O relógio marcava 18 horas do domingo, 15, quando a CBN Vale do Iguaçu anunciou, mesmo que de forma extraoficial, baseado na contagem paralela que o Grupo Verde Vale de Comunicação realiza em todas as eleições, que Bachir Abbas (PP) seria o novo prefeito de União da Vitória pelos próximos quatro anos. O resultado oficial só foi divulgado horas depois, mas as comemorações tiveram início naquele momento em vários cantos da cidade.
Abbas, empresário de 54 anos, natural de União da Vitória, e seu vice-prefeito Jairo Clivatti (PSDB), advogado e professor de 59 anos, também natural de União da Vitória, receberam 14.041 votos, o que representou 53,93% dos votos válidos.
A coligação União da Vitória Segue em Frente, composta pelos partidos PP, PSDB, PSL, PL, DEM, DC, PV e Solidariedade, confirmou a tendência apontada em pesquisa eleitorais contratada pelo Jornal O Comércio e divulgada no dia ?? de outubro e recebeu uma das maiores votações já registradas em União da Vitória.
Abbas é vice-prefeito de União da Vitória e declarou logo após a confirmação da sua vitória que “tudo se resume em gratidão. Ele afirmou que vai dar continuidade ao trabalho iniciado com o atual prefeito. “Agradeço ao prefeito Santin Roveda, aos nossos representantes estaduais e regionais, aos presidentes de partido, aos pré-candidatos e candidatos a vereador” disse em entrevista a CBN Vale do Iguaçu no início da noite do domingo.
Na manhã de ontem o prefeito eleito concedeu uma entrevista exclusiva para o Jornal O Comércio, onde falou sobre a campanha, a equipe de trabalho, a nova configuração da Câmara de Vereadores, entre tantos outros assuntos. Veja um resumo de como foi a conversa:
Jornal O Comércio: O senhor venceu a eleição com mais candidatos da história do município, com 5 concorrentes. Como avalia essa disputa? Como avalia esse processo eleitoral em uma campanha que foi tão diferenciada de todas as outras e vocês tiveram que fazer política de uma maneira diferente?
Bachir Abbas: É verdade, foi uma eleição totalmente diferente. Em todos os sentidos: na questão de termos mais candidatos, na questão dos candidatos a vereadores, foram mais de duzentos e trinta candidatos, e na questão da pandemia. Nas outras eleições se reunia muita gente, se faziam reuniões com cem, cento e cinquenta, duzentas (pessoas), se faziam comícios, e essa foi uma eleição diferente. Eu e o professor Jairo (Clivatti), a gente fazia vinte, trinta reuniões diárias, pois tinha que ter esse compromisso de não aglomerar pessoas. Fazíamos reuniões com 8, com dez, com quinze, com vinte pessoas, uma maneira diferente de fazer política. A gente tem que começar a reaprender a fazer política. E no próprio sentido de fazer política, as pessoas não queriam saber de ataques pessoais, as pessoas queriam saber de propostas. Ficou bem claro durante a campanha, das pessoas abrirem as suas casas e saber. A gente fazia as reuniões, não chegava lá e só fazíamos os discursos, a gente escutava também as demandas da população. Nós estamos como vice-prefeito, na verdade foi também um julgamento do que foi feito nos últimos 4 anos. Nós colocávamos que é claro que tem muito mais para ser feito, mas a gente colocava como era a cidade há quatro anos atrás e como ela é agora. Sem falar mal de ninguém, sem criticar, mas que as pessoas analisassem. Mas, tem muito para ser feito, então acho que até foi para nós aprimorarmos a nossa proposta, o nosso plano de governo, escutar o que está faltando na Saúde, o que está faltando na infraestrutura… mas foi uma campanha totalmente diferente de tudo o que a gente já fez. Vocês podem ver um ou outro candidato que fez ‘bandeiraço’, que fez carreata, foi uma eleição mais do pessoal, de você chegar e falar diretamente com as pessoas. Então, nós estamos reaprendendo a fazer política, e quem não reaprender a fazer política… e ninguém mais é dono dos votos. A gente sempre fala: ‘as pessoas, aquele tem tantos votos’. A gente também não pode… a votação foi expressiva, mas a gente tem que ter a consciência de fazer um bom trabalho para manter estes votos, que a população mostrou que ninguém mais é dono dos votos. Você tem que trabalhar os quatro anos para, no próximo mandato, as pessoas verificarem e dar o seu veredito. Então, a gente tem que ter a humildade de reaprender a fazer política.
