A validação dos votos do PDT não muda a lista dos vereadores eleitos em União da Vitória no último dia 2. Quando anunciou o resultado oficial das eleições 2016, a Juíza Eleitoral da 33ª Zona Eleitoral, Leonor Bisolo Constantinopolos Severo, disse que não mencionaria os vereadores eleitos já que a situação do PDT poderia mudar a lista. Contudo, feitos os cálculos pela redação de O Comércio, ficou claro que a situação do PDT não ameaça nenhum candidato. Mas os votos de um candidato podem mudar a situação de dois outros. O “pivô” da mudança é o candidato Valdomiro Costa Rayzer, o Miro (nome de urna).
Essa mudança dependia da validação dos votos de Miro, que foi candidato à vereador de União da Vitória pelo PSD na coligação SD/DEM /PSD /PEN e recebeu 263 votos. No entanto sua candidatura foi indeferida por uma suposta não desincompatibilização de Conselhos Municipais de União da Vitória. Segundo a Justiça Eleitoral, Miro não teria protocolado seus pedidos de afastamento na prefeitura, dentro do prazo exigido pela Justiça Eleitoral. O candidato recorreu e o TRE-PR foi favorável ao candidato. Logo Rayzer teve seus votos confirmados e validados. A confirmação teria sido dada no dia 26 de setembro com decisão publicada em 30 de setembro.
Ocorre que, computados os votos de Miro, altera-se a composição final da Câmara de Vereadores. A coligação a que Costa Rayzer pertence elegeu um vereador: Emerson Souza (PEN), com 364 votos. A coligação fez 2.683 votos. Pelo quociente eleitoral, Emerson conseguiu os 2.134 votos que precisava. A sobra, 549 votos, somados com os de Miro (263) somam 812.
Já a coligação PSC/PTdoB obteve 4.922 votos. Pelo quociente eleitoral fizeram dois vereadores, Ricardo Sass e Valdecir Ratko, pelo PSC, e Diego dos Santos, também do PSC, pela média, ocupando a terceira vaga, se utilizando da sobra dos 654 votos. Com a votação de Miro computada à Coligação PEN/DEM/PSD/SD, fica com a sobra de 812 votos, maior do que a sobra da coligação do PSC/PTdoB (654 votos), o que resulta na eleição, pela média, do candidato Samuel José Custódio (Tico) do PEN, que recebeu a votação de 334 votos.
Na prática, com o acréscimo da votação de Miro, o candidato Diego dos Santos (PSC), com seus 364 votos, ficaria de fora da lista dos eleitos. O candidato indeferido disse por telefone que não sabe como está seu processo, mas que vai lutar para ver seus votos validados nas eleições municipais deste ano. Miro disse que solicitou ao advogado da coligação que tenha acesso ao processo, para ver o que pode ser feito. Na tarde de ontem seus advogados confirmaram à reportagem de O Comércio que seu processo foi favorável (trânsito em julgado) e que Miro ganhou o direito de reaver seus votos que foram desconsiderados anteriormente.
A Justiça Eleitoral de União da Vitória ainda não se pronunciou quanto à questão. Como a reportagem foi feita considerando os cálculos de votação das coligações, dos candidatos e do quociente eleitoral, ainda é necessária a palavra final da Justiça Eleitoral local, o que deve acontecer, confirmando ou não a mudança, nas próximas horas.
PDT não muda configuração eleitos
A situação do PDT, que também teve seus votos desconsiderados, mesmo que favorável a qualquer uma das coligações ou mesmo com chapa pura, não altera o resultado das eleições. Para isso consideramos três cenários possíveis.
Na primeira hipótese, seria do PDT com a coligação PMDB/PHS/PTB e PCdoB, que fez 3.509 votos. Albino do Cemitério (PMDB) foi eleito diretamente e Fernando Vier (PMDB), pela média, utilizando a sobra de 1.375 votos da coligação. O quociente eleitoral foi de 2.134 votos. Mesmo se fossem computados os 757 votos do PDT, que também está aguardando julgamento e não foram considerados, não seria suficiente para eleger um terceiro candidato.
No segundo cenário, se os votos do PDT fossem computados para o PP, que é outro partido que reivindica a coligação com o PDT, também não seria suficiente para eleger mais um vereador. O PDT conseguiu nas urnas 757 votos que foram desconsiderados até que se julgue qual é a situação do partido nas eleições. O PP fez 1.107 votos. Se somados aos do PDT, se chegaria a 1.864 votos, bem abaixo do quociente eleitoral (2.134), portanto insuficiente para eleger um vereador.
E em última análise, se o PDT conseguir seus votos, e não ficar em nenhuma das coligações, continuaria com seus 757 votos. Para eleger um vereador, precisaria de 2.134 votos, exigidos pelo quociente eleitoral.