Alunos de Porto União desenvolvem cadeira de rodas motorizada de baixo custo
Mais uma vez, alunos de Porto União são destaque em feiras de tecnologia. Na quinta-feira, 07, os primos Sabrina Dasko, de 16 anos, e Rafael Dasko, de 17, conquistaram o terceiro lugar na categoria ensino médio da XVI Feira Estadual de Ciência e Tecnologia (Fecitec), realizada em Criciúma. A dupla, orientada pelo professor Luiz Roberto Cuch, representou o município e a EEB Professor Balduíno Cardoso com a criação de uma cadeira de rodas motorizada e automatizada de baixo custo.
Cursando o primeiro ano do ensino médio, a ideia de desenvolver a cadeira de rodas partiu da participação de uma feira interna do colégio, com o tema acessibilidade e sustentabilidade. Sabrina e Rafael, ao lado dos colegas Ruan, Riquelme e Samuel desenvolveram o equipamento a partir de materiais reciclados. O assento é feito de uma cadeira escolar. A parte de tecnologia ficou ao encargo do uso de uma placa programável Arduíno.
A criação, segundo a equipe, permite a construção de uma cadeira de rodas motorizada por um preço muito mais acessível do que a praticada no mercado. “Esse tipo de cadeira já existe, mas ela custa muito caro, na média de 10 mil reais. Criamos essa cadeira tentando diminuir o preço dela o máximo que a gente conseguisse. Fizemos ela custando o total de 2 mil reais. Como fizemos isso? Utilizamos materiais reciclados e a gente conseguiu diminuir muito o preço dela, deixando muito mais acessível”, comenta Sabrina.
“Visando baixar o custo da cadeira, usamos uma tecnologia chamada Arduíno que é uma placa de prototipagem de baixo custo, onde a gente, ao invés de comprar uma controladora, que é muito mais caro, usamos essa plaquinha Arduíno e programamos ela para controlar os movimentos da cadeira. A placa em si é muito mais barata, ela custa mais ou menos 60 reais”, completa Luiz.
Além de mais barata que as cadeiras de rodas motorizadas convencionais, a criação da equipe de Porto União também permite maior personalização no controle do equipamento, por conta das funcionalidades do Arduíno. De acordo com o professor, a cadeira possui sensores de obstáculos, que avisam o usuário sobre percalços no caminho, evitando a ocorrência de acidentes. Outro diferencial é a possibilidade de controle por meio de aplicativo, ao invés do uso exclusivo de joysticks como em muitas cadeiras comerciais, que dificultam a utilização de pessoas com pouca ou nenhuma mobilidade nas mãos. Nas versões futuras da cadeira, há ainda a intenção de instalar um sensor giroscópio, permitindo que o usuário, com pequenos toques de membros como pés ou cabeça, controle o equipamento. “Então, essa cadeira se encaixa no movimento bem famoso que é o DIY, que é o Do It Yourself. Na tradução é faça você mesmo. Então a gente vai documentar isso para que as pessoas que queiram montar a sua própria cadeira tenham um acesso à documentação explicando que peça que a gente utilizou, como que foi montado, para que a pessoa, mesmo que não tenha tanto conhecimento na área, mas tenha interesse, ela consiga montar sua própria cadeira”, explica o professor.
Após a realização de testes em rua para determinar a estabilidade da cadeira e aplicação de melhorias, o equipamento será doado. Dessa forma, a equipe busca auxílio financeiro para que a criação possa ser multiplicada e ajude mais pessoas. “Para montar essa cadeira, a gente teve esse investimento em 2 mil reais, que foi o que a gente gastou em peças, e a gente pretende melhorar ela, então a gente está agora em fase de melhorias para que a gente consiga, de fato, comprovar que a gente consegue baixar muito valor dessa cadeira para que a pessoa consiga ter acesso. Então a gente inclusive está buscando apoiadores para esse projeto para que a gente consiga fazer mais versões dela, novas versões melhoradas e também a gente fazer e distribuir para as pessoas que realmente precisam”, relata Luiz.
Para os alunos, o sentimento que fica é de satisfação, tanto pela conquista do terceiro lugar, quanto pela possibilidade de ajudar pessoas. “Foi uma experiência inesquecível. A gente conheceu pessoas de diferentes cidades do Estado inteiro, foi muito divertido cada momento vai ser guardado”, destaca Rafael.
Conquistas
Em agosto deste ano, os alunos Guilherme Alves Bardella, Julia Roberta Costa e Thamara Aquino, também da EEB Professor Balduíno Cardoso e orientados por Luiz, conquistaram o segundo lugar na etapa catarinense da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), com o desenvolvimento de um touro robô. Para o professor, essas conquistas são fruto do esforço dos alunos e de toda a comunidade escolar. “É um reconhecimento de um trabalho que está sendo desenvolvido pela escola. Na OBR, fomos segundo colocados na etapa estadual, classificamos para a nacional, mas infelizmente, por condições financeiras, a gente não pode ir à Goiânia representar o estado. Esse é o segundo projeto nosso, e que foi o terceiro lugar na feira estadual. Então a gente foi campeão na etapa regional, que envolve Canoinhas, Irineópolis e Três Barras, e ficamos em terceiro lugar na fase estadual. O terceiro colocado pode parecer “ah, é só o terceiro lugar” mas entre 500 projetos do ensino médio, ficar entre os três melhores é muito gratificante”.
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