JOC: Pegando esse gancho da pandemia… Na visão de quem não está envolvido com a política em si, neste ano as campanhas que tiveram maior êxito foram, talvez, as que não lidaram tanto com a crise financeira ou com alguns problemas políticos, mas, as que tiveram êxito no trabalho feito na área da Saúde, no tratamento da Pandemia. No seu caso, essa continuação do trabalho que foi muito bem realizado aqui em União da Vitória, o senhor entende que isso teve peso na sua eleição? O senhor vai manter essa mesma linha de atuação na pandemia?
Abbas: Com certeza, a gente tem que falar bem claro: União da Vitória está conseguindo passar pela pandemia, que não passou (ainda), mas trabalhou de forma muito boa, escutando a população, a Secretaria de Saúde, o prefeito Santin, nós, escutamos CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas de União da Vitória e Porto União), Associação Comercial (e Empresarial de União da Vitória), que é um grande desafio: manter a saúde e manter a preservação do emprego. Foi um desafio… a pandemia foi nova para todo o mundo. Eu me lembro que no primeiro momento, nós suspendemos as aulas na parte da manhã e durante quase todo o dia recebemos críticas. E de noite, as pessoas já falando ‘que bela atitude vocês tiveram’. A pandemia é nova. O pós pandemia, também. Todos os governantes, a partir do dia 1º de janeiro, têm que ter projetos bem elaborados na área da Educação, da Saúde, da geração de emprego e renda para o pós pandemia. Isso vai ter reflexos em 5, dez, quinze anos… os municípios que saírem na frente nessa questão… As pessoas, o dinheiro sairá do mercado financeiro e vai para a produção. Então nós temos que trabalhar, estamos trabalhando no Turismo com a Atema (Associação de Turismo e Meio Ambiente), formatando propostas de negócios para atrair estes recursos para União da Vitória. Mas, com certeza, o exemplo é a nível nacional, que muitos dos prefeitos foram reeleitos, os que souberam tratar de forma coerente, estão conseguindo tratar, a maioria foi reeleita no primeiro turno. Então, foi um fator que mexeu também com a política e a gente, com o prefeito Santin, está conseguindo passar por esse período de pandemia e temos o grande desafio a partir do dia 1º, por que não sabemos até quando vai a pandemia. Já tem muitos questionamentos na Educação, na área da Saúde também… Na área da Saúde se represou muito os serviços, as cirurgias, só foram feitas as cirurgias de emergência. As cirurgias eletivas estão todas represadas, então nós temos um grande desafio. Na área de Educação muitas pessoas (alunos) migraram da escola particular para a escola pública e União da Vitória, graças a Deus, tem uma escola pública de excelente qualidade, que no último ano alcançou o maior número (nota) do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), graças aos nossos professores e toda a classe do Magistério. Mas, com certeza, quem soube trabalhar com a pandemia recebeu o resultado nas urnas agora, durante essa eleição.
JOC: O senhor atua no serviço público desde 2001 e já ocupou vários cargos nesta jornada. Especificamente nesta campanha, com toda a sua experiência, tem algum ponto marcante, um momento positivo que marcou o senhor?
