Espaço Cultural: “Estação Ferroviária União – Identidade”
Nesse último dia 15 de agosto, nossa histórica e bela Estação Ferroviária União, inaugurada em 1942, comemorou seus oitenta e dois anos.
Nesse espaço, que me foi concedido para temas referentes a educação, cultura e história em geral, pelas direções deste Jornal há mais de trinta anos, ocupei-me muitas vezes para falar da nossa antiga Rede Ferroviária.
Por motivos diversos a estação em especial, tema que hoje na passagem de seu aniversário, merece ser conhecido ou relembrado por estudantes e pela população dessas duas cidades, tal sua importância histórica, arquitetônca e cultural. Um imóvel que para ser verdadeiramente preservado, implica em amor e conhecimento. Só se preserva aquilo que se conhece.
Saber de sua história desde que, ainda pequenina, com a travessia do Iguaçu por canoas e balsas, ficava na margem direita do grande rio.
Desde que, construída a ponte ferroviária e após o Acerto de Limites entre Paraná e Santa Catarina, ficou instalada em dois imóveis, um em cada lado dos trilhos divisórios de Porto União e União da Vitória, até a magnífica construção atual.
Construção cujo projeto foi o de unir as duas cidades, pelo então grande e único meio para transportar passageiros, riquezas naturais e econômicas em produtos, mercadorias, gêneros em geral que favoreceram o desenvolvimento não somente dos municípios, mas de todo o sul do País.
Lançado através de um concurso promovido pela Rede Ferroviária Paraná Santa Catarina, um projeto cujo vencedor pela criatividade e funcionalidade do mesmo foi o engenheiro João W. Fucinski Dunin. Unindo dois Estados por vias aérea e subterrânea, numa mesma arquitetura considerada, juntamente com a Estação da Luz, em São Paulo, das mais belas do Brasil.
Quando de sua inauguração, pelo lado catarinense, com mastros instalados na praça existente, bandeiras foram hasteadas pelo interventor federal do Paraná, Manoel Ribas, pelo interventor federal de Santa Catarina, Nereu Ramos, com a participação de muitas autoridades civil, militar e eclesiástica, grande número de estudantes dos dois municípios, de grupo escoteiro e do povo em geral.
O grande momento da inauguração foi a notória admiração de todos ante a beleza do espaço e do revestimento nas paredes externas, feitas a base de granito moído, pela durabilidade que possui. Não risca e não arranha com facilidade e ainda empresta um brilho especial à cor. Alí, num cinza natural, a passagem do tempo, aproximadamente uns quarenta anos, quando o revestimento escurecera, foi facilitada a aplicação de tinta cinza sobre a granilha, para permanecer pelo menos, senão de todo, na cor original.
Tombado o imóvel, já desativada a ferrovia, os bens ficaram sob responsabilidade do IPHAN. O lado pertencente a cada um dos municípios teve abertura para fazer sua restauração. União da Vitória, já inscrito pelo Parecer 02/97, com Inscrição em 10/10/2000 foi Tombado pela Lei nº 11487/07 e Portaria do IPHAN nº 407/2010. Através do Governo do Estado teve refeito seu interior para servir a funcionalidade cultural, abrigando instituições afins. O revestimento das paredes externas com granilha, de mais alto custo, não pode ser feito devido ao orçamento já aprovado. Recebeu então uma nova pintura cinza para não comprometer a cor original.
Conhecer a ferrovia em seu papel importante, com temas abrangentes como a instalação do conjunto ferroviário com seus depósitos para cargas e descargas de mercadorias, para equipamentos, manutenção e locomoção, os imóveis residenciais para os engenheiros, o agente da estação, os empregados, a cabine do guarda chaves, o hospital e o armazém, até mesmo a caixa d’água, que quando não tínhamos ainda a água tratada, fornecia o precioso líquido fresquinho aos pavimentos.
Prezamos pela sua história, nós de gerações passadas porque tivemos aqui também uma importante ferrovia nos tempos da infância, adolescência e orgulhosos ficamos quando, em 30 de abril de 1954, ano do centenário da ferrovia no Brasil, pelo Exmo. Sr. Presidente da Republica, pelo Decreto 35 447 fez o seu Tombamento como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Ato que estão nos anais da História do Brasil e, se conhecido por quem de direito, não a destruiriam ou deixariam tantos de seus imóveis abandonados deteriorando-se.
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