Após 11 anos fechada, Clube Apolo Operário reinaugura sede social
Sócio há 50 anos do Clube Apolo Operário e atual presidente da entidade, José Pedro Walck define a data de 10 de agosto de 2024 como um divisor de águas para a história do clube. Após 11 anos fechada, a sede social do Clube Apolo Operário foi reinaugurada no Vale do Iguaçu. A reabertura contou com tradicional Jantar Dançante Italiano e muita descontração entre seus associados e representantes de diversos segmentos da sociedade. “O momento ficará na memória dos associados e também da sociedade em geral. O prédio foi revitalizado do piso ao teto conforme licenciamento do Corpo de Bombeiros. O projeto foi desenvolvido por arquitetos e engenheiros para melhor conforto de seus usuários. O clube é um local de muitas histórias e comemorações. Estamos muito felizes com a sua reabertura”, afirma.
De acordo com José Pedro a necessidade de um novo projeto de revitalização para o espaço centenário no Vale do Iguaçu se deu após o incêndio na Boate Kiss de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. A tragédia ocorreu na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013. “Foi então que os clubes Brasil afora implementaram medidas e correram contra o tempo para a readequação de seus espaços. Também a pandemia da Covid-19 trouxe morosidade para a reabertura do Apolo, com adiamento da data”, explica.
O Clube Apolo Operário é o resultado da fusão do Clube Apolo, fundado em 05 de junho de 1904, com a Sociedade Beneficente e Recreativa União Operária, fundada em 20 de setembro de 1925, ambas com sede em União da Vitória, fusão essa concretizada em 14 de abril de 2002. A entidade tem por objetivo desenvolver entre seus associados e dependentes atividades sociais, recreativas, esportivas e culturais, bem como colaborar com entidades públicas e privadas com ações que tragam benefícios à comunidade em geral.
Veja como ficou a sede do Clube Apolo Operário
José Pedro acrescenta que o prédio centenário ficou um luxo só. “A escadaria foi totalmente revitalizada, além da pintura interna e externa do espaço, vitrais e cinco hidrantes em pleno funcionamento, conforme a legislação”.
O prefeito de União da Vitória, Bachir Abbas, marcou presença na cerimônia de reinaguração do Apolo e acrescentou que o prédio é um verdadeiro guardião das memórias do Vale do Iguaçu. “O nosso querido Apolo sempre foi mais do que apenas um edifício. Ele representa amizades firmadas e sonhos realizados ao longo dos seus 120 anos de existência. Entre todas as melhorias realizadas cito o novo visual do vitral do Deus Apolo. O vitral simboliza a força, a luz e a esperança que sempre guiaram o nosso clube”.
Confira fotos do jantar
O que vem por aí…
Segundo José Pedro a agenda do Apolo já está com datas ocupadas até janeiro de 2025. “Uma delas e que mais me chamou a atenção será realizada neste dia 24, com a celebração do aniversário de uma senhora que se casou justamente no Clube Apolo. Achei muito bacana. É um prédio de grande importância histórica”.
Apolo
Os vitrais do clube carregam a mitologia do Deus Apolo, que é um dos deuses mais importantes da Grécia Antiga, conhecido por sua beleza, juventude e talento musical. Filho de Zeus e Leto, irmão gêmeo de Ártemis, ele era o deus da luz, do Sol, da música, da poesia, da profecia, da cura e das artes em geral. Além de deus da música, Apolo também era o deus da medicina. Uma das imagens mais conhecidas de Apolo é a sua representação com o sol e com os raios de luz.
O professor Cordovan Frederico de Melo Júnior, autor de livros renomados no Vale do Iguaçu, pontua em um de seus textos que na época haviam muitos amadores da arte e entusiastas por um maior desenvolvimento cultural das cidades. “A sociedade foi idealizada pelo professor Joaquim Serapião do Nascimento, Coronel Amazonas Marcondes, ex-prefeito municipal, juntamente com o doutor Artur Moreira, engenheiro chefe da construção da antiga ponte ferroviária sobre o Rio Iguaçu. Primeiramente firmou-se a sociedade cultural e, após se idealizaria a sede do Clube Apolo, com estatutos e tudo mais”.
A sede do Apolo já esteve em funcionamento na rua Prudente de Moraes, em Porto União, também na rua Carlos Cavalcanti – provisoriamente, até que ficasse pronto o novo prédio na rua Visconde de Nácar. No período, vários sócios procuraram colaborar para que a conclusão da obra acontecesse o mais rápido possível. Um exemplo foi que em janeiro de 1920, por iniciativa de Hernani Oliveira Marques, aconteceu no Cine Ideal, de Porto União, um espetáculo cinematrográfico cuja renda foi destinada em prol da construção da sede, contando com a colaboração de toda a sociedade para edificar o Apolo. A ata especial do lançamento da Pedra Fundamental do Clube Apolo ocorreu no dia 07 de setembro de 1946. Atualmente a sede do clube está situada na Avenida Manoel Ribas, centro de União da Vitória.
O historiador Aluízio Witiuk acrescenta que a reinauguração do Clube Apolo em 2024 representa uma força para a sociedade, bem como um mergulho na história. “No sentido de mostrar bravura, paz, força, e se tornar cada vez mais pronto junto à própria comunidade. Isso significa resgatar o bom, o belo, a arte, a música, a esperança de dias melhores e a confraternização familiar. É trazer à tona a lembrança dos belos bailes, desfiles, política, jantares, companhias agradáveis, entre outros. O Apolo, com a sua imponência, duas escadas, uma que sobe e outra que desce, mas aquela imponência da escada que sobe-se para a glória, sobe-se para a vitória. Uma recepção extremamente triunfal já na entrada”.
A representante cultural no Vale do Iguaçu, Therezinha Leonny Wolff, parabeniza a diretoria do Clube Apolo e afirma que foi uma grande iniciativa e que merece aplausos. “O Clube Apolo, em especial para a minha família, tem muita lembrança, nós consideramos que o Apolo é o nosso trisavô, porque foi meu pai, meu marido e filhos que aproveitaram a gestão do Clube Apolo. Lembro do Apolo quando ainda era em Casa de Madeira, na Avenida Manoel Ribas. Depois vieram as festas da nova sede que foi inaugurada, lindamente, com um tapete vermelho na escada, um lustre de cristal no hall da entrada e, também, com um baile a rigor. Eu era ainda uma adolescente, mas eu lembro bem que muitas pessoas elegantes entraram naquele clube. E, posteriormente, já adulta, muitos bailes, muitas festas. As matines infantis também são lembranças agradáveis. Aplaudo a iniciativa porque o gesto em restaurar o clube é muito importante para a nossa sociedade”.
“O Apolo, com a sua imponência, duas escadas, uma que sobe e outra que desce, mas aquela imponência da escada que sobe-se para a glória, sobe-se para a vitória. Uma recepção extremamente triunfal já na entrada”, define o historiador Aluízio Witiuk.
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