“O tempo se escorrega despretensiosamente, não há força que segure por mais que a gente tente, cada minuto pra trás foi um que andou pra frente. E mesmo correndo doido nesse galope feroz, vez por outra ele amansa e deixa de ser algoz, inté parece que diz: Dá tempo de ser feliz, pois nunca é tarde pra nós. Nunca é tarde pra viver eaprender com a vida.

[…]

Nunca é tarde pra sonhar com algo quase impossível e entender que a esperança nem sempre será visível. Nunca é tarde para o fraco se tornar um imbatível.

[…]

O tempo é um segredo, acredite, é muito cedo pra dizer: Tarde demais.”

As frases da poesia “Nunca é Tarde”, de Bráulio Bessa, em muito se parecem com a poesia da vida real de Oswaldo Catardo, um homem de boa prosa.

Oswaldo é inteligente e toda a sua enciclopédia é composta pela vida. Inquieto e apaixonado pela sua família, o morador do bairro São Bráz, em União da Vitória, conquistou no dia 18 de fevereiro mais um feito na sua história. Desde então o seu nome vem ecoando nas rodas de conversas do Vale do Iguaçu.

Aos 80 anos, o funcionário do Ministério da Defesa aposentado, concluiu, com esforço e dedicação, o curso de Direito na Universidade do Contestado (UnC), Campus de Porto União. Ao realizar esse sonho, Oswaldo contemplou a grade curricular do curso ora presencialmente, ora de maneira remota por conta da pandemia do coronavírus.

O mais novo bacharel em Direito fez questão de falar sobre os desafios enfrentados e vencidos ao longo dos cinco anos de curso.

“Foi em 1970 quando me despertou o gosto para terminar o conhecido Segundo Grau, que dava, na época, o direito de ingresso na faculdade. Foi então que por motivos particulares e financeiros não pude seguir em frente. Tentei a Faculdade de Direito em São Paulo, mas não cheguei ao fim. São coisas da vida que vão acontecendo, não é?”

A aposentadoria de Oswaldo aconteceu em 1990. Sua dedicação sempre foi com a parte administrativa com foco em legislação. “Meu amigos sempre me incentivaram para cursar Direito. Eles vinham e falavam que eu tenho facilidade no entendimento das leis”.

Em 2010, Oswaldo somou outra especialidade: Técnico em Prótese Dentária. “A ociosidade é a pior coisa que existe e porque não tentar agora o curso de Direito?”

O aposentado retomou os estudos na terceira idade. Foi então que Oswaldo preparou a sua mochila e foi até o Campus da UnC de Porto União. “Nem tudo foi fácil e foram vários desafios. A minha esposa tinha problemas de saúde e tive dificuldade para concluir alguns semestres pelo fato de cuidar dela. Mas eu não desisti. Consegui alcançar o meu objetivo, que foi a conclusão no ensino superior”.

Dados da Associação Nacional das Universidades Particulares (ANUP) revelam que em torno de 27 mil idosos fazem cursos universitários no Brasil, segundo o Censo de Educação Superior de 2019, o mais recente disponibilizado pelo Ministério da Educação. Mesmo sem estatísticas atuais, a expectativa é de que o fenômeno tenha crescido com a pandemia.

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“Feliz pela vitória”

Para o Coordenador do Curso de Direito na UnC – Campus de Porto União, Marcelo José Boldori, Oswaldo é um exemplo de que é possível realizar sonhos. “Dentre os formandos na solenidade do Curso de Direito e que merecem os nossos parabéns, o seu Oswaldo chamou a atenção pelo fato dele ter uma idade acima da média dos nossos alunos. Ele colou grau com louvor. Ele foi um aluno dedicado e que serviu de exemplo aos demais. Ele nos ensinou tanto o quanto ele aprendeu pela sua experiência. Estamos aguardando o seu Oswaldo para a pós-graduação aqui conosco. Tenho certeza de que ele irá continuar com a sua carreira acadêmica. Esperamos vê-lo novamente nos bancos escolares da UnC. Desejamos ao senhor muito sucesso e felicidade nessa nova etapa da sua vida”, afirma.

Feliz pela vitória, Oswaldo agradeceu o carinho dos professores e também dos colegas de profissão. “Nunca desistam de alcançar os seus objetivos. Enfrentem as dificuldades que aparecerem e sigam em frente. Eu me dei muito bem com os jovens da minha sala porque o meu espírito é jovem. Eu não pretendo parar de estudar”.

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Oswaldo Catardo 

Idade: 80 anos

Nascimento: 20 de julho

Natural do interior de São Paulo. Mudou-se para União da Vitória em 2005 por conta de sua esposa Carolina Mazur Catardo  (falecida há quatro anos).

Pai de Marcia Regina (mora atualmente na Flórida) e Marcos (mora atualmente em São Paulo).

Avô de Roberto, Tiago e Lucas.

Bisavô de Andrews, Alexandra e Gustavo.

Hobby

livros, em especial de história

Expectativa

Passar na prova da OAB e buscar especializações na área

Pensamento:

“O que envelhece é o corpo e não a mente. A mente precisa estar sempre ativa. Eu me considero uma pessoa muito jovem e com a mesma mentalidade. Não vejo diferença entre a minha idade de 30 e a de 80 anos”.

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