5ºBEC realiza missões de resgate no Vale do Iguaçu

Na segunda-feira, 16, tivemos a oportunidade de acompanhar uma missão do 5º Batalhão de Engenharia e Combate Blindado de Porto União (5ºBEC). Desde o dia 12, os membros da instituição têm trabalhado dia e noite no resgate de pessoas em áreas alagadiças. O resgate em que estivemos presentes aconteceu no bairro Rio D’areia.

A casa da solicitante só podia ser acessada de barco. Chegando ao local, percebemos que o nível da água já era superior a altura de todos os soldados, o que complicou a operação. Encostamos o barco próximo a uma escada do imóvel, cujo segundo piso estava há menos de um metro para ficar dentro da água.

Da casa, os soldados tiraram mudas de roupas e um colchão, item essencial para um dos moradores da casa, que naquele momento estava em um posto de saúde devido à complicações da diabetes. A moradora optou por não pegar carona do barco do exército, decidindo esperar para sair no barco do filho, que chegou enquanto ainda estávamos no local. Porém, antes de sairmos, um último pedido: “se for possível, retirem o tanque de lavar roupas da casa da minha filha”. E assim foi feito. Os pertences retirados da casa foram levados ao colégio Astolpho Macedo de Souza, onde a família ficará abrigada. A missão durou cerca de duas horas.

5ºBEC realiza missões de resgate no Vale do Iguaçu


Como o Exército é acionado?

O 5º BEC tem atuado nas cidades desde o início da enchente. O pico de trabalho, segundo o Capitão Cobianchi, foi na quinta-feira, 12, dia em que União da Vitória registrou cerca de 100mm de precipitação. “Ficamos até 5h da manhã fazendo mudança”, relata.

Entre a segunda-feira, 09, e a segunda-feira, 16, quatro equipes realizavam revezamento para trabalho durante 24h, sendo duas equipes de prontidão por dia, envolvendo cerca de 80 militares. Na terça-feira, 17, o trabalho passou a ser realizado apenas no período diurno, entre às 07h e às 18h. “Tendo em vista que nós já desalojamos a maior parte das pessoas que necessitavam do nosso apoio. E por questão de segurança, já que a água subiu muito, e é uma água barrenta, a gente não consegue ter noção da sua profundidade, a gente não consegue ver muitas vezes o que está por baixo. Então, por questão de segurança, nós limitamos o nosso horário”, explica Cobianchi.

Para solicitar o resgate pelo Exército, é necessário preencher uma ficha na Defesa Civil, localizada na antiga prefeitura de União da Vitória. Os casos são passados com ordem de prioridade de acordo com o grau de emergência, se há idosos ou deficientes na casa, entre outros. “Nosso trabalho, o nosso apoio às prefeituras, à Defesa Civil como um todo, ele continua ininterrupto até que se cesse a situação de emergência que foi declarada nos municípios e que a situação volte à normalidade. Após essa normalidade, nós sabemos que quando a água baixar, também vem um grandessíssimo trabalho, que é a remoção de materiais, a remoção de móveis perdidos pelas famílias que deixaram suas casas e não puderam levar. Então aí entraremos numa segunda fase que vai ser discutida mais para frente de que forma ela vai ser feita, mas a gente continua no trabalho”, completa o Capitão.


Outras formas de apoio

O tenente-coronel Jéferson Flores Retori lembra que o 5º BEC também está apto para trabalho em outras frentes além do resgate. “O nosso batalhão está sempre à disposição da sociedade. Uma das missões que a gente cumpre aqui nas Gêmeas do Iguaçu é estar com essa antena sempre ligada, sempre acompanhando. Nós somos uma tropa de engenharia, então acabamos fazendo reconhecimento de curso de água, pontes. Esse é o nosso negócio, cuidar dessa parte da natureza. O batalhão está com uma equipe desdobrada aqui no Centro de Operações de União da Vitória e no de Porto União também. Diuturnamente a gente está envolvendo em torno de 80 militares, nós temos sempre presentes aqui um capitão e quatro tenentes se revezando 24 horas para poder atender a qualquer necessidade de mudança da população das áreas alagadas. O batalhão está disponível também para outras atividades. Agora há pouco surgiu uma demanda de rebocar uma carreta. A parte de pontes também. O município nos pediu já um reconhecimento para fazer um desvio na região da BR-476, para que desafogue o trânsito ali no distrito de São Cristóvão e todas as demandas que chegam no batalhão a gente vai processar rapidamente para poder atender as demandas das Gêmeas do Iguaçu”.

Quanto a ponte para desvio na região da BR-476, atingida por um desmoronamento, o tenente-coronel completa, informando que um relatório de reconhecimento já foi enviado ao superintendente estadual do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para realização de planejamento de custos. “O batalhão tem uma ponte que vai até 60 metros. Mas o acesso para chegar no local do Rio Vermelho, que é onde seria possível o lançamento dessa ponte, os desvios de oeste e o desvio de leste, eles são de estradas muito primárias, então nossos caminhões nem chegam lá, tem um custo muito elevado. Eu imagino que o prefeito, o próprio superintendente, eles vão fazer interlocuções municipais, estaduais e federais e o batalhão é cumpridor de ordem, então se vier a ordem de Brasília, a gente cumpre a missão, mas a gente não tem esse poder decisório, porque envolve muito custo. Custos logísticos de construção de cabeceiras para a ponte, de quase asfaltar uma rua abandonada já desde a enchente de 83. Essa ponte ruiu e esse desvio foi abandonado há 40 anos. Então tem que ser refeito esse acesso, talvez não seja tão viável e o Dnit consiga restabelecer o fluxo na BR antes dessa tratativa política de planejamento. É possível que a BR seja pronta antes das conversas terminadas, antes dos planejamentos. O próprio Dnit já adiantou que em torno de 90 dias é o prazo que ele tem de dar resposta e a gente tem uma experiência já de Itapema, nós lançamos uma ponte lá recentemente, mas as tratativas levaram quase seis meses, então pode ser que a BR volte antes da documentação chegar”.

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