Espaço Cultural: “DAGO, Um Grande Vencedor”
Tendo viajado para as Festas de Final do Ano, em 26 de dezembro de 2023, recebi a triste notícia da partida para o outro lado da vida, de um jornalista, amigo e confrade da Academia de Letras do Vale do Iguaçu, ALVI.
Amigo e companheiro de jornada, desde áureos tempos, nos últimos travando difícil batalha pela preservação de sua vida, recebendo na retaguarda a força indispensável da esposa companheira, o carinho de filhas e netos, a compreensão e acompanhamento de familiares e a preocupação solidária dos amigos, rendeu-se ao completar com bravura sua importante missão terrena.
A vida é de quem se atreve a viver. E você amigo foi um “atrevido”. Atreveu-se ao enfrentar dificuldades várias, opiniões outras tantas vezes negativas em relação as suas ideias e iniciativas de realizações, mas saiu vencedor.
Seu amor e respeito pelo rio de nossa terra é notícia que ultrapassa fronteiras. Mesmo prejudicado economicamente sempre, quando as águas se avultavam, em 1992, mostrou seu forte empenho junto aos empresários e a humildade própria dos sábios, buscando apoio no trabalho de voluntários. No IAP, na Força Feminina do Vale do Iguaçu, na FAFI, nos políticos que se renderam ao seu chamado para um trabalho providencial a amenizar os problemas decorrentes.
Um mapa foi projetado e com a colaboração da empresa Miguel Forte, doadora da matéria prima e da Secretaria de Cultura do Paraná, através do seu Departamento de Artes Gráficas, centenas de unidades foram impressas e entregues a Câmara Municipal de União da Vitória, para a distribuição na comunidade.
Daí, sob sua liderança nasceu o órgão CORPRERI que hoje serve de norte para os trabalhos da Defesa Civil junto as autoridades responsáveis e a população.
Em 2000, seu gabarito como escritor jornalista se fez notar ao ingressar na ALVI. Ante a presença feliz de familiares, principalmente da sua inesquecível progenitora, na sessão solene de instalação, como orador da primeira diretoria, você apresentou nossa Academia de Letras a população e aos representantes da Academia Paranaense de Letras que nos honraram participando de tão relevante acontecimento para a vida cultural de dois municípios irmanados pela língua nacional e empenhados no incentivo a literatura.
A partir de então, como acadêmico, o retorno para a Alvi não se fez esperar. Você embrenhou-se na pesquisa reverberando o patrimônio histórico cultural do Município. Em placas narrativas, foram indicados os principais bens patrimoniais, projeto de grande importância cultural e, também, ao traçado turístico.
As palestras das quais participou pela ALVI, sempre vieram ao topo, elogiosamente, nas confraternizações do jornal “O Comércio”, órgão que você assinou como jornalista responsável. Falava entre outras, da maravilhosa oratória do Príncipe D. Orleans de Bragança, em Palmeira, da especial retórica da escritora Nélida Pinõn em Curitiba, que foi presidente da Academia Brasileira de Letras e faleceu há não muito tempo; da participação que teve a ALVI para a instalação das Academias de Letras de Rio Negro e Mafra, de Palmas e de Pato Branco; o lançamento do Hino de Matos Costa e Hino de Irani; o encontro das Academias de Letras do Paraná, em União da Vitória; a participação nas homenagens ao capitão João Ricardo Kirk pelo centenário do primeiro acidente aéreo no País; a construção de Marcos Históricos em Porto União; o lançamento das muitas obras dos acadêmicos e a sua realização de projetos nas escolas.
Prosseguindo no trabalho do levantamento histórico você construiu o Parque Iguaçu. Um parque temático que homenageia os nativos e primitivos habitantes dessa região. Dos imigrantes, responsáveis pelo crescimento da população e pelo progresso, transferiu algumas moradias, reconstruindo-as no local, testemunhos que são da arquitetura imigratória.
Ali também navegou no rio do qual nunca se afastou e prosseguiu narrando aos visitantes seus conhecimentos de historiador.
Muito mais teríamos a acrescentar sobre você amigo e confrade, mas traçamos a vida através do tempo. Tempo que mesmo passando rápido fica na memória. Você, o cidadão que soube tratar com lisura, própria de sua formação; que se empenhou para trazer o necessário conhecimento técnico a enfrentar devidamente os problemas causados pelas enchentes; que ao divulgar termos, incorporou-os no cotidiano das pessoas; que ensinou-as a olhar as águas que nos dão vida mas que ao mesmo tempo podem destruir sonhos.
Você Dago Alfredo Woehl, tal marujo soube conduzir o leme com sabedoria ao rumo certo para, no final da jornada, desembarcar um grande vencedor.
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