Pandemia de Covid-19 tem reflexos na captação e transplante de órgãos
Maior impacto foi observado no transplante de rim de doador vivo e de córnea
A doação de órgãos é uma nova chance de vida, tanto para quem doa quanto para quem recebe a doação. Segundo informações do Ministério da Saúde, o Brasil é o segundo maior transplantador de órgãos do mundo, ficando atrás dos Estados Unidos. Atualmente, cerca de 96% dos transplantes realizados em terras brasileiras são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Paraná e Santa Catarina são destaques nacionais quando o assunto é doação e transplante de órgãos, sendo o 1º e o 3º estado, respectivamente, com maior taxa de transplante por milhão de pessoas (PMP).
O índice paranaense em 2020 foi de 40,6 transplantes para cada milhão de habitantes do estado, enquanto que o catarinense ficou na faixa de 31,7. Em números absolutos o Paraná realizou, no ano passado, 464 transplantes, e Santa Catarina registrou 227 procedimentos. Os dados são da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (Abto).
Transplantes e a pandemia
A pandemia de Covid-19 também afetou a doação e o transplante de órgãos. Segundo a Abto, em 2020 os transplantes realizados com órgãos de doadores mortos sofreram uma queda menor do que a esperada pela instituição. Contudo, o transplante de rim de doador vivo e de córneas, por se tratarem de procedimentos eletivos, ou seja, por não serem considerados de emergência, foram suspensos durante vários períodos nos estados brasileiros, como medida de liberar leitos nos hospitais e economizar os medicamentos necessários para a realização de operações, como sedativos. Essa suspensão fez com que o transplante desses dois órgãos sofresse uma queda maior.
O número de doadores efetivos também caiu no ano passado. Neste período, Paraná e Santa Catarina foram os únicos estados que conseguiram manter a taxa PMP acima de 30: o Paraná registrou taxa de 41,5 doadores por milhão de habitantes e Santa Catarina 39,5. A título de comparação, São Paulo foi o terceiro estado do país com mais doadores efetivos, com taxa PMP de 23,8. Em números absolutos, São Paulo teve 1.094 doadores, o Paraná 475, e Santa Catarina 283.
Os impactos da pandemia também podem ser observados no primeiro trimestre de 2021. Comparado com o primeiro trimestre do ano passado, em que a pandemia ainda estava no início, entre janeiro e março deste ano, houve uma diminuição de 62% nos transplantes de pulmão, de 36% nos de coração, de 34% nos de rim, de 28% nos de fígado, de 25% nos de córnea e de 7% nos de pâncreas.
O Paraná foi o estado que mais realizou transplantes de rim no primeiro trimestre de 2021, se for considerada a taxa PMP. Entre janeiro e março deste ano, foram realizados 117 procedimentos do tipo no estado, uma taxa de 40,6. Contudo, o número total de transplantes foi 15% menor do que o registrado entre janeiro e março de 2020 no estado.
Santa Catarina passou de 4º para 8º lugar no ranking de transplantes de rim, tendo realizado no primeiro trimestre deste ano 28 procedimentos, 65% a menos do que no mesmo período do ano passado, em que foram registrados 80 transplantes de rim no estado. A taxa PMP catarinense neste segmento, no primeiro trimestre de 2021, foi de 15,4.
No primeiro trimestre deste ano, o Paraná também destacou-se no transplante de fígado, tendo realizado 54 procedimentos, ficando em segundo lugar no ranking nacional, tanto em número absoluto quanto na taxa PMP. Santa Catarina realizou 24 transplantes, ficando em 8º em números absolutos e em 4º no número PMP.
Entre janeiro e março de 2021, Paraná e Santa Catarina não realizaram nenhum transplante de pulmão. O Paraná registrou dois transplantes de coração e um de pâncreas, enquanto que Santa Catarina não realizou nenhum desses procedimentos. O transplante de córnea teve queda de 38% no Paraná e de 30% em Santa Catarina no período citado. Em números absolutos foram realizados 134 procedimentos no Paraná e 106 em Santa Catarina.
Lista de espera
No primeiro trimestre de 2021, em comparação com o mesmo período do ano passado, a lista de espera para o transplante renal cresceu 4,2% no Brasil e 5,3% em Santa Catarina, enquanto que o Paraná registrou queda de 11%.
Quanto ao transplante de fígado, houve queda de 4% no Brasil e de 17,6% no Paraná. Santa Catarina registrou aumento de 59%. A lista de espera para o transplante de coração diminuiu 26% no Paraná e 59% em Santa Catarina, enquanto que no Brasil houve aumento de 4%. No caso do transplante de pulmão, houve aumento de 8% no Paraná e de 7% no Brasil. Santa Catarina não possui pacientes na lista para transplante desse órgão.
A lista para o transplante de córneas foi a que mais sofreu aumento no primeiro trimestre de 2021 em comparação com o mesmo período de 2020. No Paraná existiam, no ano passado, 92 pacientes. Em 2021 o número passou para 506, um aumento de 450%. Em Santa Catarina a lista passou de 103 pacientes para 412, aumento de 300%.
Quanto a lista para pacientes pediátricos, o Brasil possui, no total, 973 crianças esperando a doação de um órgão. Dessas, 42 estão no Paraná e uma em Santa Catarina, segundo dados do primeiro trimestre de 2021.
Voltar para matérias