Beto Richa: “mas e aí, quem cata as penas lançadas ao vento?”

A CBN Vale do Iguaçu na tarde da segunda-feira, 07, recebeu em seus estúdios o ex-governador do Paraná, Beto Richa, acompanhado do deputado federal pelo PSDB, Valdir Rossoni. Na ocasião, ambos cumpriram agenda com lideranças políticas em União da Vitória.

Beto ressurgiu na política após uma pausa de três anos. Na terça-feira, 01, foi anunciado como o novo presidente estadual do PSDB durante reunião da Executiva Nacional do partido. Até então, a sigla era presidida pelo
deputado estadual Paulo Litro. A Executiva nacional aguarda, agora, a definição dos demais membros para anunciar a nova comissão provisória, o que deve ocorrer até o dia 15.

Beto Richa e Valdir Rossoni

Beto Richa e Valdir Rossoni. Foto: Reprodução

Confirmado como pré-candidato a deputado federal, Beto estava fora da política desde 2018, ao qual foi derrotado nas eleições para o Senado, após ter sido preso no meio da campanha em operações da Polícia Federal e do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em desdobramentos da Operação Lava Jato.

Na oportunidade, a reportagem da CBN também conversou com Rossoni. Ele foi deputado federal, chefe da Casa Civil no governo estadual de Beto Richa (PSDB) e presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Voltou à Câmara Federal em 27 de abril de 2021, quando assumiu a vaga de José Schiavinato, que morreu em decorrência da Covid.


Confira a entrevista:

CBN Vale do Iguaçu (CBN): Bem-vindos a emissora. Primeiramente ex-governador do Paraná Beto Richa, qual o objetivo da sua visita à União da Vitória?
Beto Richa (BR): Sempre é uma satisfação estar nessa querida e acolhedora cidade. O meu pai (José Richa) sempre foi muito bem recebido aqui; sempre trazendo importantes e grandes investimentos para essa região. Meu pai havia prometido, naquela época, que faria uma ponte sob o Rio Iguaçu, e ela está aí, a Ponte Domício Scaramella. Além disso, nessa semana eu assumi a presidência do PSDB, com o intuito de fortalecimento do partido e a identificação de nomes para a composição da chapa para este pleito eleitoral. Também, a intenção foi rever grandes obras feitas em União da Vitória, entre elas, a ponte José Richa. Quero dizer ainda que eu tenho muitos compromissos por essa cidade e herdo o carinho por União da Vitoria do meu saudosos pai.

CBN: Quem é o principal responsável pela ponte José Richa, que liga o centro de União da Vitória ao Distrito de São Cristóvão?
BR: Na época (enquanto Governador do Paraná) eu vim a União da Vitória com o Valdir Rossoni (ex-chefe da Casa Civil) para apresentar a Ordem de Serviço à empresa que venceu a licitação que foi feita ainda no nosso governo para iniciar as obras da ponte. O que eu quero dizer é que não se faz uma licitação sem apresentar uma previsão orçamentária ou recursos em caixa. Nós fizemos a licitação e apresentamos a Ordem de Serviço com recursos previstos para a construção da ponte.

Valdir Rossoni (VR): Eu inclusive vim até União da Vitória para recepcionar o ex-governador Beto Richa porque ele foi o principal responsável pelas grandes obras que aconteceram nos últimos 20 anos aqui, como a ponte José Richa, o estádio, o ginásio de esportes que estava completamente abandonado, as casas da barranca do rio, as reformas de todas as escolas estaduais e a modernização delas com o Programa Escola Conectada; cito também o IML e a UTI do Hospital São Camilo. O Beto foi, sem dúvida alguma e, sem desprezo ao seu pai que fez uma ponte na hora certa para a cidade, o melhor governador da história para a região. O que eu fico chateado é que eu vi muitos afundarem carreiro nessas obras, ou seja, políticos, políticos e políticos que esqueceram de citar o Beto Richa, que foi quem viabilizou recursos para que as essas obras acontecessem.

CBN: O senhor diria que o ex-governador Beto Richa é o principal responsável pela construção da ponte José Richa?
VR: Esse foi o último investimento do governo Beto Richa. Não esqueço que naquela ocasião nos reunimos com as autoridades políticas porque tínhamos um valor para ser investido no Estado. Eu disse ao Beto para marcar o tempo com União da Vitória assim como o pai dele (José Richa) com a construção da primeira ponte. No outro dia era o meu aniversário e o Beto Richa me deu de presente a notícia sobre a construção da ponte que ligaria a o centro com o Distrito de São Cristóvão. A ponte viabilizou a transformação do Distrito. É uma conquista enorme à população. Claro que no decorrer desse tempo eu fiquei triste porque alguns políticos quase afundaram a ponte de tanto que passaram e falaram que a ponte foi um trabalhado deles; porém tenho dito que o tempo é o senhor da razão. Eu não quero ser dono da ponte, mas a verdade precisa ser dita.

