Professora do Vale do Iguaçu é destaque em prêmio nacional de literatura

Luana Thaísa Portella, professora de língua portuguesa no Vale do Iguaçu, foi destaque na categoria Conto na edição de 2024 do concurso Off FLIP de Literatura, uma das principais premiações literárias do Brasil. A história escrita por Luana, intitulada Das Indisposições Heraclitianas, foi selecionada entre 727 submetidas à avaliação da comissão julgadora e fará parte da coletânea do prêmio. O lançamento está previsto para julho deste ano.

Professora do Vale do Iguaçu é destaque em prêmio nacional de literatura

Professora Luana em sala de aula. Foto: Arquivo pessoal

Essa não foi a primeira vez que Luana teve textos selecionados pelo Selo Off FLIP. No ano passado, incentivada pelo escritor e amigo, Sylvio Massa de Campos, a professora submeteu obras nas categorias conto, crônica e poesia para compor a antologia NÓS, destinada a escritoras mulheres. Após o crivo de uma banca especializada, Luana foi selecionada nas três categorias, e recebeu uma menção de destaque com a crônica Capibaribe-Iguaçu. A professora também teve trabalho selecionado para compor a coletânea de Natal da editora, novamente como escritora destaque, com a crônica Ligustro. “Esse reconhecimento despertou em mim algo há muito abstraído e me estimulou a participar do Off FLIP”, comenta.

Para escrever, Luana busca inspiração na leitura, tanto de livros quanto das pessoas à sua volta. Esse olhar apurado para os personagens que compõem seu dia a dia também está presente no conto Das Indisposições Heraclitianas. “Escrevo bastante, observo, pesquiso. Gosto de conversar com desconhecidos no ônibus, na frente da igreja, na praça, na sala de espera do médico, na fila do mercado. Escrevo e anoto muito, mas isso não é a literatura de fato. Literatura é também isso, mas é, sobretudo, o trato artístico que se dá para a palavra. Então prefiro escrever pouco, contos e crônicas, e polir a linguagem. (…) Esse conto em especial, da Off FLIP, poderia ter um viés de Kafka ou Murilo Rubião, mas é imantado por conversas no ponto de ônibus e crendices populares que permeiam minhas observações cotidianas, as quais tanto valorizo”.

Amor pela literatura

Formada em Letras, mestre em Literatura e, atualmente, doutoranda, Luana conta que gosta de criar histórias desde criança. A formação escolhida foi mais um passo no caminho que começou a trilhar ainda pequena, por incentivo familiar. O pai, apesar de não ter o ensino fundamental completo, escrevia músicas e lia para a filha as obras de Câmara Cascudo, importante folclorista brasileiro. A mãe, professora, sempre trazia livros de arte para Luana.

Atualmente, além de lecionar, Luana também desenvolve projetos como o Textos da Serra, no qual os participantes escrevem e ilustram um livro por ano. Também faz parte de um grupo de teatro, que já encenou peças como O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna; O Alienista, de Machado de Assis; Gato Preto, Barril Amontillado e A Máscara da Morte Rubra, de Edgar Allan Poe; Romeu e Julieta, de Shakespeare; Travesseiro de Penas, de Horácio Quiroga; Uma Vela Para Dário, de Dalton Trevisan; Ex-mágico Da Taberna Minhota, de Murilo Rubião; Diante Da Lei e Metamorfose, de Franz Kafka, entre outros. A professora também faz parte da Pós-Graduação – especialização de especialização em Literatura e Ensino – da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), campus de União da Vitória, onde leciona disciplina sobre identidade e alteridade na literatura da América Latina.

Para Luana, a literatura permite que o público explore sua humanidade e compreenda o mundo ao seu redor exercendo a capacidade de reflexão crítica, visto que diferentes histórias apresentam diferentes pontos de vista sobre cultura, períodos históricos e realidades sociais. “Literatura é a arte que possibilita compreender a si mesmo e, ao menos, conhecer o outro, pois o leitor é retirado de seu lugar habitual e transposto ao universo da subjetividade em que pode ter, viajar, fugir, experimentar ou, simplesmente, estar. Literatura é feita do humanitário, por isso ela define e contempla toda a história e toda a filosofia da humanidade a partir da palavra. Literatura é um direito humano, nos termos do crítico-literário Antônio Cândido. Em resumo, a literatura é um direito humano porque nos permite explorar nossa humanidade, desafiar nossas ideias preconcebidas, preservar nossa história e promover a justiça social. Ela é essencial para uma sociedade livre e democrática, e devemos garantir que todos tenham acesso”.

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