Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Porto União da Vitória completa 110 anos
Antes mesmo de União da Vitória e Porto União serem reconhecidas como cidades, imigrantes alemães e austríacos chegaram à região e formaram um núcleo de convivência onde se dedicavam à agricultura, pecuária, indústria madeireira e erva-mate, além do comércio.
Mas era preciso mais do que apenas as atividades realizadas no novo mundo. A necessidade de preservar a cultura, língua e fé adquiridas em sua terra natal soou alto e, com isso, os imigrantes fundaram vários grupos, como o Clube União, uma Sociedades de Senhoras e a Escola Alemã, entre outros.
Em 1900 o pastor Otto Kuhr passou a atender a comunidade a cada três meses para ministrar a palavra de Deus e oficiar cultos, casamentos e batizados para os imigrantes. No dia 11 de maio de 1993 foi fundada a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Porto União da Vitória, com celebrações ministradas inicialmente na sede da Escola Alemã.
Alguns anos depois, em 1922, a Comunidade passou a contar com um pastor fixo. Henrich Weiss assumiu e permaneceu no posto até sua aposentadoria até 1960. Já em 1929 foi inaugurada a primeira casa paroquial com oratório em anexo.
A comunidade cresceu, e fez-se necessário a construção de um templo. Como noticiado por O Comércio em sua edição 89ª edição, a pedra fundamental da obra foi lançada no dia 16 de outubro de 1949. O templo foi inaugurado seis anos depois, no dia 11 de dezembro e, em 1957, o edifício ganhou seus três sinos, que badalam até hoje todos os dias, às 07h, às 12h e às 18h. “[Os sinos ecoam] com um significado muito especial, lembrando-nos de orar e agradecer pelo novo dia, pelo alimento e pelo findar do dia. Nesses sinos há uma gravação em cada um deles em língua alemã: Glaube; Hoffnung e Liebe, que significam fé, esperança e amor”, explica Marileusa Krug, presidente da Comunidade.
A comemoração dos 110 anos da Comunidade, celebrada no último dia 11, aconteceu durante o tradicional culto realizado aos domingos. “Para o próximo ano estamos organizando um evento onde iremos comemorar os 200 anos da chegada dos alemães em terras brasileiras e a fundação da primeira comunidade Luterana no Brasil”, comenta Marileusa.
Para a presidente, a manutenção da comunidade por mais de um século é uma forma de homenagear os antepassados. “A sensação é maravilhosa, saber que aqueles primeiros imigrantes trouxeram na bagagem a sua fé, passaram para as próximas gerações e até hoje podemos continuar nesse trabalho de pregação do evangelho do amor para toda a comunidade. Entendo isso como honrar os nossos antepassados que lutaram muito para construir essa linda comunidade”.
Atuação no Vale do Iguaçu e região
Marileusa relata que hoje a Comunidade é organizada como Paróquia Vale do Iguaçu, atendendo várias comunidades da região, sendo elas: Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Pentecostes em Porto União; Ponto de pregação em Paulo Frontin, Paula Freitas e Mallet; Comunidade da Paz em Santa Cruz do Timbó; Comunidade apóstolo João em Salto do Rio Bonito; Comunidade apóstolo Pedro, na Lança; Ponto de Pregação Martinho Lutero no Bairro São Cristóvão, em União da Vitória; Comunidade dos Apóstolos, em Porto Vitória, Comunidade Luz de Deus, na Colônia Amazonas em Porto Vitória; e Ponto de Pregação Advento em Gramados, interior de Bituruna.
“Atualmente servem nossa comunidade os ministros pastor Valdir Rodolfo Gromann e a pastora Dione Carla Baldus. Os cultos são realizados aos finais de semana, com calendário próprio. [Também] são realizados trabalhos com crianças no Culto Infantil, Ensino Confirmatório, Grupo de Jovens, Grupos de Senhoras, Estudo Bíblico e o Projeto Missão Criança. Além de batizados, casamentos, sepultamentos, acompanhamento a doentes/oração e visitas, cerimônias ecumênicas”, relata Marileusa.
A presidente comenta que a participação nas atividades são abertas para toda a comunidade. Entretanto, para alguns ofícios, como celebração de batizados, casamentos e sepultamentos é necessário cumprir alguns pré-requisitos, como ser um membro inscrito na Comunidade. “Aquelas pessoas interessadas em participar da vida comunitária, se não são batizados luteranos, podem procurar a secretaria da comunidade e, após uma pequena preparação, podem realizar a Profissão de Fé e se tornarem membros”, completa.
A Comunidade também realiza eventos, como o Chá da Cuca, realizado anualmente. Durante o ano, também são realizados outros eventos gastronômicos, como almoços, noite da sopa, venda de pastéis, cucas, entre outros. A intenção é, por meio do alimento, preservar a cultura passada de geração em geração. “[Nessas] reuniões podemos compartilhar o alimento feito com muito carinho e ainda celebrar a comunhão com todos os irmãos, sejam eles luteranos ou pertencentes a outras denominações religiosas. Esses eventos gastronômicos são abertos à comunidade e todos são sempre bem-vindos”, indica Marileusa.
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