Dada a largada da vacinação infantil contra Covid-19
Perto de completar um ano do dia em que Adalgisa Bueno de Lara fez história no Vale do Iguaçu, aos 107 anos, agora é a vez dos pequenos entrarem para as estatísticas dos imunizados contra a Covid-19.
Até então, dona do título da mulher mais idosa de União da Vitória, Adalgisa é recorrentemente lembrada por ter sido a primeira do grupo acima dos 90 anos a ser vacinada contra a doença respiratória em União da Vitória.
Para quem já havia vivenciado inúmeros acontecimentos históricos – entre eles, guerras mundiais, a chegada do homem à lua, o fim da gripe espanhola – no dia 11 de fevereiro de 2021, Adalgisa pôde ver chegar à porta de sua casa, no Bairro Rocio, a vacina que se tornou o símbolo da esperança para toda a população. A cozinheira, benzedeira e contadora de histórias deixou saudade. Ela faleceu no dia 4 de junho do ano passado, de morte natural.
Assim como a repercussão da vacinação em Adalgisa, outro feito histórico foi comentado em todos os cantos do Brasil na semana passada. Davi, de 8 anos, indígena da etnia Xavante, do Mato Grosso, foi a primeira criança brasileira vacinada contra a Covid-19, em São Paulo. Além dele, na sexta-feira, 14, mais 14 crianças foram imunizadas contra a Covid durante evento promovido pelo Governo de São Paulo.
Entre o público vacinado também estiveram crianças quilombolas e com deficiência.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a vacinação de crianças de 5 a 11 anos em dezembro do ano passado, porém, o 1ª lote da vacina pediátrica da Pfizer contra a doença chegou ao Brasil apenas no dia 13 de janeiro. O lote continha 1,25 milhão de doses. A perspectiva é de que o Brasil receba ao todo 4,3 milhões de doses da vacina pediátrica ainda em janeiro.
Amsulpar
Na noite da sexta-feira, 14, a 6ª Regional de Saúde (6ª RS) de União da Vitória recebeu 930 doses pediátricas da Pfizer para serem aplicadas em crianças de 5 a 11 anos contra a Covid. Cerca de 16.400 crianças nessa faixa etária devem ser vacinadas entre os nove municípios que pertencem a Associação dos Municípios Sul Paranaense (Amsulpar).
A chefe da 6ª RS, Paula Fernanda Quaglio Kryzanowski, afirmou que a equipe de Saúde de União da Vitória e das cidades vizinhas poderão, já podem retirarem o imunizante e iniciarem a aplicação das doses.
“Tivemos um aumento nos casos da Covid, porém, até o momento, sem hospitalizações por conta da Covid; acredito que isso se deva a vacinação. É um compromisso do Ministério da Saúde o envio de novas remessas e todos nós já sabemos que a vacina é o único caminho que nos levou a esse patamar de tranquilidade em relação aos internamentos de leitos Covid”.
O Brasil vive uma nova onda de casos da Covid desde o começo do ano, com o avanço da variante Ômicron. Em meio ao aumento de casos do coronavírus há também a epidemia de gripe, causada pelo vírus Influenza A/H3N2.
O secretário de Saúde de União da Vitória, Fernando Ferencz, acredita que ocorreu um relaxamento das restrições para combater a doença durante as festas de fim de ano.
“Ao mesmo tempo temos a Influenza se disseminando e contaminando as pessoas. Peço que todos procurem a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e realizem a testagem para a Covid; é muito importante”, alerta.
Os testes para Covid em União da Vitória têm parceria com o Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen) e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná, que fica em Curitiba.
Há quase dois anos na linha de frente da Covid-19 em União da Vitória, Ederson Vogel, enfermeiro da Vigilância Epidemiológica, concorda que o ano de 2022 teve um início preocupante para área da Saúde. Aquela trégua que a pandemia parecia ter apresentado em dezembro do ano passado, certamente aliviou muita gente, porém, por outro lado, aproximou muito mais as pessoas, sem uso de máscara, durante o Natal e Ano Novo.
