento não temos internamentos no leito Covid na cidade”, pontuou o enfermeiro nesta quinta-feira, 13.

Até esta data, União da Vitória contabilizava 247 casos suspeitos da Covid-19, 108 casos confirmados ativos, 7.839 recuperados, 147 óbitos e 8.094 casos confirmados e registrados.

“Foi um aumento expressivo, pois no epicentro da Covid em 2020 realizávamos a coleta de 70 e 80 casos suspeitos da doença por dia. Nesta semana, a procura esteve entre 40 e 50 pessoas coletando para a Covid ao dia. Temos um número elevado de pacientes com suspeita da doença ou de síndromes gripais”.

A equipe de Saúde da vizinha Porto União também pede a conscientização das pessoas por conta do aumento de casos da Covid. Até o dia 13, a cidade contabiliza 129 casos, 326 ativos, 4.848 recuperados, 97 óbitos 5.271 casos confirmados desde o início da pandemia.

“O boom nos casos de Covid se deve às pessoas terem deixado de se proteger. A falta de cuidado pessoal compromete o coletivo”, afirma Marivaldos Reis, secretário de Saúde.

A preocupação de Marivaldo diz respeito a uma procura mais ampla ao serviço de internação e de UTI que dependerá muito do tamanho do surto, atingindo, principalmente os não vacinados ou com esquema vacinal incompleto. De acordo com ele, daqui algumas semanas será possível apresentar um panorama mais específico sobre a situação.

“Não quero alarmar ninguém, mas lhe digo: até quando a nossa resistência vai se opor a esse contágio intenso? Tempo é uma coisa que não temos e tudo isso pode colapsar o serviço de Saúde em menos de 30 dias. Pessoal, a prudência é o medo com sabedoria”, afirma.

O Brasil vive uma nova onda de casos da Covid com o avanço da variante Ômicron. Em meio ao aumento de casos do coronavírus, há também a epidemia de gripe, causada pelo vírus Influenza A/H3N2.

O secretário de Saúde de União da Vitória, Fernando Ferencz, teme vivenciar os momentos difíceis de 2021.

“Bem nessa época do ano aumentaram os casos de Covid em 2021, assim como as internações e os óbitos. As festas de fim de ano geram muita preocupação por conta das pessoas aglomeradas e sem o uso de máscaras. O que ocorreu foi um relaxamento das restrições para combater a doença. Até esta quinta-feira, 13, não contávamos com pessoas em situação grave por conta da Covid, ou seja, na UTI. Ao mesmo tempo temos a Influenza se disseminando e contaminando as pessoas. Procurem a UPA e realizem a testagem; é muito importante”, alerta.

Os testes para Covid em União da Vitória tem parceria com o Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen) e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná, que fica em Curitiba.


SINTOMAS E DIFERENÇAS ENTRE COVID E GRIPE

INFLUENZA

A gripe, como é chamada a infecção pelo vírus Influenza, apresenta sintomas agudos logo nos primeiros dias da doença.

  • Febre alta;
  • Calafrios;
  • Dores musculares;
  • Tosse;
  • Dor de garganta;
  • Intenso mal-estar;
  • Perda de apetite;
  • Coriza;
  • Congestão nasal (nariz entupido);
  • Irritação nos olhos;

COVID

A doença começa a evoluir a partir do 7° dia, podendo ou não levar a um quadro de insuficiência respiratória. A Ômicron, se comporta, mas evidências preliminares já sugerem que ela é mais transmissível que as demais cepas, embora também seja menos grave.

De acordo com pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, os sintomas da ômicron são “diferentes” das cepas anteriores do coronavírus e incluem:

  • Dor de garganta;
  • Dor no corpo, principalmente na região da lombar;
  • Congestão nasal (nariz entupido);
  • Problemas estomacais e diarreia.

No Brasil, as variantes delta e gama ainda são predominantes. Seus sintomas podem incluir:

  • Perda de olfato e paladar;
  • Dor no corpo;
  • Dor de cabeça;
  • Fadiga muscular;
  • Febre;
  • Tosse.

Fonte: Portal G1


PARANÁ

O secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, anunciou no dia 12, que o Paraná está em estado de epidemia da gripe Influenza. O aumento no número de casos diários de H3N2 (um tipo do vírus Influenza A) e óbitos em decorrência da doença levaram a esta decisão. A medida é necessária considerando a transmissão comunitária e a presença do vírus em 144 municípios do Estado.

Agora, 832 casos – sendo 805 residentes no Paraná e 27 de fora do Estado – e 12 mortes estão confirmados. Os dados foram coletados até esta terça por meio do Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL).


SANTA CATARINA

A Matriz de Risco Potencial Regionalizado divulgada no dia 8, aponta 15 regiões classificadas como risco potencial moderado (cor azul) e duas regiões no nível de risco alto (cor amarelo). Em um comparativo com o relatório divulgado na semana anterior, houve piora na Região da Grande Florianópolis e na Região Carbonífera, que antes estavam em risco moderado e agora estão em alto risco. As Regiões Meio Oeste e Nordeste, porém, melhoraram nos indicadores.


ENTENDA

  • Surto é quando acontece um repentino e inesperado aumento de casos de uma doença em uma determinada região, comunidade ou estação do ano.
  • Epidemiaé quando ocorrem surtos em várias regiões.
  • Endemiaé uma doença de causa e atuação local.
  • Pandemiaé a disseminação mundial de uma doença (epidemia). Ela pode surgir quando um agente infeccioso se espalha ao redor do mundo e a maior parte das pessoas não são imunes a ele. Em uma escala de gravidade, a pandemia é o pior dos cenários porque ela se estende a várias regiões do planeta.
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