“Alguns políticos quase afundaram a ponte de tanto que passaram e falaram que a ponte foi um trabalhado deles; porém tenho dito que o tempo é o senhor da razão”

CBN: Ex-governador, o senhor recebeu a incumbência de presidir o PSDB Estadual?
BR: Eu já exerci a presidência do PSDB em outras ocasiões. Recentemente muitas lideranças do PSDB pediram que eu assumisse de novo o comando do partido para reestruturar e fortalecer a sigla com vistas às eleições que se avizinham. Tenho dito sobre a felicidade de ter sido procurado por diversas lideranças do Paraná querendo retomar a atividade e integrar a chapa de candidatos da sigla. Confesso que estou muito animado. Temos grandes chances de fazermos uma grande eleição junto a Assembleia Legislativa do Paraná e Câmara Federal. Também existem vários pedidos para que o Rossoni seja o nosso candidato à senador, entre outros nomes.

CBN: O senhor ficou afastado da política nos últimos três anos se dedicando a sua defesa em diferentes processos. O senhor se sente um injustiçado?
BR: Bom, primeiro quero dizer que o sofrimento que eu e a minha família passamos eu não desejo para ninguém. Nós temos muita fé em Deus, pois somos religiosos, cristãos, porém nessas horas a gente se apega ainda mais em Deus. Como dizia Rui Barbosa que a “pior ditadura é a ditadura do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer.” Eu me vi em um momento de impotência e eu recorri a fé que tenho e entreguei a minha causa para Deus. Pensei em tudo que o meu pai e eu fizemos na vida pública e tudo que fizemos pelo Paraná e pelos paranaenses. Eu posso assegurar para você (repórter) que foi a maior injustiça já feita para um político na história do Paraná. Nós fomos injustiçados, mas para não me alongar cito que invadiram a minha casa vinte dias antes das eleições. Sobre isso o primeiro ponto é que sobre qual pré-requisito eu preencho para ter minha casa invadida e ser sequestrado antes das eleições? Segundo, porque levaram a minha esposa (Fernanda Richa). Todos conhecem o histórico da Fernanda, a origem dela, e sabem que ela é herdeira do Banco Bamerindus, pois o pai dela era presidente e também pelo trabalho realizado junto a área social. Para que tanta maldade e crueldade com essa mulher que tem uma longa folha de serviço prestado às pessoas mais humildes? Lembro ainda que não foi apresentado nenhuma denúncia contra ela. Mas e aí: quem cata as penas lançadas ao vento? Foi um sofrimento que eu não desejo para ninguém. A pior coisa na vida da gente é a injustiça; é um linchamento moral ao qual eu e minha família fomos submetidos.

Beto Richa em entrevista à CBN Vale do Iguaçu

“Como dizia Rui Barbosa que a ‘pior ditadura é a ditadura do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer’. Eu me vi em um momento de impotência e eu recorri a fé”

CBN: O senhor confirma que retorna a política? Retorna a vida pública mais forte?
BR: Eu tenho força interior e vontade de lutar. Não aceito nenhuma intimidação e tenho um poder de resiliência. É a fé que nos tornam mais fortes. Eu tenho vontade de disputar as eleições este ano, mas não sei ainda em qual cargo. Os prefeitos querem que eu concorra para governador. Eu fui o único governador que esteve nos 399 municípios num mandato; é importante conhecer a realidade, ou seja, sair do Palácio Iguaçu, para poder melhorar a vida das pessoas. Enfim, a política é assim mesmo, é lamentável que muitos não tem o que apresentar e se adonam do que os outros fizeram. Eu pretendo sim disputar as eleições. Estou inclinado a ajudar na consolidação da chapa para deputado federal. Então posso dizer que estou como pré-candidato a deputado federal.

CBN: Qual é a sua avaliação do último ano do Governo Federal?
BR: Momento difícil, né! O presidente pegou de frente uma pandemia, ou seja, uma situação nova e que ninguém sabia como lidar. É como arrumar a bicicleta com ela em movimento, porém com risco de morte de centenas de pessoas. Não foi e não está sendo fácil. É um governo com acertos e com erros. É um governo que fala muito, e de falas pesadas. O presidente é de personalidade muito forte, mas precisamos acreditar no nosso País. Eu nunca fui adepto do quanto pior melhor; daquele que apostam no erro e que trabalham contra para tomar o poder depois. Eu nunca fiz isso. Enquanto governador fiz parceria com todos, até com aqueles que não me apoiaram; tudo que fiz foi sempre pensando na harmonia e na população. Mas acredito que a campanha presidencial vai ser uma pauleira muito grande este ano.

CBN: Deve existir harmonia entre os três poderes: legislativo, executivo e o judiciário?
BR: Claro que sim. É nisso que eu quero ajudar também. Eu construí uma harmonia com os três poderes. O problema é que uma parcela pequena resolveu aprontar para mim; mas outras pessoas merecem a nossa consideração e respeito. São esferas importantes para a democracia. Mas como em todo o lugar tem os bons e os ruins, os preparados e os nem tão preparados. Mas tenho respeito por muitos membros desses poderes. É necessário harmonia para a consolidação da democracia.


Serviço

A entrevista foi mediada pelo âncora do programa CBN Manhã de Notícias, Rafael Peruzo e pelo colunista político Marcelo Maltauro. Acompanhe na página da CBN Vale do Iguaçu 106.5 FM.

Ouça a entrevista aqui.

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