“Se eu tivesse um filho nessa faixa etária com certeza eu o imunizaria”
Pediatra no Vale do Iguaçu reforça a importância da vacinação infantil contra Covid-19. Para ele, a imunização coletiva contribui para diminuir a carga viral em circulação na sociedade
Cerca de 15 estados brasileiros e o Distrito Federal iniciaram no dia 15 de janeiro a campanha de vacinação para as crianças contra a Covid-19. No dia anterior, 14 de janeiro, o menino Davi Seremramiwe Xavante, de 8 anos, foi o primeiro na faixa etária de 5 a 11 anos a receber a dose do imunizante.
Após esse feito histórico, as demais cidades brasileiras passaram a divulgar os seus calendários vacinais, como foi o caso do Vale do Iguaçu, que disponibilizou as doses nos postos de Saúde no aguardo do público alvo.
Na noite da sexta-feira, 14, a 6ª Regional de Saúde de União da Vitória recebeu 930 doses pediátricas da Pfizer para serem aplicadas em crianças de 5 a 11 anos. Cerca de 16.400 crianças nessa faixa etária devem ser vacinadas entre os nove municípios que pertencem a Associação dos Municípios Sul Paranaense (Amsulpar). O início da aplicação das doses aconteceu no dia 18.
Na mesma data, Porto União também deu a largada na campanha. O município, até o momento, recebeu 200 doses do imunizante. Serão vacinadas no primeiro grupo as crianças com comorbidades e o público geral com idade entre 10 e 11 anos.
“A vacina não é obrigatória e as pessoas têm o poder de decisão. Mas se eu tivesse um filho nessa faixa etária com certeza eu o imunizaria. Ao meu ver a imunização coletiva contribui para diminuir a carga viral em circulação na sociedade”, afirma o pediatra no Vale do Iguaçu, Plínio Leonel Jakimiu.
De acordo com ele, a vacinação não necessita de uma receita médica para recebê-la, mas sim, é recomendado o acompanhamento dos pais ou responsáveis juntamente da criança, além da apresentação da Carteirinha de Vacinação e Cartão SUS para ser vacinado.
“Acredito que por meio da vacinação teremos um controle maior da doença respiratória. A vacina pode atenuar os sintomas da doença em crianças, se eventualmente ela ocorrer; além de diminuir a circulação do vírus e possibilidade de novas cepas (tipos), como é o caso da variante Ômicron, já presente em diversas cidades brasileiras e também na nossa região”.
A vacinação infantil ocorrerá, de acordo com o Governo Federal, em ordem decrescente de idade (das crianças mais velhas para as mais novas), com prioridade para quem tem comorbidade ou deficiência permanente e para crianças quilombolas e indígenas, com intervalo de oito semanas.
“As crianças ficaram um pouco a margem desse processo de vacinação contra a Covid em sua fase inicial. Até porque, os sintomas da doença no adulto são muito mais graves, conforme os relatos apurados até agora. As vacinas foram estudas e passaram por processo de controle. Os pais podem ficar tranquilos porque essas vacinas já foram testadas. Os Estados Unidos, por exemplo, já divulgou a aplicação de cerca de oito milhões de doses de vacinas contra Covid-19 em crianças. Nenhuma morte foi registrada e eventos adversos graves foram raros na imunização de crianças no país”, explica.
O pediatra comenta que as reações adversas podem ocorrer, assim como em qualquer outra aplicação de vacina pelo País. Porém, os especialistas da medicina não tem divulgado índices de rejeição, pelo menos nessa faixa etária – de 5 a 11 anos.
Plínio citou os Estados Unidos porque segundo a FDA (Food and Drugs Administrations, agência sanitária dos EUA) a autorização da vacinação de crianças no país aconteceu em 29 de outubro de 2021. O imunizante autorizado foi o da Pfizer e a vacinação começou em 03 de novembro. Até 19 de dezembro, as doses foram administradas sem maiores problemas.
“As doenças respiratórias estão chegando nas crianças, ou seja, infecções por coronavírus estão aumentando no público infantil. Tivemos no Brasil cerca de 2.500 crianças que foram a óbito pela doença e é uma cifra que chama a nossa atenção. A vacina contra a Covid no público infantil tem o mesmo processo de realização que as de um adulto, porém a sua dosagem é um terço do valor da dosagem do adulto. A vacinação tem tido um acompanhamento e respaldo técnico da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Sociedade Brasileira de Infectologia. Mas, tenho dito que quanto menos aglomeração, menos chance de contaminação”, diz.
Conforme o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha, em um artigo divulgado em julho de 2021, a história da vacinação no Brasil sempre viveu de altos e baixos. Segundo ele, criadas como política governamental ainda no tempo imperial, as vacinações compulsórias motivaram revoltas populares, mas década após década, o Brasil foi ganhando espaço como um dos países mais preparados para campanhas vacinais.
Citou como exemplo o Brasil Império, onde em 1837 foi estabelecida a imunização compulsória contra a varíola nas crianças. No ano de 1846, foi criado o Instituto Vacínico do Império e, em 1900, foi criado o Instituto Soroterápico Federal, com o objetivo de fabricar soros e vacinas.
Mais adiante, relembrou que em 1961 foi realizada a primeira campanha de vacina contra a poliomielite. No mesmo ano, o Instituto Oswaldo Cruz iniciou a técnica de diagnóstico laboratorial da doença. “São anos de luta para eliminar uma doença de determinada comunidade, mas o tempo para que ela retorne é expressivamente menor. Levamos quase 50 anos para eliminar o sarampo e, rapidamente, com baixas coberturas vacinais, tivemos essa volta”, disse o especialista.
Aliviada
Viviane Cristina de Jesus, moradora do bairro Santa Rosa, em Porto União, esteve atenta para a divulgação do calendário vacinal contra a Covid-19 para as crianças. Ela verificou as datas e mencionou alívio em levar a filha Victoria Sarah da Silva, de 11 anos, para receber o imunizante.
A menina que sorriu para a sua mãe pela primeira vez no dia 4 de junho de 2010, conseguiu lacrimejar os olhos de Viviane como se fosse aquele dia. Victoria foi corajosa e recebeu a primeira dose da Pfizer pediátrica. Em sua agenda de pré-adolescente irá compartilhar mais um feito em sua vida que foi a vacinação contra a Covid, que certamente ficará ao lado dos artistas pops, atores de novelas teen e de seus preferidos versos musicais.
Viviane aguarda agora a vez da vacinação do Arthur Henrique, de 6 anos. Ele esteve com a mãe e a irmã no momento da aplicação da dose em Victoria e fez inclusive os registros fotográficos. O pequeno já sabe sobre a prevenção para a Covid-19 e aguarda a sua vez para receber o imunizante.
Serviço
Anualmente o Programa Nacional de Imunizações (PNI) disponibiliza a vacinação gratuita para toda a população e divulga o calendário vacinal atualizado para todas as idades.
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