Claudio Zini: “Todos na Pormade são estrategistas capazes de tomar decisões”

A Pormade é uma empresa referência e líder de mercado na produção de portas. Além disso, se destaca, também, pela cultura da inovação e da educação, muito encorajada pelo CEO, Claudio Zini. Em mais uma demonstração de incentivo ao aprendizado, a Pormade lançou, no início do mês, o projeto “Portas Abertas para a Leitura”, que consiste na interpretação de obras literárias pelos gestores comerciais da empresa.

Claudio Zini: Todos na Pormade são estrategistas capazes de tomar decisões

Claudio Zini. Foto: JOC

As interpretações são disponibilizadas semanalmente, às quartas-feiras, no canal da empresa no youtube. Nesta primeira temporada, o livro escolhido para o projeto foi “Paixão por vencer”, de Jack Welch. Serão 20 episódios, um para cada capítulo da obra. Para saber mais sobre o projeto, conversamos com Claudio Zini. Confira:

Jornal O Comércio (JOC): Claudio, fale sobre o projeto “Portas Abertas Para a Leitura”.
Claudio Zini (CZ): Nós fazemos, há muito tempo já, palestras. Antes fazíamos na quinta-feira, e agora passamos para a quarta-feira, às 07h30 da manhã. É uma coisa que fazemos também online, com o pessoal de fora. Aí pensamos: já que estamos fazendo com o pessoal de fora, com nossas 60 lojas participando, por que não participar aqui com o pessoal das cidades de Porto União da Vitória? Porque educação, desenvolvimento de pessoas, conhecimento, produz dinheiro. E aí resolvemos fazer.

JOC: Do que que se trata o projeto? O que se pretende a partir dele?
CZ: É para tornar todas as pessoas empreendedoras. Mas como eles estão dentro da empresa, então aí o termo é intraempreendedor. É ter [a intenção de] que todos sejam CEOs. O CEO é o C de curioso, E de entusiasmo e O de otimista. Na Pormade nós [acreditamos que] a maior qualidade de um colaborador é ser um resolvedor de problemas. E o livro que estamos lendo agora, por exemplo, é do Jack Welch, que foi considerado o executivo número um do século 20. Esse livro, parece que é de 2003, nós temos ele na Pormade já há uns 15 anos, e nós fazemos assim: sempre que eu leio um livro bom do Gary Ramey, do Tom Peters, Peter Drucker, um livro de gestão, eu leio o livro, se eu gostei do livro a gente compra, digamos, 20 livros. E a gente não dá o livro, a gente vende, mas pela metade do preço. Se o cara paga, ele lê. E se foram os 20 livros, a gente compra 40, dobra. Se os próximos 40 foram todos vendidos na Pormade, a gente compra 80, depois 160, a gente sempre dobra. E é bacana quando o colaborador compra pela metade do preço, e vende para um colega ou dá de presente para alguém, aí ele passa a discutir esse tema com o amigo dele, com o parente que ele deu o livro de presente. E você começa a pôr aquilo em prática.

O livro do Jack Welch, que estamos lendo atualmente, ele pôs toda a vida dele lá. Eu já li o livro umas quatro vezes, mas sublinhando, riscando. Também tem palestra no YouTube de uma hora e meia. Não me lembro do título agora. Legendado, você não precisa nem falar inglês. O Jack pôs naquele vídeo dele tudo o que ele sabia. Então eu digo assim, hoje em dia está fácil adquirir conhecimento. E às vezes eu estou vendo ele no YouTube e eu digo assim: Jack, agora dá uma paradinha que eu vou tomar um café, eu vou descansar, ou continuamos amanhã, e os dias seguintes ele continua comigo. A informação foi democratizada. Está horizontal. Antigamente, ficava com quem? Com as grandes universidades. Era vertical a informação. Hoje, às vezes, está na mão, no celular de uma adolescente, no bolso dele.

JOC: Por que escolheu o livro Paixão por Vencer para a primeira temporada do projeto?
CZ: Mais porque estava em prática agora. Porque nós estávamos com ele agora. Por isso que iniciamos com ele. Mas é de ter uma cultura. Os valores da Pormade são assim, por exemplo, desobedecer para fazer o melhor. Isso aqui, inclusive, os nossos valores são do tipo de uma startup. A Pormade é uma startup. Se nós estamos lá em 1.250 colaboradores, não digo que tenha 1.250 startups, porque nem todos têm esse pensamento de intraempreendedorismo lá dentro. Mas umas 500 startups acho que nós temos. E uma startup é livre. Ela faz o que quer. Então o terceiro valor nosso é desobedecer para fazer o melhor. Nós funcionamos com uma empresa descentralizada. Por exemplo: não precisa mandar para o meu cérebro uma ordem para mandar um coagulante quando eu corto o dedo, é automático. Qualquer controle centralizado que exista na natureza só é possível exatamente por conta de redes complexas de controles locais. A Toyota é um exemplo da incorporação da essência dos sistemas vivos. A Pormade também, porque todos na Pormade são estrategistas capazes de tomar decisões sem tantos memorandos ou reuniões.

