Escreve o leitor: A Confusão Eleitoral
Quando chegamos à época eleitoral – que não devia ser uma estranha em nossa vida, pois acontece de dois em dois anos – descobrimos que não estamos preparados para decidir nosso destino. Nosso destino, não o destino de políticos ou partidos, mas o destino de nossa comunidade, do lugar onde vivemos, nossa cidade, nosso estado e, mais importante, o destino do país que deixaremos para nossos filhos.
Esse despreparo nos deixa confusos e irritados com a forma como se apresentam as pessoas que pretendem ser eleitas nossos representantes, pessoas a quem iremos emprestar o título de excelência durante algum tempo, confiando-lhes a tarefa de resolverem nosso futuro. A EXCELÊNCIA que é conseguida pela soma das vontades de todos os eleitores que nela votaram e que, portanto, nada tem de pessoal. É excelência atribuída por um certo período de tempo (a duração do mandato), parte cedida da excelência de cada um de nós, eleitores.
Alguns políticos, também confusos, acreditam que o brilho temporário que tal excelência lhes dá é uma dádiva divina, produto de sua própria luz. Esquecem-se que cada uma das lantejoulas que nele brilham foi lhe emprestada e que sua excelência provisória emana do povo. Há alguns que realmente parecem ter luz própria, por sua facilidade de falar exatamente o que queremos ouvir, especialmente quando falam do que nos é mais caro, que são as nossas esperanças. No entanto, falar bem não é necessariamente uma habilidade exigida de um bom candidato. Nesse momento, somos facilmente enganados.
Como, então, diminuir a confusão que por vezes é propositadamente promovida por alguns?
Há algumas pistas muito reveladoras e identificáveis com relativa facilidade. Um exemplo claro é o dado pela pessoa que procura um emprego político, contrariando aquele que sabe possuir um talento que oferece à sua comunidade, sem esperar nada em troca. Seria ainda mais fácil fazer uma escolha acertada se os cargos de prefeito e vereador de cidades pequenas não fossem remunerados por seus serviços públicos, recebendo apenas justas verbas de representação, pois foram em parte os salários oferecidos para esses cargos que acabaram transformando o sistema eleitoral em um sistema empregatício, vulgarmente conhecido como cabide de empregos, que obriga uma comunidade a suportar incompetentes desempregados e crônicos, os quais desesperam a vida de seus conterrâneos e paralisam uma sociedade ansiosa por viver melhor. Ao assim proceder, estaríamos obrigando-os a precisar de recursos pessoais para se sustentar, evitando que os que buscam no cargo um jeito para sua vida se candidatem e sejam eleitos acidentalmente.
Uma outra pista, específica para identificar um bom candidato a vereador, é perguntando ao próprio interessado no cargo se tem consciência das obrigações decorrentes, se conhece a realidade de seu município, não apenas a da sua vizinhança e se tem o necessário preparo para transformar essa realidade em benefício de toda a comunidade.
Precisa ser perguntado sobre suas idéias como construtor de cidadania, independentemente de seu partido político – fato de pouca relevância porque seu contato será de pessoa para pessoa – pois se transformará no intermediário entre cada cidadão e o sistema municipal, o qual deverá estimular e fiscalizar.
Não lhe pergunte sobre o que realizará: vereadores não realizam nada, nem comandam obras e fazer política ou pedir e distribuir favores não é seu papel. Deve ser ele a expressão política das pessoas que o elegeram, a representação personificada de nossas excelências, emprestadas pela duração de seu mandato. Caso contrário, estaria fazendo apenas politicagem.
Voltar para matérias