Espaço Cultural: Ferroviário Esporte Clube
Quantas vezes, ao longo de trinta e tantos anos, através dessa coluna, vimos defendendo o patrimônio de nossas duas cidades.
Ora evidenciando as casas antigas, ora instituições e associações, ora ruas, logradouros e monumentos, realçando sempre a importância histórica dos mesmos para municípios e população.
Não faz muito, homenageando o aniversário da Sede Social do Esporte Clube Ferroviário, elogiei o trabalho de suas diretorias quanto a sua preservação nos cuidados e funcionamento.
Falei da sua construção, sob a presidência do saudoso engenheiro Enéas Muniz de Queiroz, do baile inaugural da sede social quando, bem jovem, admirei o bom gosto das instalações, as cortinas decorativas lambendo o brilho do parquê, os móveis e o teto com sua iluminação especialmente projetada para um ambiente não tão grande. Senti orgulho então por ser filha de um maquinista da Rede Ferroviária e saber que, assim como outros ferroviários, meu pai com uma parcela do pagamento mensal ajudara a construir aquele espaço.
Também na crônica falei do prazer que era participar das promoções sociais como da grande festa para escolha da representante do Ferroviário, a inesquecível amiga Aglair Pizzato, no 1º concurso Rainha dos Esportes.
Da animação dos associados para criar sua Escola de Sambano Carnaval, com a porta bandeira, senhorita Urânia Barbosa.
Das grandes partidas de futebol amador com clubes convidados, nas disputas pela Liga Regional Iguaçu, da vibração dos torcedores quando o Ferroviário conquistou a taça de campeão.
Das missas campais rezadas naquele espaço quando no dia 1º de maio era homenageado o trabalhador e, com D. Walter Ebejer, primeiro bispo de União da Vitória, quando instalada a Diocese.
Não esquecemos a importância daquele local para a população na catastrófica cheia do Iguaçu, em 1983, como único ponto da cidade passível de descerem ou subirem helicópteros, transportando gêneros e passageiros.
Lembrei ali, também, quão se fazia necessário fazer o tombamento do imóvel da sede social e do espaço, como patrimônio cultural do Município.
Mas como “a palavra instrui mas é o exemplo que arrasta” não fomos ouvidos. E o setor imobiliário a cada ano vai tomando seu lugar e deixando um vazio na história das cidades.
Hoje tive conhecimento, através desse semanário, que aquele patrimônio está sendo leiloado. Mais um ato que favorece o desmontar da história e com ela a identidade cultural, seja através de bens materiais ou imateriais numa cidade que, em 130 anos, cabe somente àqueles que se importam com a sua memória coletiva acompanhando os fatos.
O tempo corre célere e infelizmente fica só no discurso o pensamento que tantas vezes é usado como retórica “UM POVO SEM PASSADO É UM POVO SEM FUTURO.” Lastimável!
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