Especial: Mercado de flores e decoração no Vale do Iguaçu

A festa acabou. Enquanto todos vão embora para o conforto de suas casas, Eliane Efrom é a última a sair e a apagar a luz do local. É entre as flores e as pessoas que a moradora da paranaense União da Vitória conquista o sustento da família e também a sua realização profissional.

Especial: Mercado de flores e decoração no Vale do Iguaçu

Eliane Efrom, florista

Há duas décadas ela é florista e ao longo do caminho aderiu ao mercado de decorações com atendimento na região. Eliane tem interesse por flores e bom senso estético, além de habilidade manual e criatividade. É expert na montagem de arranjos com criações próprias.

Segundo Eliane, o florista está presente nos momentos de maior emoção do ser humano até a decoração de ambientes, seja para empresas, residências, festas e eventos. “O meu trabalho inclui atendimento ao cliente e outras atividades do dia a dia na floricultura”, diz.

Ela conta que a oportunidade profissional apareceu na sua vida por acaso. A JaniFlora está presente em União da Vitória há 25 anos. “A Floricultura iniciou com a minha cunhada, a Janice. Após três anos à frente do estabelecimento ela (a Janice) nos ofertou o empreendimento. A JaniFlora iniciou como floricultura e depois investiu no ramo de decorações”.

Nessa empreitada, Eliane nunca esteve sozinha. “Aqui trabalhamos em três pessoas, sendo o meu esposo Rubens, que até então atuava como mecânico e chapeador e que largou tudo para o novo desafio, e o nosso filho Lucas, hoje com 20 anos. Ele cresceu em meio a tudo isso aqui e conhece muito bem o andamento do trabalho. Somos uma família unida. Eu sabia que as oportunidades de trabalho que Deus me apresentasse eu daria conta, pois de fome eu nunca morreria. Então aceitei a mais este desafio”.

Dados do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) revela que em 2021 o crescimento médio do setor foi de 15%. A análise considera as variações por segmento, como flores de corte, em vaso, plantas verdes e suas inúmeras variedades, além de produtos para paisagismo. Conforme a entidade o mercado de flores cresceu em 2021, principalmente devido à mudança de hábitos dos consumidores durante a pandemia.

Por outro lado, Eliane acredita que com a trégua dos casos da Covid-19, o brasileiro quer comemorar tudo de bom que acontece com ele. “Foram mais de dois anos de sufoco. Agora as pessoas querem comemorar o fato de estarem vivas. As festas de modo geral estão retornando e movimentando o setor”.

Eliane afirma ser uma empreendedora de sucesso e atribuiu os longínquos anos de trabalho com a fidelidade dos clientes. Ela tem conseguido aliar o empreendedorismo no ramo de decoração de festas e a floricultura.

Incluindo Eliane, segundo o relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM) do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Brasil conta com aproximadamente 40 milhões de empreendedores, dos quais 14 milhões já têm um negócio próprio estabelecido há, pelo menos, três anos e meio, e esses números têm tendência a crescerem. “Conquistar o próprio negócio é desafiador, mas eu dou conta, pois tenho a minha família, clientes e perseverança em tudo o que eu faço”, afirma.

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Vale lembrar que durante a pandemia o setor de eventos e de turismo foram os mais afetados pelas perdas econômicas provocadas pela medidas de isolamento social. Além disso o setor de festas viveu o período entre dilemas como adiamento e cancelamento de eventos, celebrações, casamentos, entre outros. “Eu não desperdicei a oportunidade que me apareceu, no caso o ramo de decorações. Entendemos a pausa por conta da pandemia, porém continuamos investindo e nos aperfeiçoando, como a adesão em atendimentos virtuais. Além disso o nosso capital foi pago no período com a venda de um caminhão que utilizávamos para conduzir os arranjos até as festas. O nosso setor não teve auxílio durante a pandemia, até porque eu sou MEI (Microempreendedor Individual). Tivemos que aguardar toda a incerteza do período passar”.

A Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape) divulgou em agosto, que aproximadamente 590 mil eventos devem acontecer no Brasil ainda em 2022, com um crescimento de 8%, se comparado com 2021 e a oferta de vagas em 52 áreas da cadeia produtiva.


Dona Flor e Seus Espinhos

A cada frase dita, Eliane afirma que é feliz com o seu trabalho. Ela não poupa elogios para o seu empreendimento que hoje é o principal responsável pelo sustento da família. “É um trabalho entre flores e espinhos (risos). É vivendo e aprendendo. Sou sincera em falar que o nosso trabalho daria um livro, pois cada festa é única e possui as suas particularidades. A experiência é grande e já vimos de tudo (brinca)”.

A empreendedora acrescenta que para um serviço bem feito é necessário cursos sobre as tendências no ramo da decoração. Ela já esteve na Arte em Flor Decorações em Curitiba (PR) e também participou de cursos em São Paulo (SP). “É preciso se atualizar porque trabalhamos com sonhos e sentimentos e estabelecer uma sinergia entre os clientes e o meu trabalho”.

De acordo com Eliane o sucesso de um empreendedor está na coragem, adaptação de suas atividades e necessidades de mercado. “A expectativa aqui na JaniFlora é a expansão do empreendimento para a toda a região. Somos a maior empresa de União da Vitória na oferta completa de flores e decoração para festas. O setor exige profissionais constantemente atualizados para atender as exigências, desafios e oportunidades”, conta.

Uma pesquisa realizada pelo Sebrae, em parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc) e a União dos Promotores de Feiras (Ubrafe), mostrou que em 2020, cerca de 98% das empresas de eventos foram impactadas pelas restrições sociais e sanitárias. O faturamento de algumas delas sofreu queda de até 100% em comparação a abril de 2019.

Os dados mostraram ainda que o mercado de festas e eventos movimenta cerca de 70 setores da economia e corresponde a R$ 210 bilhões de faturamento (4,32% do PIB do país). Nesse mercado, em torno de 60 mil empresas geram quase dois milhões de empregos diretos ou terceirizados.

Para Eliane em 2022 o volume de trabalho cresceu e impulsionou a retomada do setor. “Deveríamos contar com um sindicato próprio para os segmentos – flores e decorações – aqui em nossa cidade. Já comentamos entre os colegas de profissão sobre o assunto, pois uma boa decoração representa o cartão de visita da comunidade. Eu perco o sono para ver as pessoas contentes. Eu tenho horário para começar o serviço, porém sem hora para sair”.

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