Adoção de cães e gatos cresce durante a pandemia

Veterinário no Vale do Iguaçu afirma que um animal é um companheiro para todas as horas; é o símbolo de lealdade eterna


Por conta da pandemia da Covid-19 e das medidas de distanciamento social, os grupos de protetores dos animais no Vale do Iguaçu enfatizam dia-a-dia pelas redes sociais que a procura por adoção de cães e gatos apresentou aumento de até 50%.

O veterinário no Vale do Iguaçu, Guilherme de Matos, listou alguns pontos a serem considerados antes de se adotar um companheiro. Segundo ele, a adoção responsável de um animal é um ato de cidadania e pode trazer benefícios à família que adota.

Um levantamento realizado em 2020 pelo Instituto Pet Brasil aponta que a população de cães e gatos alojados em organizações não governamentais (ONGs) e instituições é de cerca de 172 mil. Ainda, 96% desses animais são cães e os outros 4% são gatos. Geralmente estes locais conseguem alojar de 50 até 500 animais. Fora desse quadro, existem quase 3,9 milhões de animais em condições de vulnerabilidade, aqueles que vivem sob cuidados de famílias abaixo da linha de pobreza ou que vivem nas ruas. O Sudeste é a região com a maior parte dos animais nessa situação, com mais de 78 mil.


Confira a entrevista:

Jornal O Comércio (JOC): Na sua opinião, a adoção de um animal tem sido uma prática recorrente na pandemia?
Guilherme de Matos (GM): A pandemia, sem dúvida, aumentou a procura em relação a adoção de animais na cidade e no País. Como as pessoas estão mais em casa, buscou-se uma forma de ter uma companhia.

JOC: Onde adotar um animal de estimação?
GM: Então, aqui nas nossas cidades, além das prefeituras e dos órgãos responsáveis, também são buscadas as redes sociais para adoção de um animal de estimação, por meio de grupos de adoção que estão focados para essa prática. Diante disso, as pessoas precisam sempre verificar o ambiente em que irão levar esse animalzinho. Por exemplo, não adianta levar para casa um animal de grande porte e deixá-lo em um local com pouco espaço; ele precisa correr, brincar. O tempo livre dos novos donos em casa ajuda na adaptação dos animais.

JOC: Quando se adota um animal?
GM: Um animal em si é um companheiro para todas as horas. Os cães, por exemplo, são fiéis em todo o momento. O gato, porém, é um pouco mais complicado para adoção, porém após a sua adaptação em um novo ambiente ele se torna um grande amigo; é um símbolo de lealdade eterna.

JOC: A pandemia é um bom momento para adotar um animal de estimação?
GM: Eu diria que sim. Nesse cenário a companhia de um pet tem amenizado a dor e a solidão do isolamento social. Quem já tem uma boa relação com os animais, neste período passou a valorizar ainda mais a companhia dos bichinhos e a pessoa estará integrando com o animal por mais tempo. Referente a rotina, as pessoas precisam pensar que a pandemia não é para sempre e pensar para frente, no caso de uma adoção responsável. Por exemplo, quando acabar a pandemia deve-se perguntar: vou ficar pouco tempo em casa? Vou viajar? Com quem o animal vai ficar? Um animal exige tempo, cuidado e responsabilidade por pelo menos 15 anos.

JOC: Em relação ao espaço, o que deve ser considerado na hora de fazer a adoção?
GM: É sempre necessário um planejamento antes de adotar o animal. É preciso pensar se o animal vai ficar dentro de casa ou no terreno. Pisos lisos precisam ser evitados, pois causam problemas ósseos nos animais. Também, um animal de grande porte não deve ficar em um terreno pequeno, isso não é aconselhável, pois ele precisa correr.

Animais e a Covid-19

JOC: Os animais podem contrair ou transmitir a Covid-19?
GM: Não. Porém, ressaltamos que os cães e gatos podem ser acometidos por outros tipos de coronavírus, sendo um dos mais conhecidos do gênero Alphacoronavirus (que são membros do primeiro dos quatro gêneros de coronavírus). O Alphacoronavirus não é transmitido aos seres humanos. O coronavírus canino geralmente causa gastroenterite, vômito e infecção no intestino. Já o coronavírus felino causa a Peritonite Infecciosa (que é uma doença infecciosa causada por vírus do gênero Coronavírus Felino (FCo V-1 e FCo V-2).

JOC: O vírus pode ficar nos pelos dos animais após o toque de uma pessoa com diagnóstico positivo para Covid e, assim, transmitir a outra pessoa saudável que toque o bicho depois?
GM: Em teoria sim, porém não tem estudos que mostrem a permanência do vírus nos tecidos cutâneas – pele e pelos – dos animais. Os animais que circulam em áreas contaminadas, ou seja, na rua, ou que estejam com uma família contaminada, podem carregar o vírus sim, mas repito, não há estudos demonstrando tal evidência.

JOC: Se um animal lamber uma pessoa infectada e depois lamber alguém saudável é possível transmitir a Covid-19?
GM: Não há pesquisa que comprove isso. Porém, a saliva do animal contém componentes ácidos que, em tese, matariam o vírus.

JOC: Como deve ser o cuidado com os animais durante a pandemia?
GM: As pessoas que tem animais devem evitar neste período sair com eles na rua, pois o vírus pode se alojar na pele e pelos do animal. Higienizar os pelos e patas após voltar da rua é de grande valia, lembrando que para a higienização devem ser usados sabão neutro e shampoo com um pano e nunca usar álcool 70% porque é abrasivo para a pele dos animais.

 

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