“Casa do Coronel Amazonas não irá a leilão”
Administração de União da Vitória declarou imóvel de Utilidade Pública
Construída em 1946, a Casa do Coronel Amazonas, localizada no distrito de São Cristóvão, em União da Vitória, não irá a leilão judicial. A notícia de um possível leilão, divulgada no início da semana passada, causou alvoroço entre os moradores do Vale do Iguaçu.
Em nota, a administração de União da Vitória confirmou a veracidade da informação e disse “que o referido imóvel já foi tombado pelo Decreto Nº 90/2003 e declarado como de Utilidade Pública pelo Decreto Nº 394/2021 pelo município, o que será informado no processo pertinente, com vistas a suspender o leilão designado”.
O prefeito Bachir Abbas se comprometeu em levar a demanda ao leiloeiro responsável juntamente de uma unidade paranaense. Segundo ele, o imóvel é um marco do município e a notícia de que a casa teria sido incluída na lista de imóveis que seriam leiloados gerou forte reação de entidades de defesa do patrimônio.
“Foi anunciada a existência de um leilão, porém seria de uma parte da casa da Família Amazonas. A administração de União da Vitória, em algum momento de sua história, que eu não sei dizer qual foi, não fez a documentação correta sobre o espaço, ou seja, uma parte da Casa Amazonas é do município e a outra parte é de uma pessoa física e, por isso, foi demandado o leilão judicial. Porém, podem ficar tranquilos que a administração já tomou as providências e a casa não irá a leilão. A possibilidade de ela (a casa) ir a leilão, é zero”, afirma.
De acordo com o prefeito, o setor Jurídico da administração verificou todas as possibilidades legais para impedir a ida do imóvel à leilão, pois neste caso, é um imóvel tombado, o que significa um ato administrativo realizado pelo poder público com o objetivo de preservar, através da aplicação da lei, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico e ambiental para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados.
Vai abrigar a pasta da Cultura
Bachir adiantou que a casa do Coronel Amazonas em breve irá abrigar a pasta da Cultura, que é atualmente comandada por Francielle Misturini.
“O espaço será muito bem aproveitado para usufruto da própria população por meio de atividades culturais”.
Lembrou que o imóvel também contempla um projeto de restauração em sua estrutura interna, externa e a parte elétrica, baseada na sua arquitetura original, tudo para preservar as suas características; a casa é azul e toda de madeira. A empresa que venceu o processo licitatório foi a Construtora Alvir Lopes Ltda. e os serviços iniciaram em setembro do ano passado.
Resgate histórico e cultural
A Casa Vila Maria, como é chamada, pertenceu à família do Coronel Amazonas. Por conta disso, a secretaria de Cultura iniciou recentemente uma pesquisa e uma série de entrevistas sobre a história da família pioneira da região para compor o acervo histórico de União da Vitória.
Francielle Misturini está no comando da pesquisa e já adiantou que o acervo estará a disposição de toda a comunidade, na avenida Abilon de Souza Naves.
“Uma das pessoas com quem estamos conversando é a bisneta do Coronel Amazonas, a dona Maria Aparecida Marcondes, ela tem detalhes riquíssimos sobre a nossa história e também disponibilizou obras de arte que já estiveram na Casa Vila Maria”, acrescentou juntamente de sua assessoria de Comunicação.
De acordo com o colunista de O Comércio e membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), Odilon Muncinelli, a Casa do Amazonas também conhecida como a casa de cor azul, foi construída no ano de 1946 e esta residência seria uma segunda casa com as mesmas caraterísticas da que foi destruída no ano de 1880.
“Na verdade, quem residia lá era o filho do Coronel Amazonas, o jovem Amazonas Marcondes Filho, mais conhecido como Amazoninhas, que era casado com Sarah Pimpão Marcondes, e uma das provas que afirma que a residência era do filho do Coronel Amazonas são as iniciais que tem na fachada da casa “AMF”, de Amazonas Marcondes Filho. O casal tinha três filhas: Maria Josefa (a Mimi), Maria Júlia e Maria da Conceição, as três Marias, daí a origem da denominação Vila Maria”.
O Coronel Amazonas de Araújo Marcondes era filho de Francisco Inácio de Araújo Pimpão e de Maria Josefa de França. Natural da cidade de Palmas, é considerado o fundador de Porto União da Vitória (desmembradas, anos depois, em União da Vitória e Porto União) e fundador da cidade de Porto Amazonas (antigo porto de Caiacanga).
Também foi deputado estadual por várias legislaturas, prefeito de União da Vitória por quatro mandatos e participou da Comissão dos Limites Brasil-Argentina. O Coronel Amazonas de Araújo Marcondes faleceu aos 77 anos, no dia 23 de dezembro de 1924. Seu nome é homenageado na área central de União da Vitória, por meio da praça Coronel Amazonas de Araújo Marcondes.
Patrimônio tombado
A casa do Coronel Amazonas é um patrimônio tombado ao “Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Município de União da Vitória”, conforme Decreto Nº 90 de 27 de agosto de 2003. Em 2005 o espaço foi cedido para a Faculdade Estadual de Filosofia Ciências Letras – atualmente Universidade Estadual do Paraná (Unespar) campus de União da Vitória – por comodato, por dez anos, com o objetivo de ser transformado em um Arquivo Histórico. No dia 08 de agosto de 2012, a Unespar rescindiu a cessão em comodato e devolveu a casa ao município.
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