OPINIÃO: “Abril define escalação e marca o início do jogo eleitoral”
Este início de abril marca a abertura da janela partidária para políticos e muita gente deve mudar de sigla em direção ao poder ou ao dinheiro do fundão, é até possível que existam algumas exceções que farão apenas reposicionamento ideológico. Também nesta semana, termina o prazo de filiação para quem vai disputar o legislativo municipal. Agenda eleitoral cheia, nova foto do quadro partidário na próxima semana e a escalação de cada partido pronta para entrar em campo.
Com tanta movimentação, fica sempre a dúvida acerca da movimentação de forças nas demais esferas, estadual e municipal, no entanto, historicamente, esta movimentação se faz atendendo ao magnetismo do poder, partidos com boa expectativa eleitoral, principalmente para 26, tendem a crescerem e o inverso ocorrendo com as demais siglas. Pode até produzir um leve rearranjo nos estados, mas Brasília continua sendo uma disputa de nomes, não de siglas.
As eleições das capitais tendem a fortalecer nomes para a sucessão estadual, pela representatividade e pelo eleitoral destas cidades, fizemos até uma postagem específica sobre este tema. Não há dúvida também que os polos regionais, se convergirem para um lado em desequilíbrio, também resultam em fortalecimento de nomes para a sucessão. Fora destes fatores, é apenas disputa local.
Quanto ao Paraná, as suplementares para substituir Sergio Moro, na hipótese de sua provável cassação, é uma variável importante por permitir um realinhamento de forças e de nomes e deve ficar apenas para 2025. Também neste jogo, a direita unida é favorita, porém, dividida coloca a Gleisi no páreo, mas há sinais fortes da possibilidade de o governador renunciar e buscar a vaga no Senado que o posiciona bem para o jogo nacional.
Um olhar para Brasília mostra que temos uma situação contraditória, Lula é favorito como são todo e qualquer candidato à reeleição neste país, todavia parece bastante evidente também que, atualmente, a direita é maior que a esquerda e, se tiver a capacidade de escolher um único nome, isento de rejeição proibitiva, pode vencer.
Com Haddad no banco de reservas e já escalado para 2030, só a saúde impede Lula de tentar o quarto mandato, mas na direita a situação é mais confusa. Dois nomes seguem em destaque, Michele Bolsonaro que recebe na íntegra todo o patrimônio eleitoral do marido, mas também abraça sua rejeição, cada vez mais elevada, e Tarcísio que não demonstra nenhum entusiasmo para sair de São Paulo, onde deve ter vida fácil até 2030. A surpresa é que o governador Ratinho se destaca como líder do pelotão intermediário, bem acima dos demais concorrentes, e sem os atropelos internos que, por exemplo, incomodam Romeu Zema.
Os próximos passos, sem a menor pressa, porque não dá para mexer no quadro partidário para esta eleição, é Ratinho buscando uma sigla que sustente seu projeto, sem possibilidade de ser atropelado por Lula ou Bolsonaro. Todavia, é muito provável, que em 2025 Ratinho deixe o PSD, comprometido com Lula, e migre para outra sigla provocando um realinhamento no estado que tende a ser ainda mais significativo que as urnas deste ano.
Tem muita água para rolar, mas abril marca o início efetivo do jogo eleitoral municipal, isolado nos pequenos e médios municípios, porém peça relevante no tabuleiro de 26.
Como nota destoante, de novo, as siglas são apenas importantes por conta do fundão eleitoral, sem nenhum significado efetivo no jogo de ideias, planos ou debates, com isso ‘nova política” segue sendo apenas um bom mote de campanha.
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