“A economia de SC dará um salto nos próximos meses”
Sérgio Rodrigues Alves
Presidente da Facisc
Presidente de uma das maiores entidades empresariais do Estado, a Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), Sérgio Rodrigues Alves acompanha de perto e in loco o crescimento da economia catarinense. Ele tem visitado várias regiões e afirma com propriedade que SC dará um salto nos próximos meses. Essa visão otimista do empresário também reflete os números da economia catarinense. O crescimento acelerou no primeiro trimestre de 2021. O Produto Interno Bruto (PIB) catarinense cresceu 2,9%, em 12 meses encerrados em março deste ano, frente ao mesmo período. Os dados são do Boletim de Indicadores Econômico-Fiscais de SC do mês de junho, divulgado pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDE). Alves têm propriedade para falar do assunto. Foi secretário de Estado da Fazenda e presidente da Celesc.
Nesta entrevista exclusiva à coluna Pelo Estado, Sérgio Rodrigues Alves, além da economia catarinense, fala sobre os 50 anos da Facisc, que congrega mais de 34 mil empresas, e sobre turismo como força motriz da economia. Confira:
O senhor esteve recentemente em várias cidades de Santa Catarina. Como vê esta questão do crescimento em Santa Catarina?
É muito diferente quando estamos próximos às diferentes realidades do nosso estado. Estive no Oeste e Extremo Oeste e vi que a economia está a todo vapor. Nossa economia está bombando. Podem tentar desestabilizar politicamente, mas ninguém segura nosso potencial agrícola e empresarial. Temos falta de mão-de-obra em todas as regiões, resultados acima dos esperados até nas estatais e empresas públicas. Nossa economia está em plena ascensão e não tenho dúvida disto. Imaginem quando conseguirmos evoluir nas reformas administrativas e tributárias que segundo o presidente da Câmara devem ser votadas este ano, nada vai segurar este país. Santa Catarina será outra no pós-pandemia. Além de confirmar números, constatar de perto e ouvir os que fazem de Santa Catarina este estado tão promissor, e, ser otimista faz muito bem para a saúde. Temos muitas carências em infraestrutura, mas arregaçamos as mangas e fazemos acontecer. No Sul e Extremo Sul do nosso estado não é diferente.
O senhor está à frente de uma entidade que congrega mais de 34 mil empresas e 148 associações empresariais. A Facisc acaba de completar 50 anos. Quais são os principais nortes da Federação?
A Facisc atua em alguns eixos. Atuamos com a representatividade dessas 34 mil empresas nos mais diversos setores. Atuamos na defesa dos interesses da classe empresarial, e aí englobamos assuntos que vão desde tributos até infraestrutura. Na sua trajetória, a Federação tem atuado em prol do desenvolvimento sustentável de Santa Catarina. Defende os anseios da classe produtiva e tem como principais bandeiras a luta contra a alta carga tributária e a justa distribuição dos tributos, a melhoria da infraestrutura e já encampou batalhas históricas como a duplicação da BR-101 e continua na disputa por outras rodovias como as BRs 470, 280, 282 e tantas outras. A estruturação de portos e aeroportos também está sempre no radar da entidade, como os casos dos aeroportos de Navegantes, de Chapecó, Lages e Caçador, os portos de Imbituba, Itajaí, São Francisco do Sul e Itapoá e a Ferrovia do Frango, essenciais para o desenvolvimento catarinense. Este ano, a entidade está atuando fortemente pela construção da ponte que liga Santa Catarina, em Itapiranga, ao Rio Grande do Sul, além do Porto Seco em Dionísio Cerqueira.
“A economia de Santa Catarina está em plena ascensão e não tenho dúvida disto. Imaginem quando conseguirmos evoluir nas reformas administrativas e tributárias ”.
A Facisc vem atuando fortemente em um dos segmentos mais importantes para a economia catarinense, o turismo. Como a entidade vê a retomada do setor?
