O início de uma das maiores obras públicas de nossa história
Registro fotográfico histórico: engenheiro João Kloss (que era um dos diretores da extinta RVPSC), assinava o documento de transferência da área de sua propriedade necessária para a implantação do sistema de captação e tratamento de água, na presença do prefeito Domício Scaramella, advogado Moacir de Melo, Guerino Massignan e Dom Geraldo Pellanda, bispo da diocese de Ponta Grossa. A diocese de União da Vitória ainda estava em estudos no Vaticano.
Uma obra corajosa e importante
Foi, sem a menor dúvida, uma iniciativa corajosa, indispensável para a população, mas que, lamentavelmente, por circunstâncias que não vou enfatizar, acabou não recebendo a atenção que deveria ter, pois, infelizmente, sempre faltou a muitos de nossos gestores públicos, com algumas exceções, visão de futuro, como se as cidades irmãs fossem permanecer estagnadas em desenvolvimento, sobretudo populacional.
Porto União, com uma população bem menor que a de União da Vitória e porque está em uma posição mais elevada, também já sentia o problema, mas o maior mesmo era de União da Vitória, sendo necessária com urgência, através da Prefeitura, então comandada por Domício Scaramella, providências para equacionar um problema sério para grande parcela da população: escassez de água potável.
Estudos foram realizados
Foi então que o prefeito Domício Scaramella, com orientação de técnicos, decidiu implantar o sistema de tratamento de água.
A área adequada foi encontrada, no alto do Distrito de São Cristóvão, para a instalação dos sistemas de captação de água do Rio Iguaçu, de tratamento, reservatório e da rede de distribuição, extensa até o centro urbano.
Obras foram iniciadas
A foto, de 1967, registra o momento em que o prefeito Domício Scaramella, acompanhado pelo advogado Moacir de Melo, que foi o presidente do Simae (Serviço Intermunicipal de Água e Esgoto) de nossas cidades, inspecionava as obras de construção do sistema de bombeamento de água do Rio Iguaçu para a estação de tratamento e reservatório que estava sendo construído com recursos das prefeituras de União da Vitória, de Porto União, e financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
Além do prefeito Domício, aparecem na foto Ireno Vicente (presidente da Câmara Municipal), Ilceu Gaertner, João Jairo Canfield e engenheiro Horst Moeck. Todos de saudosa memória, com exceção do autor da coluna, provavelmente ainda preservado para fazer o registro de ato tão relevante.
A criação do Simae
O sistema de captação, tratamento e distribuição começou a ser consolidado através do Simae nas gestões dos prefeitos Domício Scaramella (União da Vitória) e Victor Buch Filho (Porto União), mas inaugurado em 1972 pelos prefeitos Tancredo Benghi (UVA) e Serafim Caus (PU).
Sanepar assume os serviços
Porque era realmente uma obra gigantesca e por uma questão geográfica, já que o quadro urbano de União da Vitória e Porto União é único, de acordo com decisão de órgão agora extinto do Ministério da Saúde, impossível de executar o projeto só para União da Vitória, tecnicamente e financeiramente, passou a depender de apoio dos governos estaduais (PR/SC) e até federal, sendo então criado o Serviço Intermunicipal de Água e Esgoto (Simae), contando com recursos das duas municipalidades e até com financiamento internacional.
Então a Sanepar, com a responsabilidade de concluir todos os projetos estabelecidos pelas prefeituras, bem como atender as futuras demandas, assumiu os serviços, com os primeiros contratos assinados nas gestões dos prefeitos (de saudosa memória) Alcides Fernandes Luiz (UVA) e Alexandre Passos Puzyna (PU). Quem assinou o contrato, pelo prefeito de Porto União, foi a vice-prefeita Salime Farah, que estava no exercício no cargo.
Não foi favor nenhum da Sanepar
A Sanepar (Companhia de Saneamento) é uma empresa mista criada em 1963 no governo de Ney Braga. E tem prerrogativas legais de gerar lucros. Ao assumir o sistema de União da Vitória/Porto União, para manter os serviços nas cidades irmãs – embora de estados diferentes – o sistema de captação, tratamento e distribuição de água tratada, que deveria ser sempre de boa qualidade, além da implantação da rede e tratamento de esgoto sanitário, a Sanepar não fez nenhum favor, porque é uma empresa mista, que visa lucros, mas que em grande parte devem ser utilizados na melhoria dos serviços.
Exatamente como aconteceu no início de tudo, quando o qualificado técnico Werner Eugênio Zulauf, do Ministério da Saúde, após concluir os estudos solicitados em toda a cidade com sua equipe, disse aos prefeitos Domício Scaramella e Victor Buch Filho, ENFATICAMENTE:
“Prefeitos, quando se trata de tratamento de água, que é um problema de saúde pública, não existem fronteiras, porque União da Vitória e Porto União são um único quadro urbano e, o mais importante, tem uma única fonte de captação, que é o Rio Iguaçu”. Nunca esqueço dessa afirmação.
Foi a arrancada para a criação do Simae, que, pela grandiosidade e importância para a saúde da população, também não deu conta.
E a Sanepar, que não está aí de favor, porque é uma empresa mista que visa lucros, com contratos renovados pelas prefeituras, deve, independentemente de ser União da Vitória (PR) ou Porto União (SC), cumprir com os termos contratuais, com fiscalização rigorosa dos Poderes Legislativos e dos Ministérios Públicos.
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