“Não há como prever o quanto as pessoas vão se encontrar e o quanto manterão o distanciamento. Sabíamos que os casos da Covid poderiam aumentar, porém não sabíamos quando e o quanto aumentaria. O número de casos varia muito conforme as pessoas veem as formas de prevenção e sobre como conduzem o distanciamento social. Tivemos as festas de fim de ano e as viagens de um estado para o outro. É cedo imaginar o fim da pandemia, mas eu adianto que eu sou otimista e que tudo isso vai passar. Neste momento é importante as pessoas olharem mais para o lado dos internamentos em hospitais, porque aumentou os casos em União da Vitória, porém não aumentaram os casos graves e, por isso, acreditamos que isso se deve a vacinação”, disse.
Tamanha foi a preocupação com o aumento dos casos que no dia 12 de janeiro o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, anunciou que o Paraná está em estado de epidemia da gripe Influenza.
O aumento no número de casos diários de H3N2 (um tipo do vírus Influenza A) e óbitos em decorrência da doença levaram a esta decisão. A medida é necessária considerando a transmissão comunitária e a presença do vírus em 144 municípios do Estado.
Em Santa Catarina, conforme a Matriz de Risco Potencial Regionalizado divulgada no dia 15 de janeiro, aponta 15 regiões classificadas como risco potencial alto e duas no nível moderado.
Em um comparativo com o relatório divulgado na semana anterior, as regiões do Vale do Itapocu e Alto Uruguai Catarinense se mantiveram no nível moderado e as regiões Grande Florianópolis e Carbonífera se mantiveram no alto. No entanto, houve piora nos indicadores das demais.
Segundo divulgou a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Saúde (SES), as regiões do Alto Vale do Itajaí, Alto Vale do Rio do Peixe, Extremo Oeste, Extremo Sul Catarinense, Foz do Rio Itajaí, Laguna, Médio Vale do Itajaí, Meio Oeste, Nordeste, Oeste, Planalto Norte, Serra Catarinense e Xanxerê, que estavam classificadas como nível moderado no boletim anterior, passaram para o nível alto nessa semana.
A mudança no mapa de risco foi causada principalmente pelo aumento no número de casos confirmados de Covid notificados nestas duas últimas semanas, que tiveram reflexo principalmente na dimensão transmissibilidade, que monitora o número de casos ativos que foram notificados no período e a velocidade de transmissão.
Vale do Iguaçu
O início da aplicação das doses contra a Covid estão programadas para esta terça-feira, 18. Segundo Fernando Ferencz, a equipe da Saúde irá distribuir as doses para os todos os postos da cidade e a primeira criança na faixa etária preconizada que chegar ao local será vacinada. Ou seja, a pasta da Saúde não escolheu uma criança prioritariamente para a largada da vacinação.
Isadora Libânio Despensieri, de 6 anos, foi a primeira criança vacinada contra a Covid no Paraná. O Estado iniciou a imunização infantil contra a doença no dia 15, em Londrina, município em que ocorreu o início simbólico da proteção contra o coronavírus para o púbico de 5 a 11 anos. Ainda no dia 14, o Estado enviou o lote de 65.500 vacinas para as 22 Regionais de Saúde em menos de cinco horas.
O quantitativo descentralizado representa cerca de 5% da população infantil do Estado, estimada em 1.075 milhão.
Em Porto União a vacinação também terá início nesta terça-feira. Segundo informado, o município recebeu 200 doses. Serão vacinadas no primeiro grupo crianças com comorbidades de 5 a 11 anos e do público geral com idade entre 10 e 11 anos.
É preciso o acompanhamento dos pais ou responsáveis, estar portando carteirinha de vacinação e cartão SUS para ser vacinado.
O Governo do Estado de Santa Catarina recebeu na sexta-feira, 14, a primeira remessa de doses pediátricas da Pfizer para dar início à imunização. O avião com as 39.800 doses infantis pousou no aeroporto de Florianópolis às 11h50.
De lá, as doses seguiram para a Central Estadual de Rede de Frio, em São José, para organização da logística de distribuição para as 17 Unidades Descentralizadas de Vigilância Epidemiológica (UDVEs) das Regionais de Saúde de Santa Catarina. A distribuição teve início no sábado, 15.
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