Especial 91 anos: A aventura de O Comércio

Neste 11 de junho, O Comércio completa 91 anos dedicados a registrar a história do Vale do Iguaçu e região em suas páginas. De lá para cá foram 6.668 edições, com esta inclusa. A preparação para o desenvolvimento de um exemplar envolve muitos processos, começando pela definição de pauta, passando pela redação das matérias, diagramação, impressão e, por fim, a entrega. E esse último processo é nosso destaque de hoje.

O Comércio, em todos seus anos de existência, já foi impresso por diversas gráficas. Atualmente a tarefa fica ao encargo da Press Alternativa, em Curitiba (PR). Alguns anos atrás, quando era finalizado, o arquivo contendo as páginas do jornal era entregue na gráfica em disquetes. Hoje, a tecnologia permite que o envio seja feito pela internet, o que facilita e agiliza consideravelmente o processo. Para que a edição chegue em tempo na sexta-feira, a impressão tem início nas primeiras horas da noite de quinta-feira. Neste dia, o pessoal responsável chega mais cedo do que o normal, para que O Comércio esteja na garagem da transportadora até às 20h. “O Rodrigo faz a gravação das chapas, o pessoal da impressão chega às 19 horas e imprime, a expedição faz os pacotes e o motorista chega para pegar [os jornais] e leva até a garagem, tudo cronometrado. A nossa máquina maior imprime até 48 páginas na velocidade de 25 mil exemplares por hora”, explica o sócio e responsável pelo setor comercial da gráfica, Aldemir Batista.

Após ser impresso, o motorista Charles Victor Guedes, membro de uma transportadora, coleta os exemplares e o leva até a unidade de uma segunda transportadora, que é a responsável por levar os jornais até a Área Industrial de Curitiba. Charles precisa ser rápido, pois tem pouco tempo para fazer sua rota em meio ao trânsito intenso da capital paranaense. O motorista conta que parte do trecho por onde transita está passando por obras, o que está dando um ar ainda maior de aventura à entrega. “Geralmente eu pego o jornal na gráfica entre 19h e 19h15, salvo os dias em que atrasa. O trajeto até a transportadora leva em torno de 30 a 40 minutos. Porém, a maior dificuldade atualmente é uma obra que está sendo realizada no trajeto, esse trecho é muito problemático, pois forma muito trânsito e pelo alto movimento de caminhões piora ainda mais a situação além dos buracos, e quando chove piora tudo. Até um tempo a atrás a transportadora dava uma tolerância, porém nos últimos meses trocaram de caminhão, terceirizaram e esse novo caminhão não dá chance de atraso, partem exatamente às 20h. Então, com a obra e todo esses obstáculos, o tempo até a transportadora se tornou de 50 minutos a uma hora, dependendo do dia. Quando eu saio da gráfica muito tarde é bem difícil chegar até às 20h na transportadora. É sempre uma aventura”, relata.

Na transportadora, um novo personagem entra na história: o motorista Miguel, também conhecido como Tico. Marineia Marques (Mari), responsável pela logística de entrega de O Comércio, conta que Tico coloca os pacotes contendo os exemplares junto de si na cabine de seu caminhão. Por conta desse carinho, o jornal pode ser pego por Marineia assim que chega na cidade, por volta de 4h30 da manhã.

Entra, então, a última etapa, que é a entrega dos exemplares aos assinantes e bancas. Esse processo também é realizado por Mari. Na sede de O Comércio, os jornais são separados e embalados para serem entregues. Por ser uma mulher em uma profissão dominada por homens, alguns apostaram que Mari não daria conta do recado. 16 anos após, não poderiam estar mais enganados, tanto é que agora ela já é conhecida como a “Mari do Jornal O Comércio”. “Sempre faço minha oração antes de sair de casa. Não sou nada sem Deus, só ele me protegeu até hoje. Ele me leva e me traz com proteção. Acho que a razão de eu ser mulher é muito show. Os outros motoboys me respeitam, me elogiam. Me tornei um deles na profissão”, comenta.

Mari conta que, um dia, o atual editor-chefe de O Comércio, Eduardo Carpinski, a lembrou que não adiantaria escrever matérias perfeitas e ter um jornal lindo se ele não chegasse às mãos dos leitores. E é essa frase que inspira Mari diariamente. “A tecnologia hoje avança e me sinto feliz em saber que o nosso velhinho está chegando também no meio digital, porém, quem leu e quem transportou a edição física jamais esquecerá”.

 

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