Entrevista: “Do prefeito Ary Carneiro Jr só terão aval as coisas positivas”
No sábado, 04, poucos dias após assumir a administração de União da Vitória, o prefeito Ary Carneiro Jr conversou com a reportagem do Grupo Verde Vale de comunicação sobre suas primeiras impressões da situação do município, além de contar alguns dos projetos que tem em vista. Confira um trecho da entrevista.
Jornal O Comércio (JOC): Prefeito, qual é a atual situação da UPA?
Ary Carneiro Jr (ACJ): A grande preocupação nossa, até em função do apelo comunitário, mas independente do apelo comunitário, é a saúde, educação e segurança pública. A gente tem noção plena do que você tem que atingir e de melhorias à comunidade. E, na área rural, melhorias das estradas, uma melhor acessibilidade, com melhor qualidade. Então isso nós estamos muito bem focados. Especificamente na área da saúde, como nos outros setores também, mas especificamente na saúde, fomos buscar primeiro um profissional que tivesse capacidade e competência para estar assumindo a Secretaria Municipal de Saúde.
Desde o primeiro instante, nós tivemos focados para conseguirmos convencer a doutora Sônia Guzzoni, que é uma profissional exemplar, uma profissional que é de carreira do município de União da Vitória. Então ela sempre atendeu na ponta, é uma pessoa que sempre trabalhou como plantonista, ela é cirurgiã. É uma pessoa extraordinária, tem um alto conhecimento com a máquina pública do município de União da Vitória na área de saúde, e é uma pessoa preparada, que está capacitada para desenvolver um excelente trabalho. Juntos, vamos estar dando todo o suporte necessário para que avancemos nesse sentido.
(…) Hoje a UPA está terceirizada. Ela tem um contrato até o mês de setembro, nós haveremos de ver quais são os problemas, qual é a reclamação da população. Nós tivemos durante a campanha muitas vezes a UPA como um prato de debates colocado para a sociedade. A gente sabe que no período de campanha eventualmente pode ser explorado politicamente e isso não é bom para ninguém. Não é bom para o gestor, não é bom para a sociedade, porque cria-se factoides que, infelizmente, daí desmonta até a própria estrutura que está funcionando bem. Eu sei que os profissionais que estão dentro da UPA, quer sejam os funcionários efetivos do município, bem como as pessoas que estão pela empresa terceirizada, são profissionais capacitados. Ninguém vai estar ali sem ser capacitado.
E eu falava durante a campanha, de que quando se diz que a UPA fazer seis, sete mil consultas no mês é uma grande coisa, não é grande coisa, coisa nenhuma. Isso é falta de atenção primária à saúde. Isso que é verdadeiro. Nunca a UPA deixou de fazer atendimento, como se colocou na campanha também. Consultas sempre foram feitas na UPA, só que não se tinha uma quantidade tão expressiva e em todos os horários. Então são factoides políticos que se fizeram frente durante a campanha. Agora vamos ter que ver de que maneira se capacitar toda essa situação. A doutora Sônia tem capacidade para isso. Ela irá conduzir de uma forma correta e a medida em que formos identificando os problemas, nós vamos solucionando na medida do possível. Se ela permanecerá privada ou se ela voltará à gestão pública, só o ponto futuro. Nós vamos ver em função dos resultados que deve se ter. A UPA de União da Vitória tem resolutividade. Muitas vezes as pessoas fazem factoides, por exemplo: ah, morreu na UPA. Mas morre na UPA ou em um hospital, né? Ainda bem, porque está assistindo. O problema seria se morresse em casa com omissão do serviço público, e isso nunca ocorreu em União da Vitória, independente do governante. Então há de se dizer isso. Só que, infelizmente, é claro que se você pega uma família fragilizada no momento de tristeza e você insufla, você fomenta com que essa pessoa se volte contra a estrutura que ali está. Você tem falhas na estrutura, corrija-se as falhas, não significa que o sistema está totalmente errado ou totalmente correto. Então vamos aprimorar, vamos melhorar, vamos qualificar, para que se tenha cada vez um melhor atendimento à sociedade.
JOC: Existe plano de projetos em conjunto com a administração de Porto União?
ACJ: Temos inclusive conversado com o prefeito de Porto União, doutor Juliano, que é uma pessoa competente, uma pessoa que tem visão também na área de saúde, nós vamos estar discutindo num ponto à frente a situação inerente ao atendimento à saúde dos dois municípios, pensando até na formação de um consórcio intermunicipal, interestadual, que é algo previsto dentro do Sistema Único de Saúde, que eventualmente poderá, num ponto futuro, nós buscarmos para uma melhor atendimento à toda a sociedade de União da Vitória e de Porto União.
A mobilidade urbana é um pleito que passará com certeza pelos dois municípios, pelas duas comissões municipais de trânsito. O que é importante? O relacionamento do Ary e do Toco com o Dr. Juliano e a Suelen Geremia é um relacionamento muito grande de amizade, de conhecimento, e são pessoas que estão imbuídas do mesmo foco. Ou seja, a melhoria como um todo. É isso que nós desejamos e que vamos trabalhar incessantemente para que isso ocorra.
JOC: Quanto a Uniuv, o que o senhor pode falar a respeito da fusão com a Unespar?