Temos que nos preparar num ciclo turístico pós-pandemia. Nossa força está justamente em pensarmos no todo. Pensar de forma coletiva. O turista que vai para uma região quer ser contemplado em várias frentes como gastronomia, hotelaria e atrações turísticas. Temos um Programa chamado Del Turismo que é uma alternativa para que se faça o planejamento e a gestão do turismo nas cidades. A ideia é estruturar o turismo não na visão do turista, mas na visão de quem vive na região. O Del turismo é baseado nos eixos norteadores para um turismo sustentável, como gestão do destino, cultura e tradição, natureza e paisagens, ambiente e clima, bem estar social, negócios e hospitalidade. O programa já estruturou o turismo em nove cidades de Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Trabalhando a gestão de turismo baseada no fortalecimento das estruturas já existentes como os conselhos de turismo, na criação das câmaras técnicas, que resultam em estudos estruturados para criação e implementação do Plano de Turismo Municipal. Em 2019 o Ministério do Turismo foi o que mais atuou em infraestrutura no Brasil. As cidades que participam do Del Turismo já alcançaram premiações no Green Destinations, um dos maiores reconhecimentos ao turismo sustentável do mundo. Facisc é líder no player do turismo no Brasil. Somos reconhecidos pela Alemanha pelo trabalho que fazemos no Del Turismo. Santa Catarina tem uma carência muito grande em infraestrutura e sabemos que é imprescindível para o desenvolvimento do turismo.
A Facisc apoia a Reforma da Previdência em Santa Catarina. Qual a importância desta Reforma para o nosso estado?
A Reforma é justamente para que Santa Catarina não se transforme em mau exemplo. O déficit da previdência está tirando recursos de outros setores que precisam de investimento. A cada R$ 1 real arrecadado com ICMS líquido pelo Estado, R$ 0,48 vão para a previdência. Em 2019, ela consumiu 10 vezes o valor que foi destinado à Agricultura. Precisamos urgentemente reduzir o déficit para que esses recursos sejam investidos em educação, saúde e infraestrutura. Fazer esta reforma é um ato de responsabilidade dos nossos governantes. Não podemos correr o risco de no futuro sermos aquilo que nós vimos acontecer mundialmente com a Grécia, suspendendo o pagamento dos seus aposentados. Esta reforma não será a primeira e não será a última, mas é importante neste momento.
“A Facisc atua em prol do desenvolvimento sustentável de SC. Defende os anseios da classe produtiva e luta contra a alta carga tributária e a justa distribuição dos tributos”.
A Federação já há muitos anos o Projeto Voz Única. O próximo ano será um ano eleitoral, a Federação tem planos para um novo projeto deste?
Sim, a Facisc já realiza o Voz Única desde 2010. Sempre nas eleições para presidente, governador, senadores, deputados federais e estaduais. É um programa que ajuda a entender o que nosso estado precisa para crescer e se desenvolver, levantando as dificuldades e reais necessidades. Queremos disponibilizar à sociedade uma ferramenta que oriente e informe as demandas de SC do ponto de vista empresarial de forma sistematizada, acessível e participativa, bem como o status dos esforços da classe política para atender essas necessidades. Esse conteúdo é organizado pelas Associações Empresariais do Sistema Facisc, e integra uma importante cartilha chamada “O que SC precisa”. Para se ter uma ideia, com este material, conseguimos levantar que 47,15% das necessidades levantadas pelo empresariado são relacionadas à infraestrutura, por isso falamos tanto no assunto e atuamos de forma propositiva. Já o seguinte item é política e gestão pública com 13,53%. Então, se conseguimos provar com números o que ouvimos na ponta, direcionamos cada vez mais nossos esforços para juntos buscarmos soluções aos impasses. É o caso do Aeroporto de Navegantes, que tanto falamos, da construção da ponte entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em Itapiranga, e na questão do Porto Seco em Dionísio Cerqueira.
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