Casa de Apoio Amor Fraterno busca colaboração para obras no abrigo e no bazar

“Juntos podemos ser o teto que protege a esperança dos que precisam”. Com essa frase, a Associação Família Zalewski – Casa de Apoio Amor Fraterno (Caaf) chama a população do Vale do Iguaçu para apoiar a instituição a realizar duas importantes obras.

A primeira delas, já em andamento, é a realização da cobertura do abrigo Caaf. Totalmente construído com verba de doações, o prédio possui capacidade para atender até 52 pessoas simultaneamente, fornecendo, gratuitamente, alimentação e alojamento para acompanhantes e pacientes em tratamento de saúde nos hospitais de União da Vitória e Porto União. Entre os diversos cômodos que compõem a estrutura, estão 18 quartos com banheiro privativo, espaço de convivência, cozinha, área de refeição, sala de atendimento, lavanderia e até mesmo uma capela para orações.

Casa de Apoio busca colaboração para obras no abrigo e no bazar

Foto: JOC

Obras em andamento no abrigo CAAF. Foto: JOC

O uso de dois quartos, contudo, foi inviabilizado por problemas de infiltração na laje do prédio. No passado, uma obra para a colocação de manta impermeabilizante já havia sido realizada para tentar conter o problema, que não conseguiu ser solucionado. Por esse motivo, após orientação de engenheiros, optou-se por cobrir a área. Com a obra atual, o abrigo também ganhará mais dois espaços: uma nova sala para a central do doador, que no momento funciona no prédio do bazar, e uma sala de artesanato, que poderá ser utilizada tanto por voluntárias quanto pelos acolhidos, como mais uma opção de lazer.

Em visita da reportagem ao abrigo, Cinthia Keiser, gerente geral da Caaf, relatou que os dois quartos poderiam ser utilizados, visto que a estrutura não está comprometida. O problema é que, com a umidade gerada pela infiltração, o aspecto do ambiente, com pintura descascando e até mesmo certo odor, já não proporciona o mesmo conforto visto nos demais dormitórios. Alguns móveis dos ambientes também começaram a sofrer avarias. Por essa razão, optou-se por desativá-los até que a obra seja concluída.

Apesar do desfalque dos dois quartos, nenhuma pessoa deixou de ser atendida pelo abrigo. “O que aconteceu é de termos que juntar, por exemplo, duas mães neo natal no mesmo quarto”, explica Cinthia. A preocupação da associação com a viabilidade dos dois dormitórios é de proporcionar privacidade para os acolhidos.


Bazar Caaf

Outra preocupação da associação é com o prédio do Bazar Caaf, principal fonte de renda do abrigo. O imóvel, que está em nome da Caaf, tem mais de 60 anos e nunca passou por reformas estruturais do telhado. A presença de cupins e a ação do tempo têm causado transtornos, como a presença de goteiras no segundo andar, local onde funcionam escritórios, a central de doação, e o espaço de triagem e armazenamento das peças que são disponibilizadas no bazar. A ideia é que, em meados de setembro, tenham início as obras para reforma na estrutura, com substituição da parte de madeira por metal e aluzinco.

Para a realização das obras no abrigo e no bazar, estima-se que a Caaf gastará, ao menos, R$400 mil, com a possibilidade de que o valor seja ainda maior, pois os orçamentos para a substituição do telhado do bazar ainda não foram finalizados. Como a Caaf é mantida exclusivamente com as vendas do bazar e com doações, a associação pede a contribuição da população do Vale do Iguaçu para arcar com os custos das obras.

Cinthia comenta que as doações podem ser feitas pela Central do Doador, com valores em dinheiro, cartão de crédito e débito, PIX, ou pela plataforma existente no site da Caaf. Empresários podem contribuir por meio do projeto “Empresa Fraterna”, que possui cinco planos de contribuição. “Formas para doar tem várias. A gente conta com a ajuda da população para podermos fazer mais essa reforma e melhorando também os serviços, tanto lá na Casa de Apoio quanto aqui no bazar, que é a nossa principal fonte de renda”, ressalta.