Houve uma vez, uns 15 anos atrás, um cliente ligou brabo para a Pormade, queria falar com o dono, e aí a telefonista viu que o que ele queria ela tinha condições de resolver e ela disse pro cara, mentiu, sabe? Uma mentirinha que vai pro céu. Eu sou dono aqui também, eu sou acionista aqui. E resolveu o problema, sabe? Envolver os funcionários na tomada de decisões, vira um clima rico em energia, entusiasmo, e ainda inspira a criatividade na busca por soluções. E o quarto valor nosso também é inovar, é errar sem perder as esperanças. Só não erra quem não faz.

JOC: Para você, o quanto a leitura é importante na vida de uma pessoa e o quanto você incentiva os colaboradores da Pormade a terem essa prática?
CZ: Nós temos um banner que diz “ganhe dinheiro aprendendo”. E nós aprendemos isso com o Steve Jobs. No meu livro eu coloquei o artigo que ele fez na revista Exame, palavras dele, do Steve Jobs. Ele falou assim: eu só estudei porque a minha professora me subornou por notas de cinco dólares e barras de chocolate. Palavras dele. Ele continua dizendo assim: eu seria um delinquente e iria parar na cadeia se não fosse a minha professora. Então nós fazemos assim: quem preenche uma página dizendo que viu o professor Marinho na Redevida ou essa leitura do livro, ganha cinco reais. Aí fazemos sorteio também de mil reais na semana para quem fez nas últimas quatro semanas. Se o cara não fez alguma delas, ele ganha só dez reais, perdeu 990 reais. Então incentivamos, pagamos. Vídeos também que nós fazemos na palestra de segunda-feira com o diretor comercial João Ricardo que faz umas palestras lindas. Então quem faz um de 15 minutos, quem faz um vídeo de 10 minutos procurando contar o que o João Ricardo falou, ganha 250 reais, às vezes 500 reais. Então o pessoal fica tudo assim: eu vou fazer porque preciso ganhar dinheiro.

JOC: Claudio, qual é a sua rotina na Pormade?
CZ: Olha, nós temos segunda-feira pela manhã, às 07h30 da manhã e às 09 horas, uma reunião com os gestores regionais e gestores de loja. Nós discutimos todos os assuntos, todos os temas. Depois temos um café. Nesse café, também sempre aparecem os coordenadores, em torno de umas 30 pessoas. E à tarde também, na fábrica, eu participo de todos os cafés. E nesses cafés, sempre um colaborador fala sobre três valores. Ele escolhe três valores da Pormade, entre os dez valores que nos deixam ser uma startup, e falam sobre esses valores. Em todo café alguém fala os três valores, é escolhido alguém pra falar. E aí um outro colaborador fala o que falta de informação no setor dele. É muito importante isso aqui também. Um outro fala o que ele fez de mal feito, mas que precisava ser feito. Por isso o [meu] livro [se chama] “Comece errado, mas comece”. E às vezes o colega do lado já tem condições de melhorar aquilo ali, mas ele fez, porque o importante é fazer o que precisa ser feito. E aí o outro colaborador também fala o que hoje é impossível na Pormade, mas que se fosse possível, mudaria drasticamente para melhor nossa forma de viver e trabalhar. Essa é uma frase do Joe Barker, é bem antiga, deve ter uns 50 anos e poucos usam. E pasmem, às vezes o colega do lado já tem uma resposta para aquele impossível. É uma provocação, porque nós estamos vivendo num mundo exponencial, onde você tem que inovar a todo o momento. E temos também do Falcone a frase dele, “declarar um problema deve ser uma alegria”. E esses banners de declarar um problema é uma alegria, você vai ver na Pormade mais de 100 banners, para criar aquela cultura, porque se você tem um problema, você tem no mínimo três soluções. Tendo soluções, tem resultado, mas precisa declarar o problema.

JOC: O que você vislumbra para o futuro da Pormade?
CZ: De nós estarmos onde temos alma digital. Estarmos num ecossistema onde tudo se comunica, e ser uma plataforma de negócios. O que é a plataforma de negócios? Ela une o produtor ao consumidor final, num único ambiente, criando valor por meio da interação gerada entre esses participantes. Exemplo: a Amazon é a maior empresa do mundo, maior que a Walmart, e não tem nenhuma loja. O Uber, a maior empresa de mobilidade do mundo, não tem nenhum automóvel, unindo o produtor ao consumidor final, estando num ecossistema. Com isso você diminui os custos, você é mais rápido na entrega dos produtos. É assim que queremos entrar com outros produtos. E por isso nós estamos, todo ano, toda a empresa como a nossa, é obrigada a ter 20 jovens aprendizes. Nós contratamos de 40 a 60, tudo para a área de TI, e o pessoal nosso da área de TI, então parabéns, porque são todos intraempreendedores.

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