“Agora que faço eu da vida sem você, você não me ensinou a te esquecer”
Sonia Giese ainda sente a dor da perda prematura dos pais. O casal faleceu por complicações da Covid-19
“Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto”
Herberto e Romilda Giese formavam um casal feliz. Viviam juntos há 45 anos. Entre os altos e baixos do dia a dia, o amor e o respeito sempre estiveram presentes. Batalharam juntos, cresceram juntos, e dessa união tiveram duas filhas, Sonia e Siliane. Das filhas, ganharam três netos: Amanda, Lucas e Larissa.
Moradores de Porto União, o casal e a filha Sonia levavam uma vida tranquila. A filha, zelosa, nunca saiu de perto dos pais, sempre presente e ajudando no que fosse necessário. Já eles, aproveitavam a aposentadoria e os frutos de anos de trabalho.
Mesmo com a chegada da pandemia da Covid-19, a vida pacata do casal continuava normal. Durante o dia cuidavam da neta mais nova, da casa, do quintal, e se aqueciam ao lado do fogão a lenha. Os dias eram bons. Romilda era católica devota de Nossa Senhora Aparecida, “ela tinha um carinho muito grande pelas pessoas, sempre tratava todos muito bem. Quando chegavam na sua casa, ninguém nunca saia sem comer, sempre tinha café, almoço e janta.”
A rotina, que era tranquila e feliz para a família, foi interrompida abruptamente pela partida do patriarca Herberto. E, quando tudo parecia que finalmente iria ficar bem, o choque de mais uma perda: dessa vez a partida de Romilda.
Repentinamente, acabaram os almoços de domingos, o calor do fogão a lenha. O colo e o cheiro de mãe, o abraço protetor do pai, que sempre acalentava nos dias ruins, tudo desapareceu.
“Hoje sinto a dor da distância… da distância criada após sua morte, e, como diz Caetano Veloso, com uma adaptação minha: Agora que faço eu da vida sem você? Você que só me ensinou a te querer, agora estou sentindo a dor de te perder. Primeiro dia das mães sem você, minha mãe! Não acredito o porquê… Por que?… Deus sabe o melhor sempre, hoje está lá em cima cuidando de nós”.
Sonia e a filha agora sentem a dor da saudade deixada por aqueles que tanto amavam. Larissa era a alegria e a companhia do dia a dia do casal de idosos, de quem eles se orgulhavam. Do outro lado, a pequena era apaixonada pelos avós.
“A vida era normal até a chegada da Larissa, ela mudou a vida deles! Era a alegria da casa, passaram a viver pra ela! Ela passava o dia todo com os dois. Quando eles faleceram, ela ficou doentinha, não queria nem comer, só pedia dia e noite “Omã alalala, Opa tá no céu…””
Partida repentina
Herberto Giese, de 71 anos, faleceu após complicações por decorrência da Covid-19. Segundo a filha, o aposentado não resistiu a duas paradas cardíacas.
Após também contrair a doença, Romilda, de 70 anos, passou 22 dias entubada. Mesmo com a perda prematura do pai, a esperança da família era de que a mãe se recuperasse. Mas, infelizmente, ela não resistiu. “Em 34 dias, você enterrar o seu pai, e sua mãe, é só Deus pra te ajudar.”
Agora, os dias seguem vazios para mãe e filha. “É claro, eu tenho a minha princesa Larissa, agora somos só nós duas. Agradeço pelos pêsames recebidos, pelas palavras, pelos gestos, pela presença, física ou não, pois foi todo esse apoio que me ajudou a ultrapassar esse momento tão triste e difícil. De coração, a todos, deixo a minha eterna gratidão!”, declarou Sonia em sua rede social.
Voltar para matérias