Abbas: Nós fizemos muitas obras nestes últimos 4 anos, fizemos bastante… ainda temos muito para fazer, mas fizemos. Mas, eu acho que a maior vitória que nós temos é levantar o ânimo da população… é a gente poder andar pela cidade, andar aqui no Centro, andar em São Cristóvão e as pessoas estarem orgulhosas da cidade. Isso é a maior vitória que nós temos. A gente sempre comenta com o prefeito Santin… o prefeito Santin, eu falo que a gente começou como aliado político e está terminando como grandes amigos, uma amizade que a gente vai levar para a vida inteira. Mas o maior mérito dessa Administração é levantar o ânimo das pessoas, as pessoas terem orgulho de União da Vitória. Eu estava passeando com o meu filho num domingo desses na praça e tinha um pessoal de fora, os parentes de fora com a família daqui, e estavam falando de como União da Vitória está bonita, como União da Vitória está bem cuidada. Não está perfeita, a gente sabe, a gente tem muito para avançar, mas essa foi a maior vitória que nós tivemos.
JOC: Alguma lembrança negativa?
Abbas: A partir do momento que você coloca o seu nome (ä disposição) você sabe que vai sofrer ataques, que vai sofrer, né… mas a gente está preparada para isso e a população dá as respostas. Falei que tenho o maior respeito pelos outros quatro candidatos, todos que colocam o seu nome, com certeza querem fazer o melhor para União da Vitória. Atrás de cada candidato à prefeito ou vice, tem uma família, então a gente tem que saber respeitar essas pessoas. Quando se faz um ataque pessoal, você pode atingir a família. Mas foi uma campanha em que, na sua grande maioria, foram discutidas propostas e isso é importante. A gente sabe que quando se está à frente do município, têm muitas demandas e você se sente meio impotente, por tantas demandas na área da Saúde, na área da infraestrutura… e a gente tem que, na verdade quer resolver tudo, mas não consegue resolver, mas, com um bom planejamento, a gente consegue avançar. Então, temos grandes desafios pela frente, sabemos da situação e a gente sempre fala: ‘quem mais precisa do poder público é quem menos tem’. A gente tem que atender a todos, mas quem mais precisa é quem menos tem. E a gente vai trabalhar nesse sentido.
JOC: Como avalia o papel da imprensa local na eleição deste ano e as pesquisas eleitorais divulgadas nas últimas semanas?
Abbas: A imprensa tem papel essencial e foi muito justa, deu espaço para todos da mesma maneira. Até eu comentava que tinham algumas perguntas ácidas, mas foram para todos os candidatos. Então não tem porque reclamar e o momento é esse, tem que botar o dedo na ferida, tem que fazer, o papel da imprensa é esse. O papel da imprensa não é passar a mão na cabeça das pessoas, esse é o momento do questionamento, a campanha eleitoral é o momento do questionamento e a imprensa exerceu um papel fantástico, dando oportunidade para todos, usando a mesma linha, dando o mesmo espaço. E as pesquisas eleitorais, quando saiu (o resultado), eu falei: ‘a maior pesquisa eleitoral, é as urnas’. Mas, as pesquisas eleitorais, hoje as pessoas têm que saber que não se faz uma pesquisa eleitoral de qualquer maneira. Ela é analisada pelo Tribunal Regional Eleitoral. Então a gente sabia da credibilidade dos órgãos que fizeram estas pesquisas e é normal, normal que as pessoas que estejam atrás nas pesquisas questionem as pesquisas. Mas as pesquisas, hoje, para elas serem homologadas pelo Tribunal, elas têm todo um trâmite que precisa ser feito. Quero aqui também ressaltar o papel da Justiça Eleitoral, que fez um grande trabalho, tratou todos de forma justa, foi muito, muito bom o trabalho da Justiça Eleitoral. Mas a imprensa, esse é o papel dela, ela questiona, ela ajuda o governante a não errar, muitas vezes o governante se cerca de pessoas que falam que está tudo bem, que a cidade está boa, e a imprensa exerce esse papel de mostrar o que não está certo, é a voz da população na maioria das vezes. A imprensa exerceu um grande papel nesta eleição e vai continuar exercendo cada vez mais.