ACJ: Nesse primeiro momento o que eu posso transmitir é que é um processo que vem ocorrendo já por quase um ano essa situação da fusão da Unespar com a Uniuv e que tem várias demandas, entre as quais a transferência de patrimônio público do município de União da Vitória e a absorção pela Unespar de cursos. Se não me engano são quatro ou cinco cursos que a Unespar teria interesse, e também a folha salarial dos funcionários da UNIUV por um período de até 17 anos, pelo que eu tenho conhecimento, e que isso é não teria passado na assembleia da Unespar Campus de União da Vitória, mas que o governo do estado deu aval ao deputado líder do governo, Hussein Bakri, de que poderá estar absorvendo pelos 17 anos que então cumpriria as vontades dos dois entes governos do Estado e Governo Municipal.
Nós não seremos obstáculo absolutamente em nada. Nós queremos o que? A melhoria. Se houver, se isso avançar, o deputado Hussein eu já conversei com ele, e ele acha que ele consegue fazer com que tramite isso dentro da Assembleia Legislativa para que o estado assuma essa responsabilidade. E, da nossa parte como gestor da parte do executivo, não temos nenhuma objeção, absolutamente nada. Tudo que for para melhoria nós somos favoráveis. Claro que demanda aí do Poder Legislativo de União da Vitória, que vai estar conversando com seriedade, porque quando você vai transferir um patrimônio público, a sociedade deverá se manifestar se ela é favorável ou não. E claro tem aí toda a gestão da Uniuv através do seu reitor, vice-reitor, todo o corpo administrativo da Uniuv, e se isso se entender que é algo favorável, positivo e que o ponto futuro é bom para a sociedade, do prefeito Ary Carneiro Jr só terão aval as coisas positivas. Então se a sociedade se manifestar que isso é bom, assim será feito.
JOC: Pretende continuar com os radares?
ACJ: Tem um contrato que vence no mês de março, e nós sempre falamos, inclusive na própria campanha nós fomos muito claros, nós ouvimos isso da sociedade de que existe um descontentamento muito grande pelos radares implantados em União da Vitória, que tem um custo alto para o município. Então nós ouvimos da população que não estava satisfatório para a sociedade, e que a resolutividade era muito baixa, ou seja, em pontos que eventualmente, não quero aqui questionar se eram locais certos ou não de colocação, não importa. Conheço bastante o mundo, já viajei bastante, tenho muito conhecimento, e se olharmos até o outro lado da linha, Porto União não tem nenhum radar. Isso não quer dizer que Porto União tenha mais acidentes de veículos que o União da Vitória que tem os radares. Claro que não. Ainda outro dia vimos um acidente acontecer aqui na Professora Amazília.
A nossa visão durante a campanha, em que ouvimos da sociedade que a sociedade não está satisfeita com eles. E o poder público, eu como gestor, também estou indignado com o que se paga para a empresa que está legalmente constituída, absolutamente correto, não tem nenhum problema com ela. Só que nós, quando se encerrar esse contrato em março, nós não renovaremos.
Em locais onde tenham maior incidência de eventuais possibilidades de acidentes, vamos buscar outras alternativas que não sejam onerosas à nossa população. Nós não entendemos que eles sejam nem resolutivos da forma como estão, e tão pouco econômico para o município de União da Vitória. Aquelas pessoas que eventualmente infringem a lei, essas pessoas sim devem ser autuadas, e não autuar uma sociedade como um todo.
JOC: Como está a situação econômica de União da Vitória com relação ao Fumprevi?
ACJ: É uma dívida bastante grande. São mais de R$700 milhões que o município deve ao Fumprevi em cima de cálculos autorais até 2050 ou 55. O prefeito Bachir na administração anterior, ele encaminhou um projeto de lei para a câmara de vereadores, ele já aportou durante os quatro anos valores extremamente significativos para haver o complemento de folha, além de algum aporte que eventualmente possa ter feito. Mas nós temos a responsabilidade de cumprir o que foi aprovado como lei. Então nós sabemos que no ano de 2025, esse ano, nós teremos que aportar mais de R$37 milhões para estar complementando folha, e tem valores de aporte, que é nossa responsabilidade, nós estamos cientes disso e vamos cumpri-la. Vamos com determinação enxugar a máquina, já estamos enxugando de forma exemplar. Nós compactamos várias secretarias, não é que nós extinguimos ou criamos, porque isso é uma atribuição do legislativo. Nós estaremos encaminhando à frente ao legislativo um novo organograma da Prefeitura Municipal. Hoje o que nós podemos fazer ao entrar é não nomear secretários. Por exemplo: não terá nomeação de secretário da acessibilidade, não terá secretário de trânsito, não terá secretário de meio ambiente. Eles serão compactados em outras secretarias. Só de secretários você enxuga e valores que chegam a mais de R$ 100 mil. Tem que ver uma forma de você enxugar recursos. Não existe mágica. Vai doer, é cortar a própria carne, mas para União da Vitória é obrigatório, é imperioso que isso ocorra. Nós temos que passar por essa forma de mudança administrativa. Então tem muitas situações de muita gente tirando o dinheiro do erário público. E não significa que não são legais. São legais, absolutamente legais, mas que eventualmente hoje o município não tem mais suporte de estar sendo aquele local de onde se retira, pelo contrário, União da Vitória precisa de recurso para fazer face primeiro à sua folha salarial, quer seja dos aposentados, quer seja dos ativos. Isso é fundamental. Não iremos em momento nenhum atrasar pagamentos, nós temos consciência disso. Nós temos as nossas responsabilidades. O que for fora das responsabilidade do município, que eventualmente iam, se sobrar lá na frente, muito bem, mas se não ficará exclusivamente para a máquina pública do município de União da Vitória, que é a nossa responsabilidade. Como eu digo, essa dívida com o Fumprevi está fundada. Tem que ser equalizada nos 30 e tantos anos aí para frente. E o dia a dia do nosso funcionalismo haverá de ser preservado.