Espaço Cultural: “Convém Casar?”

Passados mais de sessenta anos vem a baila, numa reunião da Academia de Letras do Vale do Iguaçu, o livro que hoje me serve de inspiração para esse espaço.

“CONVÉM CASAR” chegou-nos as mãos, minhas e do meu marido, com uma gentil dedicatória feita em 1970 pela senhora Lucia Russo, esposa do autor, João Guilherme Russo, conhecido como Chumbita. Obra que foi lançada em 1946 pela Gráfica Iguaçu, da Livraria Iguaçu, então localizada na esquina das ruas Sete de Setembro com Prudente de Morais, em Porto União, propriedade do senhor Bruno Behr.

Na época, detive-me na trama que, de acordo com os mais próximos, uma história baseada em personagens reais.
Sem pretensão de um crítico literário considerei, no decorrer da leitura, quão admirável a criatividade do autor que ao findar depois de diálogos e narrativas, terminava com uma interrogação: Convém Casar?

Não pude deixar de perceber quão rica era a cultura literária dessa nossa região, tal o profundo empenho realizado na divulgação do livro. Em reconhecer também a importância de uma extensa abertura, da apreciação e do reconhecimento do autor para recrudescermos um pouco da história local.

Apadrinhado pelo imortal da Academia Brasileira de Letras, acadêmico Menotti Del Pichia, poeta nacionalista autor de Juca Mulato, aclamado o quarto Príncipe da Poesia Brasileira, jornalista, artista plástico, advogado e político, presenteou Chumbita em 1947 com uma dedicatória própria de pessoas inteligentes e humildes: “Ao João Russo que deseja a desvalia do meu obscuro apadrinhamento para suas primícias literárias, para as quais desejo o maior êxito.”
Na apresentação exaltamos a vasta sabedoria literária, bem como a preocupação de nossos conterrâneos nas justificativas dos textos.

Nosso inesquecível jornalista, filólogo, escritor, poeta orgulho da gente catarinense Hermínio Milis, que se referiu a Dom Francisco Manuel de Melo e sua obra literária “Carta de Guia de Casados’’ e aos “Doze Casamentos Felizes” de Camilo Castelo Branco, uma coleção de doze contos.

Na apreciação, belíssimas crônicas, do prosador e poeta paranaense Didio Augusto que incentiva o autor, citando famosos que se iniciaram na literatura já com idade madura, como Euclides da Cunha com sua obra prima “Os Sertões”; do causídico gaúcho Dr. Cícero Machado da Silva que se refere aos sermões do mestre padre Antonio Vieira; e também as crônicas radiofônicas de Dante Augusto, “Bom Dia Para Você”, e de Hermínio Milis em “Nota do Dia” ambas em relação ao livro, lidas pela Rádio União, ZYD3, de União da Vitória.

Nos agradecimentos, reconhecendo a colaboração dos que lhe entenderam no propósito do trabalho, Chumbita gentilmente refere-se ao autor da capa, o jovem e inteligente Mario Fanucchi; cumprimenta suas estimadas tias Luiza e Maria, a mana Elvira e as primas Nene e Guida com saudades; refere-se a Deisy Durski, locutora da rádio como prestimosa colaboradora. Não deixa de agradecer também aos gráficos do Brasil, citando-os como ex-colegas de trabalho e aos desportistas com sua admiração.

Tudo isso leva-me a concluir a grandiosidade espiritual e a inteligência daquele que está hoje imortalizado numa das cadeiras da Academia de Letras do Vale do Iguaçu, enaltecido pelo acadêmico Ivan Vidal Portella, hoje em Curitiba, que reconhecendo-lhe os valores, embora como escritor do único livro conhecido por aqui, o escolheu para seu Patrono.

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