JOC: O seu perfil pessoal é também o seu perfil político é tido claramente como conciliador. Como o senhor está se preparando, desde já, para tomar algumas decisões que não são tão fáceis, tão simples? Seu perfil conciliador será deixado de lado? Isso já passa pela sua cabeça?
Abbas: Já passa. A gente sabe, as pessoas falam e eu tenho esse perfil, e vou continuar tendo, mas são necessárias algumas medidas, muitas vezes duras, mas que são necessárias. Tanto que eu sempre comento: ‘qual o teu objetivo Bachir? O meu objetivo, se a população nos deu esse mandato de quatro anos, é ficar quatro anos para que sejam feitas as coisas que são necessárias’. Temos ações fortes que precisam ser tomadas na questão do Fundo Previdenciário, na própria questão da estrutura da Prefeitura e teremos que tomar. Eu falei que tive a oportunidade, as pessoas me convidaram em 2008, quando o prefeito foi o Juco (Jung), que é meu amigo pessoal, o ex-prefeito Hussein (Bakri) também fez esse convite em 2008, e naquele momento eu achei que não era o momento certo. Agora, quando coloquei o meu nome, passei estes quatro anos como vice, agora coloquei meu nome, sei o que é necessário fazer e as pessoas podem ter a certeza de que a gente não tem que pensar só em voto, a gente tem que pensar em fazer a coisa certa. E é isso que nós faremos, muitas vezes com medidas duras, com medidas que contrariam muitos interesses, mas é desta maneira. Nós temos sempre que pensar no macro, no coletivo, e é desta maneira que nós faremos.
JOC: Falando em medidas duras prefeito, não podemos deixar de lado a posição e a forma de como vai recebê-lo o funcionalismo público.
Abbas: Nosso principal objetivo nos próximos quatro anos é a transparência. Mostrar onde está o recurso e como ele deve ser gasto. Vamos conversar com o Sindicato do Magistério, com o Sindicato do Quadro Geral e mostrar o recurso que temos e como ele pode ser gasto. E as pessoas têm que entender que ninguém faz qualquer ação sem recursos financeiros. A partir do momento em que você mostra onde está o recurso, nós temos est quantidade de recursos. Como que vamos utilizar esse recurso? Nós queremos, vamos implantar um projeto, que é o União na Palma da Mão, principalmente voltado para esta questão da transparência. Sei que é necessário medidas duras, que precisam ser tomadas. Mas, quando você conversa, quando você explica de que maneira está sendo feito, esse é o meu lado, vou usar o meu lado conciliador para chamar tanto um sindicato como o outro, não tem problema. As eleições acabaram no dia 15 de novembro, às 17 horas, agora temos que todos pensar em fazer o melhor por União da Vitória e esquecer qualquer divergência. Como eu falo, não precisamos fazer um churrasco juntos, mas temos que pensar que temos que trabalhar todos juntos. Os dois sindicatos foram eleitos pelo funcionalismo, a gente tem que sentar e dizer ‘o recurso é esse, como vamos otimizar para avançar?’ Sabemos do grande trabalho que todo o funcionalismo faz. Se nós, eu e o prefeito Santin, estamos conseguindo terminar estes quatro anos com grande êxito, é graças ao esforço de todo o funcionalismo e de todo o Magistério. É dessa maneira, quando você abre as contas, quando você mostra onde está sendo gasto, você consegue êxito, porque consegue a ajuda das pessoas para melhor administrar.
JOC: Outro assunto delicado, que nunca sai da pauta, é o Fumprevi, a questão do rombo no Fundo Municipal. Agora, como prefeito, o que o senhor pretende fazer?
