Especial Outubro Rosa: “Eu me vi do outro lado do muro”

Márcia Moller Komar é uma daquelas mulheres de se tirar o chapéu. Cheia de garra, ela transforma o sorriso em estímulo para enfrentar o câncer. É um sorriso carregado de boas energias. Muito conhecida no Vale do Iguaçu, Márcia veio da paranaense Porto Vitória para morar na catarinense Porto União.

Especial Outubro Rosa: "Eu me vi do outro lado do muro"

Márcia Moller Komar.

Ela tem orgulho em afirmar que foi a primeira madrinha do Projeto Amiguinhos do Tratamento, que consiste na confecção de bonecos carecas para ajudar pacientes na terapia do câncer. Além disso, ela é fã ‘número um’ da iniciativa. “O câncer assusta muito. Eu sempre falo para as pessoas para que não tenham vergonha de tocar o seu corpo; só assim percebemos se tem algo errado”, afirma.

Segundo Márcia o Amiguinhos do Tratamento foi iniciado pelo Vilton José Ksionskiewicz (in memorian). “Eis que um dia ele organizou uma campanha de doações para a Páscoa e conversamos pelas redes sociais. Quando nos conhecemos de pronto eu pensei: vou ajudar e ver no que vai dar essa campanha. O Vilton chegou barbudo, com um colete de motoqueiro [nunca me esqueço]. Uma pessoa de bom coração e que foi um grande amigo”.

Depois desse feliz encontro, Márcia recordou o acidente que viveu em 2016. “Eu caí de uma altura de 4,20 metros. Fraturei os braços, a coluna e ocorreu uma explosão da L1 com compressão de medula. Passei por um perrengue. Durante a recuperação do acidente eu reaprendi a andar”.

Márcia arregaçou as mangas e passou a integrar o projeto. “Foi então que eu fui diagnosticada em 2019 com câncer de mama e iniciei o tratamento com quimioterapias, cirurgia e radioterapias. Hoje estou em remissão do câncer, o que significa que eu faço tratamento oral e acompanhamento médico de três em três meses e exames a cada seis meses. Procuro seguir uma vida normal, com alimentação saudável, exercícios físicos e mantenho a minha fé porque acredito que vai chegar o dia do diagnóstico em que estarei curada”.


Laurinha

Márcia também ganhou uma linda bonequinha careca de presente, que recebeu o nome de Laurinha. “Eu me vi do outro lado do muro. Eu acredito que o acolhimento aos pacientes é muito importante, faço visitas para conversar, saber da situação do paciente e da família, quando necessário fazendo campanhas para ajudar com o tratamento, pois o SUS cobre o tratamento do paciente oncológico, porém a maioria faz o tratamento fora e tem aqueles exames que demoram a ser liberados pelo SUS, mais o deslocamento para outras cidades, alimentação, entre outros. Recentemente fizemos campanhas para três menininhas lindas de Porto União chamadas Laurinha, Helô e Patrícia. Essas nossas guerreiras que nos ensinaram muito”, diz.

Além do projeto Márcia também deposita todas as suas esperanças na Campanha Outubro Rosa, que foca na Conscientização sobre o Câncer de Mama.

O Outubro Rosa é um movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama, criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. A data, celebrada anualmente, tem o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença; proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade.

O câncer de mama é o mais frequente entre mulheres no mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) este tipo de câncer representou 11,7% de todos os diagnósticos em 2020, e com isso, superou o câncer de pulmão, que até então era o mais comum.

No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se que até o final deste ano 66.280 diagnósticos da doença sejam feitos. No Paraná são esperados 3.470 novos casos com taxa bruta de 59,26 para cada 100 mil. Santa Catarina tem a segunda taxa mais alta do país, atrás apenas do Rio de Janeiro, com a estimativa de 93,05 casos para cada 100 mil mulheres. O número é considerado alto quando comparado com a média nacional, que é de 61,61 casos entre cada 100 mil brasileiras – com base na taxa bruta.


Vale do Iguaçu

A presidente da Rede Feminina de Combate ao Câncer no Vale no Iguaçu (RFCC), Rosa Augusta Hausen, comenta que a campanha conta com participação expressiva, tanto de mulheres como de homens. Com o tema “A vida é um desafio; Transforme-se”, a programação iniciou com a Caminhada Rosa, no dia 05, e panfletagem pelas cidades. “O Outubro Rosa é uma das maiores campanhas em prol da saúde da mulher. Seu maior foco é alertar mulheres e sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce”.

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Amiguinhos do Tratamento

O criador do projeto Amiguinhos do Tratamento, Vilton José Ksionskiewicz fez história no Vale do Iguaçu.

Vilton José

Ele faleceu no dia 24 de agosto de 2020, aos 41 anos. Por mais de dez anos ele lutou contra o câncer e necessitava de um transplante. Desde que foi diagnosticado com a doença, Vilton se mobilizou para desenvolver ações em datas comemorativas aos pacientes com câncer em União da Vitória e Porto União. “O Vilton contou que enquanto aguardava por um transplante um amigo dele, o Marcelo Schwan, lhe presentou com um boneco do Woody da animação Toy Story, para lhe fazer companhia durante a sua recuperação. Foi então que surgiu a ideia do Projeto Amiguinhos do Tratamento. Foi um bonequinho, depois dois, três, quatro. Os bonecos foram até para fora do País, como é o caso da Holanda. O objetivo do projeto é conectar as pessoas e levar um pouco de fé e esperança. Deus mostra as coisas para a gente. Muitas pessoas abraçaram o projeto”, recorda Márcia.


Serviço:

Saiba mais: www.facebook.com/amiguinhosdotratamento/

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