Com valor estimado em quase R$ 99 milhões, obras da BR-476 podem ter início em novembro
Com valor estimado em pouco menos de R$ 99 milhões, as obras de recuperação da BR-476 no trecho entre União da Vitória e São Mateus do Sul continuam gerando debate. O edital, lançado no último dia 10, está aberto para inscrição de empresas interessadas em assumir o projeto. A previsão é que o resultado seja divulgado em novembro. Porém, muito se fala na aparente pouca verba para a execução da tão aguardada obra.
Segundo o deputado federal Tadeu Veneri, o valor estimado pelo edital foi resultado de uma série de estudos. Entretanto, o próprio documento prevê a possibilidade de aditivação do valor inicial, caso seja necessário. “Acho que nós temos que respeitar quem fez o estudo. Os estudos foram feitos, eles podem ser contestados, obviamente que podem, e se alguém entender que eles não são corretos, deve contatar-nos. Mas eu entendo que esse processo é feito a partir de dados concretos, dados técnicos para que nós tenhamos de fato a recuperação na rodovia. (…) Nós queremos iniciar a obra. Ela tem um valor aproximado de R$ 100 milhões. É claro que, se esse valor for necessário, acho que em algum momento ele terá que ser aditivado para que nós possamos ter os valores atualizados. Mas o importante é que a obra saia, porque ela continua sendo uma rodovia extremamente ruim. Há 20 ou 30 anos ela vem se arrastando e prejudicando todo mundo, não só aqui, mas aqui em São Mateus do Sul e nas cidades próximas”.
Tadeu também relata que a expectativa era de que a obra tivesse início neste mês, porém, após um erro no edital identificado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), o documento teve que ser refeito, o que atrasou o processo de contratação. Agora, estima-se que a empresa vencedora comece a atuar no final do próximo mês. “Nós queríamos iniciar em outubro, e em um ano e meio a dois anos ela pudesse estar concluída, ou pelo menos uma boa parte dela concluída. Acredito que no final de novembro ela deve começar”.
Uma vez em execução, a obra trará a necessidade de repensar o trânsito no trecho. “Para que nós possamos reconstruir, nós vamos ter que pensar esse trânsito todo que nós temos de caminhões, principalmente aqui na BR-476 que é conhecimento de todos que ele vem para a BR-153, vem para o norte catarinense, sudoeste do Paraná. Vai demandar algum tipo de alternativa, porque a BR-153 não é alternativa. Não podemos pensar na BR-153 como alternativa, via Irati, porque é inviável. Ou vai por Santa Catarina. Eu não sei qual seria a outra alternativa, mas há que se pensar”, comenta Tadeu.
Estadualização
A entrega do trecho aos cuidados estaduais ainda é desejo de autoridades ligadas ao governo paranaense, entre elas o deputado estadual Hussein Bakri. Segundo ele, o tema deverá ser levado novamente ao governador, Carlos Massa Ratinho Junior, nos próximos dias, com intenção de abertura de diálogo com o governo federal. “Eu estou incomodado, porque estava na palma da mão de todo mundo uma solução duradoura. O que me deixa preocupado, a gente não sabe a extensão dessa recuperação, porque a BR-476 já mostrou que tem que fazer um trabalho bem mais profundo, o básico não adianta, fazer aquele tapa buraco, ou fazer uma camada por cima. Tem problemas estruturais que vem de muitos e muitos anos, então o que me preocupa agora, é que esse conserto que eles vão fazer ali, possa não ser a solução e que daqui seis meses, um ano esteja tudo estragado de novo. O que o governo do estado queria fazer era duradouro, para sempre, entre aspas, 20, 30 anos”.
Tadeu relata que a proposta do estado de realizar a restauração em concreto, nos moldes da que aconteceu na PRC-280, trecho entre Palmas e a BR-153, é interessante. Entretanto, o impasse se deu devido a necessidade de agilizar as obras, algo que, de acordo com o deputado, não aconteceria caso o trecho fosse delegado ao estado, pois apenas o processo de inventário demoraria cerca de dois anos. “É claro que há sempre a vontade, a intenção, desejo que aconteça, mas os governos têm prioridades diferentes. O governador Massa termina o seu mandato em 2026. E essa obra, se repassada a rodovia para o governo estadual, concluída todo o seu inventário, ela iniciaria em meados de 2027, se houvesse, claro, a concordância daquele que será o novo governador. Nós temos urgência nesse projeto. Podemos até fazer depois se houver interesse do governo estadual, ou seja, quem for, concretar, não há nada que impeça. Aliás, isso está acontecendo em Clevelândia. É concreto sob asfalto, de uma rodovia que já existe”.
Segundo Tadeu, o entendimento do DNIT, neste momento, é que o asfalto é a solução mais indicada à região. Porém, o deputado não descarta a possibilidade de que, no futuro, se abra uma nova rodada de conversas para a pavimentação em concreto. “Nós precisamos, primeiro, recuperar os 20 quilômetros iniciais de São Mateus do Sul para cá, porque ele está um terreno extremamente prejudicado, um terreno que não tem mais consistência. Então vamos ter que afundar aquilo ali, tirar tudo que tem. Não é fazer uma rodovia sobre a rodovia. É você destruir, em termos bem grosseiros. Deve ser retirado tudo que está lá e fazer uma nova rodovia nos 20 primeiros km. E os outros km é recuperar e fazer as terceiras pistas, fazer o bendito do trevo que não é trevo, de Paulo Frontin, que é uma coisa muito estranha, refazer ele todo, alongar a pista. (…) Nesses primeiros dois anos todas as obras serão feitas pelo Governo Federal, mas se daqui dois anos houver o entendimento que deve ser mudado, se conversa”.
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