Músico do Vale do Iguaçu compõe trilha sonora para filmes nos EUA
Orquestra de um homem só. Talvez essa seja a melhor definição para o união-vitoriense Guilherme Senff dos Santos, músico que, com 23 anos, compõe trilhas sonoras para peças audiovisuais utilizando um teclado, um controlador e um monitor de estúdio. Esses três itens, aliados à criatividade de Guilherme, são praticamente todas as ferramentas necessárias para a criação de músicas que, aos ouvidos, soam como uma banda completa.
O interesse de Guilherme pela música veio desde a infância, quando começou a frequentar a fanfarra da escola Coração de Maria, por volta dos 7 anos. Primeiro, começou a tocar o atabaque, após uma ajuda do pai, Arion Marcelo dos Santos. “Ele teve que cortar o atabaque no meio, porque eu era tão pequeno que não conseguia segurar”, lembra.
Com o tempo, progrediu e passou a tocar outros instrumentos, como a caixa. Mas sua verdadeira paixão foi a bateria. A influência veio principalmente da banda Roupa Nova, grupo que costumava ouvir com os pais. Certo dia, em um show da banda em Canoinhas (SC), Guilherme recebeu as baquetas do baterista Serginho Herval, algo que o impulsionou a aprender o instrumento. “Foi como um incentivo para mim”.
Começou, então, a fazer cursos em Florianópolis (SC). Depois, não demorou muito para que Guilherme começasse a tocar em bandas do Vale do Iguaçu, seja com amigos, familiares, na Igreja e também em orquestras. Atualmente, é baterista da Outside Band, como hobby.
Composições
Quanto mais vivia a música, mais Guilherme se interessava por ela. Via nascer, então, a curiosidade pela produção musical. No início foi autodidata, buscando na internet tudo o que desejava aprender sobre o assunto. O apreço pela área foi tanto, que Arion construiu, dentro de casa, um estúdio para o filho.
Durante suas pesquisas de estudo, Guilherme encontrou o canal de Filipe Leitão, professor de trilha sonora nos Estados Unidos. Resolveu, então, participar de um concurso feito por Filipe, conquistando o primeiro lugar e, com isso, ganhou um curso de orquestração ministrado pelo professor, onde aprendeu a orquestrar instrumentos virtuais para que estes soem como reais.
Enquanto estudava, Guilherme desenvolveu seu portfólio de trilhas sonoras para filmes, criando músicas de diferentes estilos e gêneros. À medida que suas habilidades melhoraram, o músico continuava a estudar. Por duas vezes participou de um curso avançado de composição, o Trilha Sonora Experience, em São Paulo.
Com um portfólio consolidado e diversificado, conseguiu seu primeiro cliente, por meio do Instagram. Cesar Rendon, um jovem cineasta dos Estados Unidos, entrou em contato com Guilherme pela rede social após se interessar pelas composições postadas pelo união-vitoriense. Surgiu então uma parceria, que já rendeu o curta-metragem Within Quiet Tides, escolhido como melhor de sua categoria no San Pedro International Film Festival e também na Lift-Off Global Network. A dupla já está produzindo um segundo curta-metragem. Também estão planejando um terceiro, além de um primeiro longa metragem.
Para produzir as trilhas sonoras, Guilherme lê o script do filme e analisa trilhas de referência enviadas pelo diretor. A partir daí começa a produzir. Suas grandes inspirações na área são Hans Zimmer (compositor de trilhas de filmes como Gladiador, trilogia Batman) e John Williams (Tubarão, Star Wars, Jurassic Park, Harry Potter).
Hoje, anos após o início de sua jornada, Guilherme é enfático ao dizer que sua participação na fanfarra foi o que o ajudou a construir interesse pelos instrumentos musicais. “Por isso acho importante o incentivo em bandas e fanfarras na região. Isso pode despertar um dom nas crianças e fazer com que elas vivam disso”, aponta.
Formado em ciências aeronáuticas, Guilherme é piloto comercial, mas no momento não atua na área. “Fico dividido entre essas duas paixões, por enquanto é na música que estou me dando melhor”, comenta. Agora, seu grande sonho é criar trilhas para produções de Hollywood, como um de seus amigos compositores. “Ele, de certa forma, está sendo uma referência para mim, para acreditar que não é porque você é brasileiro que não pode chegar em Hollywood”.
Voltar para matérias