Além das contribuições monetárias, Cinthia também destaca a importância das doações para o bazar. Podem ser doados à Caaf variados tipos de itens, entre eles roupas, calçados, móveis, eletrodomésticos, livros e objetos de decoração. No caso de móveis e eletrodomésticos pesados, caso o doador não tenha condições de levar a doação até a Caaf, os voluntários buscam o item. O pedido de Cinthia, entretanto, é de que as doações estejam em bom estado. “Infelizmente a gente também acaba recebendo bastante descarte. Produtos que não têm mais condição de uso às vezes acabam vindo. (…) A gente recebe, graças a Deus, bastante doação, mas na hora da classificação metade é descarte, e a gente ainda tem esse trabalho de mandar para o descarte correto. (…) O bazar, a gente cuida bastante para que seja de qualidade, com preços acessíveis para toda a comunidade. E saber que além de você estar adquirindo uma peça, você vai estar ajudando uma instituição também Então, é um ciclo. A gente sempre fala: se nós podemos ajudar é porque as pessoas nos ajudam também”.

Foto: JOC


Herança da família Zalewski

A Caaf surgiu graças ao desejo de Lechoslau Zalewski de deixar os bens de sua família para a criação de uma instituição beneficente. Um entre quatro irmãos que não deixaram herdeiros e uma irmã cuja filha foi embora do Vale do Iguaçu e nunca retornou, Lechoslau, no final da vida, recebeu os cuidados da vizinha Laurete Conte. Preocupado com o destino de seu imóvel e demais bens, o idoso recebeu da cuidadora a sugestão de usar o patrimônio da família em benefício do próximo. E assim o fez.

Em 28 de julho de 2007, enquanto estava internado no hospital São Braz – São Camilo, Lechoslau lavrou um testamento deixando todos seus pertences em nome de Laurete, para que esta criasse a Associação Família Zalewski – Casa do Amor, que mais tarde passou a ter o nome atual. Uma semana após a confecção do testamento, Lechoslau faleceu. O registro do estatuto e primeira reunião da associação foi realizado em 10 de julho de 2008.

Nestes quase 16 anos de existência, a Caaf tem sido lar temporário para pessoas não apenas do Vale do Iguaçu, mas também para aquelas vindas de qualquer cidade e estado. “Não tem restrição de onde essa pessoa venha, nem quantidade de tempo [que ela ficará abrigada]. Tem acompanhantes ou pacientes que vêm e ficam uma noite. Mas tem pessoas que chegam a ficar três meses direto na casa, principalmente as mães que estão acompanhando seu bebê na UTI Neonatal, que hoje é nosso principal público”, explica Cinthia. O encaminhamento para a Caaf é feito pelos hospitais, e não há restrição de condições financeiras para atendimento.

Além da hospedagem, a Caaf também oferece o serviço de empréstimo de itens hospitalares, como camas, cadeiras de rodas, cilindros de oxigênio, muletas, entre outros. Esse projeto, em específico, só atende moradores do Vale do Iguaçu.

Atualmente, a Caaf conta com 18 funcionários e 108 voluntários. Um deles é o senhor Orlando Marques, mais conhecido como Leleco, que presta trabalho na associação há mais de uma década.

Leleco conta que começou a frequentar a Caaf por conta da esposa, Sônia, que também é voluntária. De início, Leleco buscava a companheira no bazar. Chegava por volta das 17h, e ficava esperando até que Sônia saísse. Um dia, cansado do atraso, resolveu entrar no bazar para chamar a esposa, e ouviu de outra voluntária uma reclamação: “Pare de vir encher o saco. Venha nos ajudar. Não tem homem para ajudar”. Isso, unido ao relato de um senhor que havia trazido a esposa de outra cidade para tratamento no Vale do Iguaçu, o fez decidir colaborar. “Um senhor estava contando. Disse que veio trazer a mulher lá de Cruz Machado que estava com câncer, sabe? E daí veio para o São Braz, mas chegaram muito tarde e o médico já tinha ido embora. E a mulher com câncer, com dor, pousou dentro do fuque. Aquilo me tocou, sabe? E disse: sabe o quê? Eu vou ajudar. E já fazem 12 anos que eu estou aqui e pra mim eu estou satisfeito ajudando. Ser voluntário eu acho que é um dom, sabe? Não é pra qualquer um, é um dom mesmo”, relata.

Agora, com a necessidade das reformas no abrigo e no bazar, Leleco pede que a população, assim como ele, colaborem com a Caaf, da forma que puderem. “Nós precisamos da colaboração do povo que puder nos ajudar aqui. Toda ajuda que vier será bem-vinda. As pessoas que ajudarem vão se sentir muito felizes, porque Deus ajuda quem ajuda”.

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