O Comércio entrevista Ary Carneiro Jr., prefeito eleito de União da Vitória
Na segunda-feira, 07, horas após ser eleito em União da Vitória, Ary Carneiro Jr (PSDB), esteve nos estúdios da FM Verde Vale – 94.1 para conceder uma entrevista à reportagem da emissora e de O Comércio, sendo esse o primeiro compromisso do candidato como prefeito eleito.
Confira:
Jornal O Comércio (JOC): Como o senhor se sentiu durante a apuração, que foi decidida apenas nas últimas urnas?
Ary Carneiro Jr. (ACJ): Para nós realmente foi muito emocionante. Acredito que para todas as pessoas, de União da Vitória, e até diria que fora de União da Vitória, porque recebi muitas mensagens de outros municípios dando conta da tensão e da ansiedade em se ter o resultado aqui do município. E eu não sei o porquê, por incrível que pareça, União da Vitória que sempre é um dos municípios que têm o escrutínio mais rápido, dessa vez foi o mais demorado. Mas, de qualquer maneira, nós ficamos naturalmente ansiosos, mas juntos de nossa família e com uma tranquilidade muito grande porque não somos políticos de profissão. Nossa profissão é a medicina. Somos uma pessoa da comunidade e tínhamos colocado o nosso nome, eu e o Toco, para podermos participar do pleito como uma opção para a sociedade. Então nada mudaria para nós o resultado das urnas. No entanto, vai mudar muito, acredito eu, para União da Vitória.
JOC: Doutor, quando começará o planejamento? Quais são os planos do Dr. Ary, agora prefeito eleito?
ACJ: O meu plano principal é, daqui uma hora e pouco, estar no meu consultório, trabalhando. Esse é o grande plano. É claro que todos nós vamos ter preocupações em montar a equipe. Nós sabemos que mais a frente terá que ter uma equipe de transição junto a atual administração, e vamos ter uma. Mas pretendemos fazer uma mudança administrativa no município de União da Vitória com a diminuição de secretarias, enfim, vamos ver na parte da gestão o que será importante e possível fazer para o bem da administração e para nós termos o desenvolvimento do nosso trabalho a partir de janeiro.
JOC: O que o senhor espera do alinhamento com o governo do estado?
ACJ: Nós votamos no governador Carlos Massa Ratinho Júnior na última eleição e na anterior, e temos um um apreço muito grande e uma uma admiração pelo seu trabalho que vem fazendo em prol de todo o estado do Paraná. Temos proximidade, à medida que somos muito amigos do ex-prefeito Santin Roveda, que é o nosso secretário de estado, para orgulho de todos nós da população de União da Vitória e da região. Temos proximidade com o deputado Hussein Bakri, que é líder do governo na Assembleia Legislativa, temos proximidade com Alexandre Curi que é o atual presidente-eleito da Assembleia Legislativa. Eu vejo que temos todas as portas abertas, à medida em que União da Vitória é que clama pela necessidade de auxílio em forma de desenvolvimento do nosso município. Sabemos que são muitas as dificuldades que o município tem. É claro que vamos tomar parte da situação a partir de 1º de janeiro, mas, de qualquer maneira, nós pretendemos nos aproximar, e muito, com o governo do estado do Paraná.
JOC: O senhor, como médico, tem um olhar diferente para a saúde. O senhor já desenha algo para essa área?
ACJ: Qualquer passo nosso será dado a partir de 1º de janeiro. Nós respeitamos o prefeito Bachir (Abbas), que é o atual governante. O seu mandato terminará em 31 de dezembro e, a partir de 1º de Janeiro, passará a ser nossa responsabilidade. É claro que nós vamos ter que ver de que forma está sendo feita essa parte da gestão. Nós sabemos que ela não está satisfatória para a população, porque foi o item da maior pedida de toda população durante todo o período eleitoral. E o período eleitoral serve exatamente para isso, você estar em contato com a sociedade e saber dela os seus anseios, suas necessidades e suas dificuldades. Então é muito claro, foi escancarado para todos nós que fomos candidatos a prefeito e a vereadores e que estivemos nessa luta política, de que a prioridade número um em União da Vitória é o atendimento à saúde, quer seja no meio urbano, quer seja no meio rural.
Nós vamos ter que montar a estratégia e saber primeiro como está a estrutura naquele instante em que nós recebemos a prefeitura, e aí sim nós podemos ter a análise correta para montarmos estratégias. Nós sabemos da dificuldade dos pacientes em ter acesso à consultas e exames, enfim, existe uma série de itens que terão que ser muito bem avaliados e planejados para nós minimizarmos as dificuldades que a nossa população tem hoje em relação à saúde.
JOC: A curiosidade de grande parte da população, a partir de agora, é saber quem fará parte da equipe de governo do Dr. Ary. O senhor vai sentar à mesa para decidir a sua equipe de governo a partir de quando?
