Espaço Cultural: “Vozes, técnica e criatividade”
Um conjunto harmonioso de belas vozes, técnica perfeita e mais a criatividade no talento, revelados em belos arranjos musicais. Assim podemos nos referir a apresentação do grupo “CANTARE” que tivemos o prazer de aplaudir no Cine Teatro Luz, no último domingo.
Os espaços para o público tornaram-se pequenos para quem, ansiosamente, aguardava ver, naquele palco de tantos eventos já realizados, inclusive de festivais coralistas, a inovação do canto coral.
Ansiedade manifestada principalmente por quem acompanhou a fase gloriosa vivida pelo canto coral em nossas duas cidades, que com a anuência de coralistas em grupos de diferentes idades, a dedicação e empenho dos maestros, por anos seus dirigentes, levaram a arte vocal para a população, inclusive além fronteiras.
Finalmente, ali estávamos para assistir ao triunfal retorno do canto coral com a necessária inovação, que já de início, o maestro e apresentador deixava antever tratar-se de um concerto didático. Promovido pela escola de música Toque Cantare, que com o objetivo de formar e transformar através do ensino da música, iniciou seus trabalhos em 2019. Trabalho que oferece acesso a musicalização infantil para crianças, a partir de quatro anos de idade e visa potencializar-lhes o desenvolvimento cognitivo, social e artístico.
Naqueles momentos de beleza e aprendizagem, esperava o maestro um olhar da plateia para a importância da expressão artística através do canto, não somente como incentivo a expressão mas, igualmente, para a transformação e acolhimento na vida de uma sociedade.
Sem atraso adentrando o palco, vozes angelicais do coro infantil e infanto juvenil, em uníssono, sob a regência da professora, trouxe a beleza na suavidade cênica.
Numa demonstração da tessitura vocal, fizeram aflorar a emoção, mágica sentimental num coro misto e harmônico, em movimentos de entrada e saída do palco. Crianças e jovens entoaram em vozes diferentes, temas de filmes, encerrando um primeiro bloco do concerto.
A expressão cênica, que impregnada à voz amplia a capacidade e habilidade do cantor, não só individualmente como conjunto é um trabalho desenvolvido e apresentado pelo professor de expressão corporal Danilo Correia, que possibilita ao grupo, com a interpretação das letras, a grande beleza na apresentação.
A releitura de uma composição musical, formada por um coro misto juvenil, aquele que exige um trabalho apurado do arranjador quanto a percepção, técnica vocal, amadurecimento músical e artístico do grupo, recebendo a inovação de elementos rítmicos, apresentou obra de Cazuza e um clássico no estilo de Bohemian Rapsody.
O canto coral e sua importância na igreja com a música sacra, onde o coro pode ser de duas, três e até oito vozes mais a adição do contra ponto, foi ressaltada pelo maestro e evidenciada através do coro misto numa interpretação a quatro vozes.
Combinação simultânea de duas ou mais linhas melódicas diferentes veio ao palco com o coro misto de vozes femininas e masculinas, divididas por classificação em sopranos, contraltos, barítonos e tenores. Uma obra da MPB e um misto de samba interpretados, registrou o momento artístico.
O bom uso da percussão corporal e a dinâmica, utilizados no canto coral, foi tema que levou o professor responsável a demonstrar o som ritmado que se pode fazer com o corpo. O uso desse recurso para evidenciar a sonoridade que pode ser produzida pelas mãos, pela batida dos pés e pelo estalar de dedos levou a plateia a uma grande participação.
Com música africana dividida em partes, o coro adulto feminino iniciando o canto em momentos diferentes, em forma de cânones, mas culminando junto; formou e trouxe para todos naquele evento, uma bela polifonia.
Para o encerramento da noite, o grande coro, com os cinco corais saindo dos diferentes lados da plateia, como uma nuvem sonora, envolveu os muitos expectadores numa sequência grandiosa de aplausos.
A poesia que reuniu pessoas, juntando-as no trabalho do canto coral para ensinar, orientar e aperfeiçoar, também para a sua inovação por aqui, levando-se em conta que a voz é o instrumento nativo do ser humano, e assim como a impressão digital ela nos identifica, aplaudimos e aplaudimos muito, tal o reconhecimento daqueles que admiram e preservam a expressão vocal.
Através dessa coluna enviamos os nossos parabéns pela iniciativa e execução do concerto ao maestro Regis Lemos, a professora Tallyta Corradin, ao professor Danilo Correia, ao pianista Vanderlei Werle pelo eficiente e belo trabalho realizado na cultura musical de nossas crianças, jovens e adultos e também agradecimentos a Uniuv pelo acolhimento.
Voltar para matérias