Presidente do Iguaçu abre o jogo sobre atuação do time no Paranaense Série B

Após a eliminação do Iguaçu no Campeonato Paranaense Série B, restou aos torcedores buscar por explicações sobre o que levou o time a permanecer mais um ano na divisão de acesso do estadual. Para dar algumas dessas respostas, José Luís Ruski, presidente do clube, esteve nos estúdios da CBN Vale do Iguaçu para uma entrevista exclusiva, que reproduzimos a seguir.

Presidente do Iguaçu abre o jogo sobre atuação do time no Paranaense Série B

Foto: Gabrielly Cesco/CBN Vale do Iguaçu


Confira a entrevista

Jornal O Comércio (JOC): Segundo ano consecutivo que o Iguaçu termina em quinto, uma posição atrás da zona de classificação. O torcedor ficou muito decepcionado. Este também é o sentimento do presidente do clube?

José Luís Ruski (JLR): Estamos tentando juntar os cacos da bordoada que levamos. Foi um negócio inesperado, tínhamos quase certeza que íamos ao menos chegar nas semifinais, mas vamos ver o que podemos reconstruir daqui para frente. A gente ainda está sem rumo. Estávamos com uma esperança grande, com quase 100 torcedores no último jogo lá em Verê. Você deixa sua família, convoca o torcedor para ir junto, vai lá e vê uma coisa daquela, um jogo que não tem explicação, eu nunca vi o Iguaçu jogar tão mal na minha vida. Não sei se faltou vontade, o time truncado. Se bem que o time deles também só deu balão, aliás aquilo lá (Estádio Vila do Mar) não é campo. Me desculpe a Federação Paranaense de Futebol, eles vêm colocar um monte de empecilhos aqui no Antiocho Pereira, mas por favor, você vê cada campo por aí. São coisas que a gente não entende, sinceramente. O Iguaçu tem um estádio muito bonito, a população prestigia, estádio com segurança, e aí parece que todo mundo quer ir contra o Iguaçu. Não estou me referindo à turma daqui, tem até certas pessoas daqui que parece que às vezes coloca empecilhos para as coisas não acontecerem. Eu e a diretoria estão muito chateados porque a gente é voluntário, trabalha por amor à camisa, corre atrás. A gente pagou muita conta do Iguaçu para trazer ele de volta, estamos ainda com contas para pagar, e o torcedor muitas vezes não entende isso. Eu vejo nas redes sociais muitas pessoas comentando que nós só pensamos em dinheiro, que deveríamos trazer mais jogadores, mas a gente vai até onde pode. Eu tenho que trazer jogadores com responsabilidade. Eu poderia trazer jogadores mais caros, mas nós não temos ainda condições de pagar. O Iguaçu está ressurgindo das cinzas, estamos tentando reconstruir. Teve centroavante que pediu R$ 12 mil mais apartamento para vir jogar aqui, é inviável. Criticar é fácil, mas tem que ver as condições que temos. A gente sabe que o povo aqui é apaixonado pelo Iguaçu, eu também sou, e essa semana pós-jogo contra o Verê tem sido muito complicada, eu estou chateado.

JOC: O que o senhor acredita que tenha dado errado no planejamento para a Divisão de Acesso? Houve erro de avaliação? O plantel não era qualificado o suficiente? Faltaram peças no grupo? O que o senhor considera como equívoco no projeto?

JLR: Na nossa avaliação no começo do campeonato, a gente tentou fazer o melhor, como sempre fazemos. A gente olha o campeonato anterior e vai marcando os jogadores que nos interessam. Por exemplo, para o ano que vem, nós já temos vários atletas que analisamos no decorres deste campeonato de 2022. Acreditamos que trouxemos jogadores dentro das nossas possibilidades, dentro da nossa realidade em relação à folha salarial. Eu acredito que formamos um bom elenco, mas lógico que faltou um centroavante, um matador, faltou mais um meio-campista. Acho também que faltou um xerifão, o Jonathan se machucou no primeiro jogo, ele é um líder nato, então levamos azar nisso também. Nós não quisemos extrapolar, o nosso máximo era R$ 3 mil, alimentação e moradia. Nós perdemos jogador para o Aruko (time de Maringá que está na semifinal). O Aruko paga, no mínimo, R$ 12 mil. É time de empresários. O Laranja Mecânica tinha jogador de R$ 10 mil e não classificou. O Apucarana está na faixa de R$ 5 mil. Aqui nós tínhamos jogador ganhando R$ 1 mil, é até uma vergonha falar isso, mas o empresário bancava o resto, para o Iguaçu custava R$ 1 mil, R$ 1,5 mil. Até R$ 3 mil a gente conseguiu. Analisando, eu estou tentando achar uma explicação. Contra o Foz e o Verê a gente precisava de um golzinho. Parece uma coisa impossível o Iguaçu fazer um gol. Ficamos em quinto com 14 pontos. O PSTC com 14 pontos entrou na semifinal. Nós tivemos uma derrota, o PSTC teve três. Só que nós tivemos cinco empates. Se tivesse perdido duas e vencido duas dessas partidas, teríamos entrado, foram muitos empates. O time não chutava? Não tinha centroavante? Eu não sei, fomos o “rei do empate”.

