“Nós bobeamos e é catastrófico”

Afirmação é do secretário de Saúde de Porto União sobre aumento de casos de Covid-19. Especialistas preveem um janeiro complicado também por conta da  influenza H3N2 e Ômicron

“No dia 31 de dezembro de 2020 tínhamos zerado os casos da Covid no Vale do Iguaçu. Você lembra? Estávamos sem casos ativos da doença respiratória. Porém, neste 02 de janeiro as coisas mudaram. Nós bobeamos e é catastrófico. Prevíamos que o epicentro do contágio por Covid se daria lá por 20 de janeiro, no entanto, houve uma antecipação em 15 dias. É hiper preocupante. A explosão de casos da doença atropela qualquer previsão pessimista que pudéssemos ter tido”.

O desabafo é de Marivaldo dos Reis Santa Isabel, secretário de Saúde de Porto União. Somente neste dia 06, até 14h30, o município havia registrado 88 casos positivos para a Covid-19, sendo a maioria assintomáticos. Segundo ele, o atual cenário epidemiológico do município é preocupante pelo avanço no número de casos positivos, superior ao epicentro da doença verificado em março, abril, maio e junho do ano passado, e que quase colapsou o sistema de saúde. Do início da pandemia até agora, Porto União contabiliza 4.799 recuperados, 97 óbitos e 134 casos suspeitos nesta quinta-feira.

Da mesma maneira que Porto União, a vizinha União da Vitória também não apresentava casos ativos da Covid até 31 de dezembro. Conforme o boletim de monitoramento da Secretaria de Saúde, nesta quinta-feira foram contabilizados 111 casos suspeitos; 60 confirmados ativos; 7.723 recuperados e 147 óbitos. Até o dia 06, foram 21 novos casos da doença.


Para Marivaldo, o “boom” nos casos de Covid se deve às pessoas terem deixado de se proteger. “A falta de cuidado pessoal compromete o coletivo.

Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou 133 mortes por Covid-19 – o total de vítimas é de 619.559. O número de novos casos confirmados é de 27.578, totalizando mais de 22.349. A média de casos está em alta pelo oitavo dia seguido.

Especialistas brasileiros (médicos e virologistas) preveem um janeiro complicado, com explosão de casos Covid, de influenza H3N2 (que é uma variante do vírus Influenza A, que é um dos principais responsáveis pela gripe comum e pelos resfriados, sendo facilmente transmitido entre pessoas por meio de gotículas liberadas no ar quando a pessoa gripada tosse ou espirra) e Ômicron (variante do SARS-CoV-2, o vírus que causa a Covid). A variante foi relatada à Organização Mundial da Saúde pela África do Sul em 24 de novembro de 2021.

A preocupação de Marivaldo diz respeito a uma procura mais ampla ao  serviço de internação e de UTI que dependerá muito do tamanho do surto, atingindo, principalmente os não vacinados ou com esquema vacinal incompleto. “Estamos deixando tudo na conta da vacinação. A vacina não evita o contágio; ela nos deixou resistentes”.

De acordo com Marivaldo, daqui algumas semanas será possível apresentar um panorama mais específico sobre a situação. “Até esta quinta-feira, contávamos com apenas um caso na enfermaria Covid. Não temos nenhum paciente na UTI Covid, felizmente. Não quero alarmar ninguém, mas lhe digo: até quando a nossa resistência vai se opor a esse contágio intenso? Tempo é uma coisa que não temos e tudo isso pode colapsar o serviço de saúde em menos de 30 dias. Pessoal, a prudência é o medo com sabedoria”, afirma.

O secretário de Saúde de União da Vitória, Fernando Ferencz, teme vivenciar os momentos difíceis de 2021. “Bem nessa época do ano aumentaram os casos de Covid em 2021, assim como as internações e os óbitos. As festas de fim de ano geram muita preocupação por conta das  pessoas aglomeradas e sem o uso de máscaras. O que ocorreu foi um relaxamento das restrições para combater a doença. Até esta quinta-feira, 06, não contávamos com pessoas em situação grave por conta da Covid, ou seja, na UTI. Ao mesmo tempo temos a Influenza se disseminando e contaminando as pessoas. Procurem a UPA e realizem a testagem; é muito importante”, alerta.

A diretora da 6ª Regional de Saúde (6ª RS), Paula Krzyzanowski, se pronunciará nos próximos dias sobre o assunto. Uma reunião com a Secretária da Saúde do Estado será realizada para tratar o avanço dos casos da Covid-19. “Obviamente nos preocupamos, desde o início e monitoramos diariamente a situação”.

Prevenção

Para Marivaldo, o “boom” nos casos de Covid se deve às pessoas terem deixado de se proteger. “A falta de cuidado pessoal compromete o coletivo. Muitos foram e voltaram do litoral para a virada do ano. Eu não sei como vai ser o amanhã. Nós temos que acender uma luz porque não temos ninguém em leitos de UTI até o momento”.

As principais recomendações para diminuir o risco de contrair a doença continuam sendo as mesmas: usar máscara, lavar as mãos ou usar álcool em gel, evitar aglomerações, mantendo o distanciamento, cobrir a boca com o braço ao espirrar e sempre deixar janelas abertas para circulação do ar em ambientes fechados.

Somente neste dia 06, até às 14h30, o município havia registrado 88 casos positivos para a Covid-19, sendo a maioria assintomáticos.

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