ACJ: Nós fomos eleitos em uma dupla. O Ary e o Toco. O Toco e o Ary. Nós, com certeza, haveremos de estar em consonância, dentro de um quadro de absoluta harmonia, porque me dou muito bem com o Toco. Fizemos durante esse período eleitoral uma grande amizade, uma amizade sólida, profícua, que com certeza haveremos de permanecer nessa toada. E, dado tempo ao tempo, primeiro porque a única coisa que sabemos é que o Ary está eleito junto com o Toco para gerenciar a prefeitura de União da Vitória a partir de 1º de Janeiro de 2025. Nós haveremos, com o tempo, estudarmos essa situação. Até agora a gente nem pensou em nada disso. Mas fomos eleitos de uma forma muito transparente, muito cristalina. Diferente de que alguns adversários procuravam buscar como desculpas ou até como motivação para os seus eleitores de que nós teríamos compromissos políticos em termos de fazermos a administração loteando cargos no nosso governo, e isso não é verdadeiro. Nós, em momento nenhum, assumimos responsabilidade ou compromisso para indicarmos quem quer que seja para qualquer cargo. Isso nós vamos pensar à frente, com muita serenidade, com muita tranquilidade com as pessoas que estiveram envolvidas dentro da campanha política, das pessoas de bem que querem o bem para União da Vitória. Mas premiando sempre o aspecto técnico. Nós não somos pessoas de fazer a politicagem, ou seja, eventualmente estar acomodando pessoas aqui ou acolá. Se a pessoa tiver características técnicas para desenvolver um trabalho, será muito bem recebida. O ideal é o técnico político, isso é fantástico.
JOC: Dr., duas questões muito debatidas são o Fumprevi e os radares. O que o senhor pensa em relação a esses temas?
ACJ: São realmente dois itens que foram bastante debatidos durante o processo eleitoral. Em relação ao Fumprevi, nós vamos ter que sentar com os atores que estão diretamente interessados no ato, ou seja, em primeiro lugar os funcionários que são aposentados por esse fundo, que tem seus direitos líquidos e certos, ninguém irá tirá-los, ninguém irá mudar essa situação porque é algo que é definido e estamos conversados. Mas teremos que ter, junto à Câmara de Vereadores, junto aos sindicatos, nós temos que ter solução. Nós sabemos que é uma solução que não deverá ser uma solução imediata, ou seja, não se resolverá o fundo para ele estar novamente saudável em pouco tempo. Haverá de se ter um tempo bastante grande. Mas existem PECs transitando já, a PEC 58 na câmara e no senado, porque é uma situação de dificuldade para vários municípios do Brasil. Nós já temos conversado. Durante a pré-campanha e campanha conversei com alguns juristas sobre essa situação, que vão estar pegando uma parte técnica. E a parte do município então, os seus funcionários e os sindicatos, junto com a Câmara de Vereadores, deveremos buscar uma solução. Dentro das várias situações que já nos colocaram que existe possibilidade, uma delas é formar o fundo como uma autarquia, onde poderia receber recursos financeiros de outros setores, talvez criação de uma loteria municipal, buscar-se ver em função do Estar do município, que hoje é privado, talvez uma forma de ser uma gestão municipal, com os recursos sendo lançados para o Fundo para começar a fazer com que ele comece a ter recurso financeiros, porque uma coisa é importante que se diga, isso tem que deixar muito claro, o que se faz hoje pela administração municipal é a complementação de folha salarial. O Fundo está zerado. O Fundo não existe. Quando se diz que você tem um Fundo é porque você tem recurso. Mas o Fundo do município de União da Vitória não tem recurso, ele é zero, então a complementação é obrigatoriedade da municipalidade, e nós vamos cumprir com tudo aquilo que é de nossa responsabilidade.
Em relação aos radares, uma coisa muito clara também, ficou muito escancarado durante essa campanha: a população não aceita mais que se injete dinheiro para fora da municipalidade e seja ainda autuado o cidadão ou cidadã por estar andando a 42 km por hora na professora Amazilia, por exemplo. Isso não se justifica. Não é um anseio, nós não sabemos qual é o contrato que se tem com a empresa que opera hoje os radares. Haveremos de tomar conhecimento disso a frente, mas não pretendemos mais tê-los em nosso município.
JOC: Dr. Ary, qual sua mensagem à população, agora como prefeito eleito?
ACJ: As eleições terminaram. A próxima eleição é só daqui dois anos, mas aí é outro nível. São os cargos de deputados federais, estaduais, governador, presidente da república e senadores. Mas o que eu quero dizer é o seguinte: União da Vitória teve um pleito eleitoral gigante em termos de esforço das forças partidárias, das forças de coligações que participaram e, passado isso, para a população o que se deseja é que todos se unam em prol do crescimento de União da Vitória. Nós temos que tirar realmente a pecha de que União da Vitória é um município pobre, que não dá certo. Ainda outro dia, na campanha, falei que União da Vitória é a trigésima quinta economia do estado do Paraná. Nós temos 399 municípios no estado, minha gente. E o Paraná é o estado de expressão maior no sul do Brasil. O sul do Brasil você diz que é primeiro mundo. Nós temos que ter muito orgulho de estarmos aqui em União da Vitória. Nós temos, claro, dificuldades. Sem dúvida nenhuma. Todos os municípios têm dificuldades, mas nós temos que buscar soluções. Nós temos que estar juntos com os entes federativos que podem nos dar auxílio em termos de desenvolvimento, que é o caso do estado do Paraná com uma proximidade muito grande. E o caso do governo federal também, estaremos indo atrás de recursos, de possibilidades para a melhoria de nossa população.
Que todos os cidadãos e cidadãs de União da Vitória, a partir de agora, se desarmem daqueles anseios motivatórios de campanha política, isso ocorre, naturalmente. Um torce para o Flamengo e o outro torce para o Vasco. Eu vou para o Flamengo, sempre. Mas tem os palmeirenses também, né? Mas, de qualquer maneira, o que eu quero dizer é que acabou. As eleições acabaram. Terminaram. A democracia triunfou. A população, majoritariamente teve nos escrutínios o nosso nome, e nós temos uma extrema responsabilidade, o Toco tem muita responsabilidade. Nós devemos levar a administração de União da Vitória de uma forma muito firme, muito correta, para o desenvolvimento dela.