Abbas: Agora a gente fala de uma melhor maneira, porque acabou a campanha política. E o Fumprevi (Fundo Municipal de Previdência do Município de União da Vitória) foi muito politizado, durante muito tempo. E nós temos que parar. Esse foi o nosso compromisso, nós e o professor Jairo, que é funcionário público municipal, aposentado pelo Fundo de Previdência, vai nos ajudar muito. É claro que estarei ao lado dele, mas já pedi para que pegue esta situação. Temos que trabalhar de forma profissional. Quem foi culpado, se tiver que pagar alguma coisa, que pague. Nós temos que pensar, a partir do dia 1º de janeiro, o que faremos para resolver o problema do Fundo, que está interligado a própria questão da cidade. Se o Fundo for à insolvência, vai refletir na cidade. Mas nós temos a certeza de que não irá. Temos que fazer um trabalho técnico e não resolveremos o problema do Fundo em 6 meses, 1 ano, dois anos… Vamos fazer, vamos encomendar este trabalho técnico, já fizemos um pré-estudo para a campanha eleitoral, e a sociedade tem que cobrar, para que este trabalho seja feito em 4, 8, doze anos. O que o Fundo precisa? O Fundo precisa de dinheiro! O Fundo precisa de recursos. Temos que ver todo o imobilizado que tem no Fundo e transformar em recursos financeiros, essa é a grande verdade. Temos que otimizar ao máximo… eu falo muito em otimizar porque o dinheiro que tem no município é um só. Então nós temos que saber como gastar e o Fundo é desta maneira, como vamos otimizar para aportar dinheiro no Fundo. E é desta maneira que faremos, mas com trabalho técnico. O Fundo, na verdade, é um problema que acontece em 90% dos municípios brasileiros, não é um problema só em União da Vitória. A gente sabe do problema de União da Vitória, mas se você pensar a nível nacional, 90% dos municípios tem o problema do Fundo. A grande maioria dos estados tem o problema do Fundo. Na verdade, o grande problema do Fundo, começou mal concebido desde a sua essência e foi acontecendo diversos durante os períodos. Mas, não importa. Nós temos que saber que o Fundo precisa de dinheiro, precisa ser capitalizado, e é isso que nós temos que fazer.
JOC: Seu vice, Jairo Clivatti, teve um papel fundamental na transformação da antiga Face em Centro Universitário, na nossa Uniuv. Com o conhecimento que ele tem dessa instituição, com a atuação que ele já teve lá e continua como professor, quais são os planos para a Uniuv? Fortalecer ela ou privatizar?
Abbas: Eu gostaria de agradecer ao Jairo por essa caminhada que tivemos, tenho a certeza absoluta da escolha certa, na escolha de uma pessoa que tem a mesma afinidade, tem os mesmos objetivos que os meus. Sempre se falava, se falava muito na questão da privatização da Uniuv, e a gente tem que botar o dedo na ferida. Lá tem uma instituição, tem um reitor, um vice-reitor, tem os professores… tudo o que for feito, vai ser conversado. A Uniuv tem que ser fortalecida, tem que fazer parte, já faz esse trabalho, mas tem que cada vez mais estar integrada a cidade de União da Vitória, e qualquer situação nós vamos conversar. Temos um acesso muito bom ao reitor Alisson (Frantz), conversamos com ele, com o Lúcio (Passos, vice-reitor da Uniuv) durante a campanha, desta maneira. Nada se faz de forma unilateral, temos que conversar porque a Uniuv faz parte da história de União da Vitória. Estaremos conversando com toda a comunidade. Eu sou formado pela Uniuv em Administração e Economia também, então tenho a minha história e a minha formação na Uniuv. Estaremos conversando. Sabemos também que a própria questão do ensino superior no pós pandemia é outra situação também que tem que ser analisada, será um mundo novo. A gente sabe de muitas universidades com ensino a distância, então todos nós temos que se reinventar, inclusive as universidades têm que se reinventar. Mas estaremos sempre respeitando as pessoas que estão lá, o reitor, o vice-reitor, todos os professores e funcionários.
