História de Diego Alfredo Pinto relembra importância do Maio Amarelo

Era início de mais uma manhã comum quando Isoléte Pissaia recebeu a notícia que mudaria sua vida. Naquele 17 de janeiro de 2010, seu filho, Diego Alfredo Pinto, foi vítima de um acidente de trânsito. O jovem pilotava uma moto na rua Padre Anchieta, em Porto União, quando teve a preferencial cortada por um carro. A força do impacto foi tanta que Diego foi arremessado a 300 metros de distância do local da batida. O motorista do carro estava alcoolizado.

Foi o irmão de Diego que informou Isoléte sobre o acidente. “Ele só quebrou a perna”, disse, chamando a mãe para ir até o hospital. Quando os dois chegaram no Hospital São Braz – São Camilo, ficaram sabendo que o jovem estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Apenas na parte da tarde receberam o diagnóstico de que Diego havia sofrido um traumatismo craniano.

No mesmo dia, Diego passou por cirurgia para colocação de um dreno cerebral. Durante os 17 dias em que ficou internado, vieram algumas complicações, entre elas uma infecção hospitalar e um princípio de pneumonia. A pior delas, entretanto, aconteceu logo nos primeiros dias de internação na UTI. Isoléte havia sido informada que o filho se recuperava satisfatoriamente. A previsão dos médicos era de que Diego, após ser extubado e deixasse de receber sedativos, acordasse bem e ficasse apenas com leves sequelas. Porém, durante o procedimento, Diego sofreu uma parada cardiorrespiratória que o fez entrar em coma, situação que se estende até hoje, de forma vigil. “Os médicos não davam nenhuma esperança de vida para ele, mas eu implorei tanto para Deus que deixasse meu filho comigo, que ele ficou com pena e me deixou do jeito que ele está hoje”, relembra Isoléte.

Hoje, 14 anos após o acidente, Diego precisa de cuidados 24 horas por dia. A cada duas horas, Isólete troca a posição do filho na cama. Alimentos, água e remédios são ofertados por meio de uma sonda. “Hoje ele está em coma vigil, só com o olho aberto. E ele ri quando eu falo com ele. Alguma coisa ele entende, só que médico nenhum sabe dizer até onde ele entende, se ele enxerga, porque ele não fixa o olhar, não mexe braço, não mexe perna”.

História de Diego Alfredo Pinto relembra importância do Maio Amarelo

 Isoléte Pissaia e o filho, Diego Alfredo Pinto. Foto: arquivo pessoal

Os planos de Diego, que na época do acidente era um jovem de 19 anos, foram interrompidos pela imprudência de um terceiro. Alegre, o jovem gostava de estar perto de amigos e da família. Também já estava empregado, o que permitiu que Isoléte conseguisse aposentar o filho, dinheiro que hoje ajuda nas despesas, que não são poucas. Diego também tinha desejo de cursar o ensino superior. “Ele tinha acabado de fazer a inscrição para fazer vestibular. Não deu tempo”, lamenta a mãe.

Para que outras pessoas não precisem sentir na pele o que Diego e Isoléte sentem, a mulher faz um apelo. “Eu peço que as pessoas se cuidem. Se beberem, não saiam dirigindo para não acontecer o que aconteceu com meu filho, porque o Diego não tinha ingerido nada de álcool. Nada, nada, nada. Fizeram os exames e ele não tinha bebido nada, só água. Mas a pessoa que bateu estava tão embriagada que não podia nem sair do carro. Então, o que eu peço é que, pelo amor de Deus, que as pessoas que estão no trânsito tenham mais empatia com as pessoas. Se cuidem, porque é muito jovem indo, é muito jovem morrendo. (…) Que Deus abençoe, que cuide, que proteja, porque nenhuma mãe merece passar o que eu estou passando, isso eu não desejo para ninguém. Não é fácil você 24 horas por dia ver seu filho ali. [Ele sofreu o acidente] quando ele tinha 19 anos, hoje ele está com 33, então ele tinha a vida inteira, estudar, trabalhar, casar, ter família, e hoje eu vejo o meu filho numa cama, e agradeço a Deus dele estar aqui, porque eu pedi que Deus deixasse ele comigo, que ele não é um peso para mim, nunca foi, nunca será, mas eu peço que Deus me ajude e me dê força também para poder cuidar dele, porque não é fácil, mas Deus tem nos fortalecido cada dia mais”.

Diego antes do acidente. Foto: arquivo pessoal


Acidentes se agravam

Mesmo com a diminuição do número total de acidentes em União da Vitória entre 2022 e 2023, passando de 554 para 526, o número de acidentes fatais no município saltou de um em 2022 para dez em 2023, segundo dados do Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito do Ministério dos Transportes.
Em Porto União, o número total de acidentes em 2022 foi de 395, resultando em três óbitos. Não há dados disponíveis para o ano de 2023.

Com a intenção de conscientizar a população sobre os cuidados no trânsito, o Brasil celebra neste mês a 11ª edição do Maio Amarelo, que neste ano tem o tema “Paz no trânsito começa por você”. Para o deputado estadual e líder do governo na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Hussein Bakri, autor da lei que institui o Maio Amarelo no estado, a campanha é uma forma de relembrar os motoristas que a segurança no trânsito depende da prudência e atenção às leis. “O que precisa focar mesmo é que a decisão está na nossa mão. Fazer as crianças entenderem, os pais passarem para os filhos. Que a decisão entre a vida e a morte está na nossa mão. A decisão de pegar um aparelho de celular e colocar no vidro e ler uma mensagem está na nossa mão. A decisão de mexer no som do carro, a decisão de pisar mais no acelerador, a decisão de ser imprudente e aquela decisão não tem mais volta. Não tem mais volta”.


O que fazer em caso de acidente?

O ortopedista Lucas D’Amico relata que, em casos de acidente de trânsito, as lesões que mais preocupam são as que geram trauma crânio-encefálico, de tórax e abdominal, principalmente quando podem ser identificadas prontamente. “Mais preocupante é o trauma crânio-encefálico em que o paciente perde a consciência. Traumas de tórax com dificuldade respiratória ou que podem ter algum sangramento no tórax. Nos traumas ortopédicos, a gente pode citar os traumas da pelve, fratura de fêmur, fratura de tíbia, que são as fraturas de ossos longos, essas são fraturas que podem vir até um sangramento e colocar em risco a vida do paciente”.

O especialista indica que, mesmo que não haja sinais aparentes em um primeiro momento, é possível que uma vítima de acidente de trânsito tenha sofrido lesões. Por isso é importante estar atento aos sinais do corpo. “Caso você tenha sintomas ou principalmente piora dos sintomas nas primeiras horas após um acidente, o ideal é procurar atendimento médico. A gente sempre coloca isso como uma prioridade para ter certeza que o paciente não tem algumas lesões que podem se desenvolver depois, principalmente lesões abdominais, lesões torácicas e até lesões ortopédicas”.

Lucas também deixa um alerta para quem presenciar um acidente com vítimas. A orientação é não manipular a vítima para evitar o agravamento de possíveis lesões, e prontamente acionar especialistas, como os bombeiros e o SAMU.

Para minimizar as lesões, Lucas relembra que é crucial respeitar as leis de trânsito. “Nunca é demais a gente falar sobre usar o cinto de segurança, não dirigir embriagado, respeitar as leis de trânsito, respeitar a velocidade e fazer com que as novas gerações entendam os problemas que podem acontecer se você não seguir as leis de trânsito”.

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