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JOC: Qual sua avaliação do trabalho da comissão técnica? O senhor voltaria a contratar o técnico Dudu Sales para a próxima temporada?

JLR: O Dudu Sales veio aqui para treinar a equipe Sub-20, mas acabou assumindo o profissional, subimos ele. O Dudu estava vindo em uma ascensão, efetuamos o Luiz Tosta como gerente de futebol e avaliamos que com esses profissionais o time poderia produzir bem. Ele (Dudu) é um bom profissional, nós ainda vamos conversar com toda a diretoria, reavaliar, eu achei que faltou um pouco de comando de vestiário, de chamar os jogadores. Estamos avaliando os prós e contras, mas ele é bom profissional, trabalha dia e noite. Mas, como eu disse, acho que faltou aquele domínio, segurar as rédeas, ter comando.

JOC: Presidente, fazer futebol no interior é uma tarefa árdua. Muitas vezes os custos são altos, os patrocínios são escassos e muitas vezes a conta não fecha no final do mês. O que o senhor pode nos relatar a respeito da saúde financeira do Iguaçu. O clube conseguiu honrar com seus compromissos nesta Série B?

JLR: É isso que nos deixa mais atônitos. Por qual motivo chegamos nesse estágio se o Iguaçu pagou tudo em dia? Vencia a folha salarial dia 15, dia 10 estava na conta dos caras. O bicho era pago antecipado. Os jogos eram no domingo e nós saíamos daqui (de União da Vitória) na sexta-feira, os caras (jogadores) paravam nos melhores hotéis, comida e tudo…Então foi dada toda a estrutura para os caras. Para chegar praticamente numa final que foi aquele jogo contra o Verê, e assistir aquilo que todo mundo viu nas imagens. Uma vergonha, aquilo ali não foi jogo, aquilo ali é uma vergonha, honrar uns caras desses e botar uma camisa do Iguaçu, tenho até vergonha de conversar com esses caras, não quero nem ver na minha frente. Eu estou falando dos jogadores. Teve atletas que honraram a camisa, mas tem uns ali que não tiveram comprometimento nenhum, zero…zero.

JOC: E o futuro do clube? A torcida iguaçuana quer saber o que a diretoria projeta para que em 2023 os torcedores possam comemorar o tão sonhando acesso?

JLR: Nós temos que ser mais ousados. Estamos tentando junto com a prefeitura ver se conseguimos um terreno na região do Rio Vermelho para montarmos o nosso Centro de Treinamentos. Aí você tendo o terreno, existem várias maneiras de você correr atrás do dinheiro. Existe um programa do Governo do Estado que é para Sub-20, Sub-17, escolinhas, então temos como correr atrás. E esses investidores também. Logicamente, você vai investir no Iguaçu e se questionar: mas peraí, o que o Igua-çu vai me dar de garantia? O Iguaçu tem um terreno, já é uma garantia para negociar. A nossa ideia é ver se conseguimos esse terreno e em cima dele ir atrás de dinheiro, montar nosso CT, com campos, bom refeitório, dormitórios, pensar grande. O Iguaçu tem que pensar grande, só dessa maneira é que vamos sair desse marasmo. Porque se continuarmos nesse vai-e-vem, nunca vamos sair disso. Nós vamos para a Segundona, de repente cai para a Terceira, sobe para a Primeira, cai de novo para a Segundona. Então, quando for para a Primeira Divisão, é para ficar, é para dizer que é o nosso lugar, mas tendo condições, tendo estrutura. Você tendo um CT, vai revelar jogadores, o processo se torna mais fácil. Nós estamos com essa ideias. Vamos deixar a poeira baixar, estamos agora com o Sub-20 jogando no Paranaense, teremos jogos bons aqui no Antiocho, vamos observar a piazada, numa dessas aparecem bons jogadores. Nós queremos fotalecer o Iguaçu e fazer ele grande.

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