Condenados por homicídio em Canoinhas após seis dias de julgamento

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Atualizado há 6 meses

Depois de seis dias de julgamento, tornando-se o mais longo tribunal do júri da história recente da comarca de Canoinhas e um dos mais longos da história de Santa Catarina, o conselho de sentença decidiu por maioria de votos condenar os três réus acusados do assassinato de Cláudio Herbst, 27 anos, em 15 de abril de 2021, dentro de sua casa em Canoinhas. A sentença foi lida às 20h45 pelo juiz que presidiu o julgamento, Eduardo Veiga Vidal.

Nelvir Gadens, pecuarista acusado de ser o mandante do crime, foi condenado a 21 anos de prisão em regime inicial fechado.

Marcio Gabriel Mariano, acusado de ter executado Claudio, foi condenado a 19 anos de cadeia.

Ademir Alves, acusado de dirigir o carro usado por Mariano na fuga, também foi condenado a 19 anos. Todos foram denunciados por homicídio triplicamente qualificado – motivo fútil, recurso que impediu defesa da vítima e mediante paga ou promessa.

Os debates que aconteceram neste sábado, 11, entre o Ministério Público e a banca de 10 advogados que defendeu os réus, concluíram o julgamento tenso desde o primeiro dia quando ao longo de mais de oito horas, na segunda-feira, 6, o delegado que conduziu o inquérito, Darci Nadal Junior, foi sabatinado pela defesa e acusação. Ao longo de toda a semana, a defesa dos réus bateu na tecla de que houve falhas na investigação, como o fato de a única testemunha do crime, um amigo de Cláudio que trocava lâmpadas em sua casa, teria sido ouvido somente 42 dias depois do crime. Esta testemunha não foi arrolada para ser ouvida no tribunal.

Suposto pivô do crime, a ex-companheira de Nelvir, Carolina de Souza, que estava namorando a vítima, apesar de ser intimada a prestar depoimento no tribunal, não compareceu. Uma carta dela enviada a Nelvir na cadeia foi uma das peças da defesa. Na carta ela faz uma declaração de amor ao ex-companheiro, provando, na tese da defesa, que o relacionamento deles nunca teve fim.

Para a defesa, Nelvir enviou Alves e Mariano para Canoinhas a fim de saber do comportamento de Carolina depois da separação. Ele viveu com ela em Guarapuava (PR). O pecuarista insiste que não encomendou a morte do namorado da ex.

Em depoimento, Marcio admitiu ter matado Herbst. Ele isentou Nelvir da acusação de ser mandante do crime. Afirmou que é integrante do PCC, grupo criminoso sediado em São Paulo com ramificações em todo o País e que em Santa Catarina trava uma disputa de território com o PGC, grupo fundado por um canoinhense, Nelson dos Santos, o Setenta, dentro do Presídio de São Pedro de Alcântara (SC).

Márcio disse que o fato de ele estar em Canoinhas, território entendido como do PGC no meio das facções, fez com que ele fosse chamado a São Mateus do Sul, onde integrantes do PCC teriam chamado sua atenção. Por achar que Herbst o havia entregado a facção, Marcio teria ido com Alves a casa da vítima cobrar satisfações. Herbst, com quem ele teria se reunido dias antes na praça Lauro Muller, em Canoinhas, abriu o portão e recebeu Marcio. Alves ficou no carro.

Marcio diz que ao começar a conversar com Cláudio, se assustou ao ver o amigo da vítima que trocava lâmpadas na casa. Foi quando sacou a pistola e começou a atirar, disparando nove tiros contra Cláudio (dois atravessaram a pele e atingiram outros órgãos).

Ao fugir, Márcio foi visto por um policial. Uma perseguição foi iniciada, e eles foram presos no Paraná, antes de chegarem a Guarapuava.

Um policial militar chegou na casa de Claudio e o amparou ainda vivo. Cláudio disse que o mandante do assassinato era Nelvir e que não tinha reconhecido o assassino porque ele estaria mascarado.

REUNIÃO NA PRAÇA

Segundo a defesa, além de um encontro na praça Lauro Muller, Herbst e os acusados da execução teriam tido vários contatos. Teriam, inclusive, simulado uma suposta morte de Herbst relatada a Nelvir antes de o fato ter sido consumado. Essa foi uma das linhas da defesa pra tentar provar vínculo entre os três.