Bárbara Bertoletti estreia coluna Sabores Vale do Iguaçu
Bárbara Bertoletti é um dos nomes de chefs de cozinha que dominam as panelas e também os negócios. Proprietária e chef do restaurante Mirante Grill em Porto União, a nutricionista e tecnóloga em gastronomia, com atuação também em União da Vitória, é detentora de um vasto conhecimento sobre a culinária raiz e aposta nos alimentos locais para a elaboração de cardápios.
A menina que cresceu na cidade de Bituruna, aprendeu desde cedo a combinação dos sabores dos temperos para agradar o próximo. De descendência italiana, Bárbara ganhou o gosto pela gastronomia com a sua mãe Helena. O pai, Augusto, também teve participação importante nesse processo. “Eu sou a terceira de quatro filhas de pais agricultores. O meu pai sempre desejou construir algo para que as filhas pudessem trabalhar. Então ele abriu um restaurante e eu fui trabalhar com a minha mãe. Como descendentes de italianos sempre estamos envolta de um fogão e na cozinha. O ato de cozinhar é muito presente em nosso cotidiano”.
Dos 16 para 17 anos de idade, Bárbara decidiu que cursaria nutrição, com o intuito de clinicar. “Porém, no decorrer do curso fui percebendo que a minha paixão era pela cozinha e pelo ato de servir; essa foi a área que eu escolhi para trabalhar e que se tornou mais presente na minha vida. Me especializei e percebi que eu nasci para isso”, afirma.
De acordo com a indicação ao The Best Chef’s Award, um dos mais prestigiados eventos do mundo gastronômico, em setembro de 2021, colocou que o Brasil marcou presença na lista dos 100 melhores chefs do mundo. Para Bárbara, a especialização de profissionais junto a gastronomia está em alta no Brasil e no mundo e, segundo ela, isso se deve, entre outros fatores, aos reality shows de gastronomia que foram tidos como um fenômeno na TV aberta, por conta da glamourização da profissão de chef de cozinha logo no fim dos anos 1990. “Eu acredito que de alguns anos para cá, a gastronomia ficou mais em alta por conta de realitys. A profissão de cozinheiro não é recente; há séculos existiam os cozinheiros naqueles belos palácios e que com o passar do tempo, e a queda desse tipo de regime, esses cozinheiros foram sendo demitidos dos palácios e posteriormente abriram os seus restaurantes. Ultimamente observo a crescente demanda por chefes de cozinhas em restaurantes. É uma área operacional e de muito trabalho. Você precisa estar ali com o seu corpo e pensamento. É uma profissão em ascensão”, diz.
Lembra a profissional que historicamente o príncipe sempre comeu bem. A mesa farta sempre foi um dos atributos do poder, parte do aparato cerimonial do Estado.
Culinária local
Além das paisagens e passeios turísticos repletos de história, uma viagem à União da Vitória e região possibilita conhecer também a deliciosa culinária típica. “Somos um local privilegiado na gastronomia e com sabores muito diferentes. O interessante é que todos os ingredientes podem ser conferidos em feiras e mercados locais, como bons queijos, vinhos e a erva-mate. Temos também ótimos cozinheiros aqui (risos) e não perdemos para um centro maior”, acrescenta Bárbara.
Entre os pratos marcantes na região, a Chef de Cozinha cita o tomilho que é um tempero muito utilizado na culinária com base ou fusão com a cozinha europeia e mediterrânica. Para ela, o tomilho na comida remete as lembranças de infância e com a sua família.
Também diz que o pirogue de batatas é um alimento muito marcante nas cidades e na região, sendo tipicamente polonesa e conhecida ao redor do mundo. “Não podemos deixar de citar as carnes, como o xixo e a costela que possuem inclusive festas com elas protagonistas em Porto União e União da Vitória”.
De acordo com Bárbara, a culinária é parte importante da cultura de um povo ou de um local. As pessoas geralmente cozinham os alimentos que encontram na área onde moram e a maioria das sociedades tem uma culinária tradicional que existe há muito tempo.
Homens na cozinha
Segundo um estudo da Universidade do Michigan, realizado em 2012, os americanos, que nasceram entre 1960 e 1980 se interessam por gastronomia tanto quanto as mulheres.
Além disso, eles também estão cozinhando mais do que os homens das gerações anteriores. Entretanto, ainda não é o suficiente para que possamos dizer que há uma inversão de papeis na cozinha, pois as mulheres continuam preparando mais refeições do que eles. “Há quem diga por exemplo que tradicionalmente o sushi, ou a culinária oriental (peixes) preparados por mulheres são de qualidade inferior pois a temperatura corporal feminina varia por causa da alteração hormonal, e tiraria o sabor do peixe. Porém, hoje já dispomos de sushiwomen de qualidade no Japão”.
Um dos chefs brasileiros de maior sucesso, Alex Atala teve o seu restaurante D.O.M eleito o quarto melhor do mundo, em uma disputa que envolvia os 50 melhores. Além disso, ele se tornou o chef brasileiro mais bem avaliado do renomado “Guia Michelin”.
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Henrique Fogaça é outro chef de destaque. O ex-banqueiro iniciou a sua trajetória na culinária vendendo hambúrguer. Porém, seu estilo pessoal alternativo conquistou o público durante a exibição do programa MasterChef, na TV Bandeirantes e a sua prática na cozinha se tornou referência.
Outra curiosidade é que Roberta Sudbrack, que nasceu no Rio Grande do Sul, mas cresceu em Brasília, foi a primeira mulher a comandar a cozinha do Palácio da Alvorada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
E foi assim também com Bárbara, que na infância dispensou as leituras de entretenimentos pelos livros de receita que encontrava na cozinha. O tempo passou e o seu caminho perto das panelas insistiam em aparecer de alguma forma. O que a Chef do Vale do Iguaçu sempre almejou foi a construção de receitas repletas de sabor, memória e cultura.
Ping Pong
JOC: Em casa você também é a Chef?
Bárbara: (risos) cozinhar é um ato de amor. Quando nos reunimos, principalmente em Bituruna, com meus pais e irmãs, sempre compartilhamos alimentos diferentes. Gosto de experiências diferentes na gastronomia e a busca pelos alimentos diretamente na horta; colher o alimento e depois preparar. É uma forma de mostrar o meu amor pela minha família.
JOC: É fácil cozinhar?
Bárbara: É um ato muito simples, porém como dizia um conhecido Chef de Cozinha que difícil é ser simples; inovar não significa reinventar a roda.
JOC: Qual o seu prato predileto?
Bárbara: Essa é fácil. É polenta (risos)!
JOC: Qual o maior desafio junto a gastronomia?
Bárbara: É estar sempre aprendendo e disposta a inovar.
JOC: O que veio primeiro na sua vida: empreendedorismo ou Chef de Cozinha?
Bárbara: Acredito que foi o empreendedorismo e inspirado pelo meu pai.
JOC: Ousar na gastronomia exige dinheiro?
Bárbara: Não. É possível inovar com produtos bem acessíveis. O interessante é optar por produtos de época e ousar nas proteínas.
JOC: Principal inspiração na cozinha?
Bárbara: Minha mãe.
Sintonize com a gente
Bárbara Bertoletti estreia como colunista na CBN Vale do Iguaçu na quarta-feira, 23, às 10h50, com o CBN Sabores Vale do Iguaçu. Ouça com a gente em 106.5 FM.
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