O fisioterapeuta paranaense Adriano Tiezerini, 40 anos, será julgado pelo Tribunal do Júri no dia 13 de outubro, a partir das 9h30, em Curitiba, acusado de mandar matar a namorada catarinense Andresa Mendes, 43 anos, por não aceitar o fim do relacionamento. Na denúncia, o Ministério Público do Paraná enquadrou agravantes como motivo fútil e crime contra mulher, envolvendo violência doméstica e familiar. Adriano Tiezerini está preso no Complexo Médico Legal do Paraná – CMP, desde janeiro de 2021 por descumprir medidas restritivas, como sair sem autorização da comarca do Paraná. Antes da prisão, chegou a usar tornozeleira eletrônica.
O crime ocorreu no dia 29 de dezembro de 2018, em frente a uma farmácia no bairro Batel, em Curitiba. Andresa Mendes, que é de Florianópolis, estava com uma amiga quando um homem jovem, de aproximadamente 24 anos, vestindo bermuda e camisa de time de futebol se aproximou e efetuou seis disparos de revólver, sendo que quatro atingiram a vítima: um atravessou o braço direito e as outras três perfuraram o abdômen, atingindo vários órgãos. Ela foi socorrida e levada em estado grave ao Hospital do Trabalhador, onde ficou internada por 12 dias. Andresa voltou a morar com os pais, em Florianópolis.
Relacionamento abusivo
Andresa conheceu Adriano na capital catarinense em 2012, em um evento de MMA em que ele promovia. Já teve como pacientes os lutadores Maurício Shogun e Wanderley Silva. O relacionamento evoluiu rápido para namoro e, aos poucos, ele foi mostrando um mundo que não era real. Dizia ser proprietário de apartamento com vista para o mar e carro importado. Na verdade, nada estava em seu nome e devia dinheiro para vários atletas. Passou a controlar a vida da namorada, que começou a desconfiar que Adriano tinha relacionamento com outras mulheres.
Dois anos depois, ele voltou a Curitiba, retornando às atividades de fisioterapeuta e Andresa, então com 36 anos, resolveu sair da casa dos pais e morar com o namorado, apostando que poderia melhorar o relacionamento, já que estava apaixonada. Adriano alternava gentilezas com agressividade e, na primeira briga, ele chegou a furar a porta do quarto com o pé e só parou porque ela conseguiu chamar a polícia. Era o primeiro boletim de ocorrência de muitos que viriam.
Mas as agressões continuaram. Humilhações psicológicas, discussões públicas, tapas, chutes, cabeçadas. Quebrava celular e, muitas vezes, chegava a trancá-la no quarto.
Em junho de 2018, depois de mais uma briga na frente dos familiares dela, Andresa decidiu que precisava da separação. Adriano não aceitou a decisão da namorada e um mês depois, resolveu então morar na capital catarinense. “Foram os piores meses da minha vida”, relata Andresa. O fisioterapeuta mentiu estar com câncer, passou a persegui-la e chegou, inclusive, a colocar rastreador no carro dela. Adriano a presenteou com um gato, o Odin, que ficava na casa dele. Para força-la a ir à casa, inventava viagens para que ela fosse cuidar do gato. Vendo que Andresa não iria reatar o namoro, ele resolveu voltar para Curitiba.
No final de 2018, Adriano pede para que Andresa o ajude a levar Odin para a capital paranaense. Com pena do gato, ela resolve ajudar Adriano, mas com medo de ir sozinha convida uma amiga para ir junto, já comprando passagens para retornarem no mesmo dia, 29 de dezembro. Elas chegaram a almoço com Adriano num restaurante da Praça da Espanha. Na saída do restaurante, Andresa quis passar em uma farmácia antes de ir para a rodoviária. Adriano pediu para que as duas fossem caminhando até a farmácia, enquanto ele faria a volta no quarteirão com o carro. Foi neste momento, em que Andresa conversava com a amiga na frente da farmácia, que houve a tentativa de assassinato. O autor dos disparos até hoje não foi identificado e encontrado pela polícia.