Professora Edda Hobi, lembra dela?
Após 50 anos dedicados a formação cidadã de centenas de alunos no Vale do Iguaçu, Edda segue com a mesma garra e dedicação
Edda Hobi construiu uma vida no Magistério no Vale do Iguaçu. Foram 50 anos dedicados ao crescimento intelectual de crianças e jovens. Ao completar idade nova, neste 18 de julho, a professora aposentada é dona de uma memória invejável e de um traquejo inteligente.
Sua idade não foi revelada, pois, segundo ela, não são números que importam, mas sim os dias bem vividos e as lembranças a serem compartilhadas. Uma hora de bate-papo ao lado de Edda é pouco para absorver tamanha riqueza de um aprendizado de vida. Edda é uma mulher decidida, daquelas que não é não e sim é sim. Para ela não existe um meio termo.
O manuscrito com as anotações de sua trajetória no magistério foi feito à mão, com tamanho primor que somente uma professora dedicada teria. Sua letra cursiva é artística, toda desenhada no sulfite A4. A professora que tanto reuniu público para ensinar, hoje vive na descrição do seu lar, local em que morou grande parte da vida: Avenida Manoel Ribas, no centro de União da Vitória, na altura no número setecentos.
Sempre próxima das irmãs mais novas, Cléia e Norma, e com um espaço na parede sempre aguardando por mais um retrato daqueles bons momentos em família, Edda dedica o tempo para se atualizar entre a educação e o cenário político. Além disso, confecciona tocas para recém-nascidos a serem doados ao Centro Espírita de União da Vitória.
Edda não é uma mulher acomodada, longe disso. É ativa e inquieta para conhecer lugares do Brasil e do mundo e também por aprender.
Paixão pela sala de aula
Neta de Fredolino e Rosa Hobi – que vieram da Alemanha e da Suíça, respectivamente -, e filha mais velha de Gertrudes e Germano, conta que a família estabeleceu moradia em Porto União (SC) e depois cruzou a linha férrea para o Paraná, vindo para União da Vitória.
Desde mocinha, Edda sempre teve paixão pela sala de aula. Estudou no Colégio Santos Anjos de Porto União, com formação acadêmica em História na Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras (Fafi), hoje campus da Unespar.
Na Escola Professor Serapião em União da Vitória, ela foi nomeada professora em 18 de setembro de 1960. Já, em 1980, Edda foi transferida para o Colégio Estadual José de Anchieta onde permaneceu até 1984.
“Então, eu retornei à Escola Professor Serapião para cumprir o meu segundo padrão, transferida da Escola Maria Ignácia da cidade de Rebouças, conforme a Resolução Nº 1197, de 25 de março de 1986, aguardando por uma vaga em uma escola de 5ª a 8ª séries, na área de História”, recorda mencionando fatos e datas na ponta da língua.
Edda Conta que na escola Professor Serapião sempre procurou desempenhar a vida profissional com entusiasmo, fé e esperança.
“Pensava em seguir sempre avante, enfrentando o novo de cada dia, em um trabalho com esforço e dedicação, fortalecendo-me para as batalhas cotidianas”.
Por um longo período, ela atuou como professora auxiliar de regência e regente de classes. Também foi supervisora escolar de 1ª a 2ª séries.
“Aprendi que ser educadora exigiu de mim humildade e perseverança, além do desejo de ensinar, que é interminável. O meu trabalho com os alunos foi sempre com um olhar mais aos necessitados, ativa a frente de uma realidade que não poderia ser um fracasso”, compartilha.
Em 1989, Edda foi designada a lecionar no Colégio Estadual Bernardina Scheleder em Porto União.
“As atividades nesse período foram as seguintes: auxiliar de direção e regente de classe da 4ª série e auxiliar de regência no 1º ano do ciclo básico”.
Escola Professor Serapião
Edda tem um carinho enorme pelo educandário que completou seus 108 anos de história em junho deste ano. Ela conta que o Grupo Escolar Professor Serapião ou escola Professor Serapião é uma escola pública de qualidade. Fundada em 1913, a escola é considerada patrimônio tombado desde 18 de outubro de 1988.
“Na trajetória percorrida ao longo de sua existência, a escola deixou uma história rica e construída por professores, alunos e funcionários. Foi, sem dúvida, uma ‘escola para todos’, uma escola tradicional, de poucos recursos pedagógicos, porém com professores com vontade de acertar no desenvolvimento do ensino aprendizagem. É uma escola cidadã, tendo como princípio social a formação de cidadãos atuantes, o exercício da cidadania na sociedade democrática; uma escola que visa a inclusão de todos os jovens”.
Caminho é não parar no tempo
Edda tem um orgulho indescritível pelos sobrinhos e demais familiares. É fã das festas populares de Carnaval, participando ativamente do evento nas principais capitais do País. Antes da pandemia, fez um cruzeiro de navio para o Caribe e também viajou para Orlando, na Flórida, onde esteve na Walt Disney World.
Edda, muito obrigado!
O colunista político do Grupo Verde Vale de Comunicação, Brittes Antônio Brittes, foi um dos alunos do primário da professora Edda, na Escola Municipal Professor Serapião. Daquele primeiro encontro com a educadora, já se passaram 60 anos.
Para o comunicador, Edda deixou um legado de valorização do ensino, do processo ensino-aprendizagem e da carreira docente.
“É uma emoção muito grande falar sobre a minha professora do primário. Recordo muito bem do grupo Escolar Professor Serapião, como era chamado na época. Eu tinha uns seis anos de idade e estava no 3º Ano. Eu não parava quieto um minuto sequer. Era um menino que onde estivesse estava sempre a mil por hora. Então, a professora Edda cobrava muito dos alunos e, eu devo muito isso a ela. Ela cobrou uma nova postura minha. Além disso, eu era um menino que havia decorado as tabuadas e todas as capitais do Brasil, que graças a ela, sei até hoje. A Edda foi uma pessoa extremamente dedicada, uma mulher que viveu a sua vida para o magistério e ensinando as crianças. Jamais vou esquecê-la. Pessoa espetacular.
Um abraço muito forte a você professora!”
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