JOC: Passada a eleição municipal os planos se voltam para a eleição estadual. Seu grupo apoiará as pretensões do deputado Hussein Bakri ou uma eventual candidatura de Valdir Rossoni, tendo em vista que o seu vice-prefeito é do PSDB? É muito cedo para pensar nisso?
Abbas: Eu tenho a certeza de que é muito cedo. Primeiro nós temos que juntar todas as nossas lideranças, o deputado Hussein Bakri, que tem um papel importante para a cidade de União da Vitória, é líder do governo, tem acesso ao governador Ratinho Junior, o próprio deputado Alexandre Curi (Curi), o deputado Émerson (Baccil) que nos apoiou durante a campanha, e a gente tem que trabalhar. No período certo, no período das eleições, a gente vai conversar. Todos os partidos têm a liberdade de escolher, nós fizemos uma coligação agora, uma grande coligação de vários partidos, mas cada eleição é uma eleição. Mas, eu sempre falo, essa eleição mostrou algo que é pesado, que você tem que plantar para colher. Então, os deputados já estão nos ajudando muito, tem mais dois anos para fazer um grande trabalho, para colher na eleição. A população mostrou muito bem nestas eleições que tudo o que a gente conseguiu de resultado eleitoral foi porque foi feito um grande trabalho. Deputado Hussein, deputado Alexandre tem nos ajudado bastante, vai ser entregue a nova ponte, deputado Rossoni (Valdir), quando Chefe da Casa Civil também nos ajudou bastante, e no momento certo a gente vai ver. Temos o prefeito Santin Roveda, que faz parte do nosso grupo, que não sabemos ainda qual é a pretensão política dele. Então é muito cedo, estamos ainda se recolhendo da eleição municipal e a gente tem que trabalhar, todos juntos durante todo esse período, e no período eleitoral, como a gente sempre fala, que é o período do embate, período das pessoas colocarem a sua candidatura, mas a certeza de quem fizer pela população, com certeza vai ser reconhecido lá na frente.
JOC: Pretende fazer mudanças na equipe que conduz atualmente a prefeitura? Já tem algum nome?
Abbas: Na verdade nós ainda não pensamos nesta situação. É necessário, muitas vezes, oxigenar a equipe, temos grandes profissionais que nos ajudaram lá, mas temos que sentar e ver o que a gente precisa aprimorar. Falo sempre que o prefeito Santin me deu uma abertura que poucos prefeitos eram para o vice, tenho que agradecer sempre a ele, estarei sempre caminhando ao seu lado, e cada prefeito tem uma visão diferente, cada um tem um modo de ver a administração. Vamos continuar com esse trabalho do Santin de infraestrutura, mas cada um tem um olhar diferente. Cada um tem um olhar diferente para certas situações, para a área cultura, para a área da Educação, iremos continuar esse trabalho, mas colocando, de repente, a nossa visão do que a gente imagina, sempre respeitando os profissionais que estão lá, mas é necessário, muitas vezes, isso ser trabalhado. Mas, não tem nada definitivo, ainda a gente vai conversar com toda a equipe, que fez um belo trabalho, o resultado que colhemos foi esse. Tenho uma visão diferenciada em muitos setores. O prefeito Santin tem uma visão de desenvolvimento, nós vamos continuar com esse trabalho. Vamos ter um olhar, também, diferenciado para a área cultural, que eu trabalhei na Secretaria de Cultura, criando oportunidades no contra turno escolar para as crianças fazerem uma atividade em contra turno, com aulas de dança, música, teatro… Então, cada um tem uma visão. O prefeito Santin, vou ser agradecido para o resto da vida pela oportunidade que ele me deu, como vice-prefeito, de contribuir tanto para a cidade. Mas temos algumas visões, cada prefeito, cada governador que entra, tem um viés, às vezes, um pouco diferente.
