Professora Amasília e sua importância para a consolidação da educação em nossas cidades
Já se passaram mais de 83 anos de seu falecimento, mas a professora Amasília, desbravadora da educação em nossas cidades, está viva na lembrança da população. Está eternizada em uma importante via pública: Rua Professora Amazília (com Z mesmo).
O texto do histórico da Professora Amasília foi produzido por Mariano Filho, com informações obtidas no arquivo da Secretaria de Educação do Estado do Paraná.
Amasília Pinto de Araújo nasceu a 8 de março de 1885 no Estado do Paraná, filha de Antonio Costa Pinto, prestigiado político da região, e de Maria Francisca Costa Pinto. Eram seus irmãos: José, Ranulfo, Eugenio e Altina.
Aos dez anos recebeu com distinção o seu primeiro diploma do Curso Primário, em sua terra natal.
Perdeu seu pai muito cedo e, como primogênita que era, tomou a si o encargo da família e, por exemplo, granjeou o espontâneo respeito dos irmãos menores.
Acendendo a convite e por influencia de seu tio João de Oliveira, sacerdote na época, deixou a sua cidade natal e em Curitiba matriculou-se na escola Normal Secundária, hoje Instituto de Educação do Paraná. Ali sempre se distinguiu nos estudos, graças à sua capacidade e firme disposição de vencer na vida.
Em 1903, quando estudante e para ajudar sua família, bordava enxovais para as noivas curitibanas, porque era muito habilidosa em trabalhos manuais.
Formou-se professora Normalista aos 18 anos de idade. Nomeada em 10 de outubro de 1904 para reger efetivamente a cadeira de professora em União da Vitória, assumiu aos 7 de novembro. Trouxe em sua companhia a avó materna, sua mãe, seus três irmãos menores, uma prima e uma tia, na intimidade chamada Fanny, que foi o seu braço forte na direção da casa, constituindo, assim, numerosa família.
Iniciou sua carreira no magistério paranaense aos 19 anos de idade, sendo, portanto, a primeira professora normalista de União da Vitória.
Manteve a escola, constituída de 80 alunos, por muitos anos em uma pequena casa, sem conforto algum.
Lecionava diariamente nos dois períodos, com a responsabilidade de orientar, educar e formar os alunos de todas as séries.
Contraiu núpcias em 10 de junho de 1910 com o Sr. Octávio de Araújo, conceituado comercialmente, de tradicional família paranaense, com ramificação em Guarapuava (PR).
Em 1913 lecionou no Grupo Escolar que fora construído pelo governo paranaense para receber o nome de Professor Serapião, mas que, em virtude da perspectiva do Acordo de Limites com Estado de Santa Catarina, tomou a denominação de Professor Balduíno Cardoso, instituição educacional muito conceituada.
Em princípio do ano de 1914, em abril, com a colaboração do povo e das autoridades locais, desfilou com seus alunos em homenagem ao então Presidente do estado do Paraná, Dr. Carlos Cavalcanti, quando de sua visita à União da Vitória.
No ano de 1916 a morte feriu-lhe fundo, roubando impiedosamente do seu convívio o companheiro querido que o destino lhe dera, para lhe tirar pouco tempo depois. Foi como se lhe arrancasse da alma a esperança. Mas não esmoreceu. Soube enfrentar com resignação esse doloroso golpe, consciente de que precisava reagir porque seus quatro filhos menores necessitavam de seu amparo e proteção.
Viúva aos 31 anos consagrou sua existência à escola e ao lar.
Afastou-se da vida social e dedicou-se unicamente aos filhos e aos alunos, dando-lhes admirável exemplo de honestidade e perseverança.
No ano de 1917, concluídas as negociações decorrentes do Contestado com a divisão da cidade em União da Vitória (PR) e Porto União (SC), passou a lecionar em União da Vitória, em prédio edificado pelo governo paranaense denominado Grupo Escolar Professor Serapião.
Em 1920 foi designada interinamente para dirigir esse educandário.
Mestra por vocação, amava seus alunos e era correspondida pelos mesmos que lhe devotavam profundo respeito.
Além de suas exaustivas atribuições, trabalhou intensamente como secretária da Associação de Proteção à Maternidade e à Infância de União da Vitória, obra que exigiu trabalho e abnegação do povo, especialmente das senhoras, cuja benemerência se estende ainda hoje aquela coletividade.
Manteve por vários anos cursos particulares não só para crianças, mas também para adultos que, confiantes em seus ensinamentos, a procuravam com o objetivo de progredir na vida.
Por Decreto de 4 de janeiro de 1929, foi nomeada para reger uma das classes da Escola Complementar criada em União da Vitória naquela época. Aí permaneceu até a data de sua aposentadoria ocorrida no ano de 1936. Lecionou, portanto, durante 32 anos, sempre em União da Vitória.
De pequena estatura, sua aparência franzina contrastava com sua forte personalidade, que inspirava respeito a todos que dela se aproximavam.
Emotiva, sempre evitava exteriorizar seus sentimentos.
Seu espírito de fraternidade acolhia a todos, a ponto de se sacrificar para dar-lhes amparo moral e até financeiro, não obstante seus limitados rendimentos.
Assim, abrigou em seu lar muitas professoras que a ela recorriam atraídas pelos seus ensinamentos, pois possuía profundo espírito religioso.
Sociável, caritativa, amiga, para todos tinha uma palavra de conforto e estímulo.
No desempenho de seu mister durante tantos anos, viu passar pelos bancos escolares várias gerações. A todas procurou dispensar o máximo carinho e ministrar, com as primeiras letras, o sentimento da moral que conduz ao caminho do bem.
Foram muitos seus alunos que se destacaram no mundo político, científico, artístico e em outras atividades úteis à sociedade.
Dentre eles, mencionamos os seguintes: Doutores Iracy Viana, Manoel Doria Pinheiro Guimarães, Neylor Vasconcelos de Andrade, Nelson Malheiros de Araújo, Algacyr Guimarães, Arildo José de Albuquerque; Coronéis: Clodomiro Nogueira, Adélio Conti e o General Ítalo Conti; Srs. Sylvio Malheiros de Araújo, José Alexandrino de Araújo Filho, Irineu de Araújo, Francisco Pacheco Cleto, Farid Guérios, Clotilde Gomy Ribeiro, poeta Dante Augusto, Professoras Cossete Augusto, Vanda Adam, Sofia de Oliveira, Zoraide Oliveira Murmester e muitos outros.
Aos 28 de dezembro de 1938 deixava de existir a venerada mestra, tendo seu óbito ocorrido em Curitiba, longe da terra que ela tanto amou como se fosse o seu próprio berço e do povo que tanto a respeitava.
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