JOC: Analisando a configuração da nossa nova Câmara de Vereadores, qual é a sua visão sobre a análise de que, talvez, o senhor tenha alguma dificuldade no relacionamento com os eleitos?
Abbas: Eu sempre falo que nós estamos recebendo um mandato popular, homologado pela população, como os vereadores. Temos que ter respeito pelos treze vereadores, todos representam uma parcela da população. Foi uma eleição diferente, conversaremos com os treze vereadores. Os projetos que vamos mandar para a Câmara são projetos de bem comum. Eles estão lá para analisar, tem a independência, é importante que o legislativo tenha essa independência. Tenho um acesso muito bom a todos os vereadores, mas quero deixar claro que o legislativo tem essa independência. A nossa Coligação fez um bom número de vereadores, temos diversos vereadores que também abraçaram a nossa campanha, como do PSD, então a gente tem uma base muito boa. Mas, estarei aberto a receber os treze vereadores a partir do dia 1º de janeiro, porque eles receberam o voto popular e o prefeito tem que ter esse discernimento, de escutar todos os vereadores. Da parte do Bachir Abbas e do professor Jairo, podem ter a certeza de que nós respeitamos cada um dos vereadores eleitos.
JOC: O que os munícipes podem esperar da gestão Bachir Abbas e Jairo Clivatti?
Abbas: Eu sempre falo que tudo o que nós fizermos por União da Vitória, o que eu fizer é pouco por tudo o que União da Vitória nos deu. Meu pai, há 70 anos desceu aqui com a minha mãe, e a gente construiu tudo aqui em União da Vitória. Professor Jairo, também dessa maneira, é de uma família aqui de União da Vitória. E o que é que nós queremos deixar no final de quatro anos? Que seja uma cidade de oportunidades, uma cidade em que as crianças tenham oportunidades, que os jovens, que as mulheres, que os homens tenham oportunidades. Dando dignidade, principalmente na geração de emprego e renda, dando oportunidade para as crianças, que muitas vezes a única mão que possa se estender é na escola, dando oportunidade (para) que elas tenham uma alternativa na área da Cultura, na área do Esporte. E é isso, eu sempre falo: ‘quero no final de quatro anos que o meu filho saia na rua e as pessoas falem que o pai dele, e tenho certeza que o Jairo da mesma maneira, deu a oportunidade de fazer uma cidade melhor. É isso que eu quero para União da Vitória.
UNIÃO DA VITÓRIA
TOTAL: 28.946
VOTOS VÁLIDOS: 26.036 (89,95%)
VOTOS BRANCOS: 1.355 (4,68%)
VOTOS NULOS: 1.555 (5,37%)
ABSTENÇÕES: 9.902 (25,49%)
Bachir Abbas – PP: 14.041 votos (53,93%)
Pedro Ivo Ilkiv – PT: 5.966 votos (22,91%)
Almires Bughay – PTC: 3.081 votos (11,83%)
Nelson Pedroso – PDT: 1.681 votos (6,46%)
Sigley Narcizo – PROS: 1.267 votos (4,87%)
PREFEITO BACHIR ABBAS
O próximo prefeito de União da Vitória não é um novato na vida pública. Ele se dedica ao serviço público desde 2001, tendo atuado como Chefe de Gabinete, secretário de Obras, secretário de Finanças, secretário de Cultura e também comandou a Autarquia Municipal de Esportes (AME).
Abbas é filho de Moshiné Abdul Ghani Abbas e Abdul Ghaneim Mohhamed Abbas, libaneses que chegaram no Brasil em 1952, se estabeleceram em União da Vitória e atuaram no comércio local desde então. É irmão de Kaukab, Mohamed, Cheriffe, Fátima e Ana e pai de Ali Abdul Misturini Abbas.
Formado em Ciências Contábeis e também em Administração pelo Centro Universitário de União da Vitória (Uniuv), trabalhou no comércio da família desde muito jovem. Atualmente também atua no ramo imobiliário.