A CBN Vale do Iguaçu realizou a sabatina com os candidatos ao cargo de prefeito de Porto União. A proposta é provocar no eleitorado ouvinte uma postura analítica das plataformas dos candidatos, na busca do voto consciente para o dia 15 de novembro.
Na quarta-feira,4, o segundo candidato a ser sabatinado foi Gilberto Knapik (PT).
Entre os temas debatidos, estiveram questões sobre a saúde, educação, emprego e renda, segurança, além de política partidária.
LEIA A TRANSCRIÇÃO DA SABATINA
CBN Vale do Iguaçu: Seu partido, o PT, vive um momento de muito questionamento, atraindo para os candidatos uma rejeição que por vezes não é dele, mas do partido. Como acha que isto pode influenciar sua campanha?
Gilberto Knapik: Olha, primeira coisa, assim dentro de um cenário político é que ninguém chuta cachorro morto. No governo do PT, houve resultados reais para o cenário econômico das pessoas. Só para você ter uma ideia, quando começou o governo Lula, o salário mínimo girava em torno de 70 dólares, nessa faixa. Quando começou a Operação Lava-Jato de combate a corrupção, que também desestruturou o PT praticamente ali, o salário mínimo estava girando em mais de 340 dólares, dependendo do cenário. Hoje, já com a corrupção controlada do governo, até o Bolsonaro falou que pode extinguir a Lava Jato, o nosso salário mínimo, o salário mínimo do trabalhador está em 180 e pouco dólares, que varia conforme o câmbio no dia. Então, veja bem, hoje o trabalhador está sentindo que a política está desequilibrada; porque cada vez que ele vai ao mercado está comprando menos. Quem será? Será que não foi o conto do bilhete que o povo caiu em acreditar que uma força política que aumentou renda per capita do trabalhador está errada. Hoje na internet gera esses algoritmos com opiniões radicais e a gente não percebe. O PT historicamente sempre defendeu o povo. E nós, aqui na base no município colocamos o nosso nome à disposição para gerar esse equilíbrio na política.
CBN Vale do Iguaçu: Em Porto União, o principal nome do PT era o do ex-prefeito Anízio de Souza que foi preterido e não saiu candidato a nada nesta eleição. Qual é o papel dele e de lideranças estaduais e nacionais em sua campanha?
Gilberto Knapik: Bom, o Anízio de Souza sempre foi uma referência política para nós, do Partido dos Trabalhadores. Só que, na última eleição, eu Gilberto Knapik, fui candidato também a prefeito, apresentando as propostas do partido, e o Anízio devido ser prefeito, manifestou apoio para o candidato na época, Renato Stasiak. Porém, como ele não era candidato do PT gerou um certo desconforto para a posição política dele. Mas isso foi superado. Porém, nesse período o Anízio não participou tão assíduo do partido, tanto é que teve a convenção e nós do partido dos trabalhadores queriam Anízio para uma candidatura de prefeito ou a vice e, a ideia acabou e ao final, ele nem participou da convenção. A gente sente que ele não está participando conosco deste pleito eleitoral. Eu acredito que é só uma questão de conversa e de repente na próxima estaremos juntos. O Anízio é uma pessoa que conhece a política de esquerda, ele fez uma administração que valorizou as pessoas dentro do município. Teve essa questão de convenção política e que com certeza é preciso desenvolver. O Anízio é respeitado no PT municipal em Porto União, no Estado e Federal. É um companheiro. É somente uma questão de articulação; tudo vai dar certo lá na frente.
CBN Vale do Iguaçu: Haverá alguma surpresa na reta final?
Gilberto Knapik: Olha, eu não tenho assim a princípio, aquele contato dia por dia em campanha. Bom, o Anízio não se manifestou a apoiar a nossa candidatura esse ano. Está apoiando, mas meio que por casa, vamos dizer assim. Esse ano está mais tranquilo com relação a campanha no formato corpo a corpo. Mas o que vier é para ser. Ninguém vai colocar cabresto nas pessoas. Cada uma tem a sua opinião. Nossas opiniões são voltadas para a frente e da esquerda.
PRINCIPAIS EIXOS DO PLANO DE GOVERNO
SAÚDE
CBN Vale do Iguaçu: No seu plano de governo, duas ações chamam a atenção: estudo de viabilidade da implantação de plantão permanente em Santa Cruz do Timbó e São Miguel da Serra e o projeto para a criação de um hospital municipal. Como o senhor projeta viabilizar recursos para executar essas demandas se é sabido que as receitas estão em queda?
Gilberto Knapik: É, a questão da saúde a gente vê uma necessidade de gerar um equilíbrio no processo administrativo. Se você drena muito dinheiro, por exemplo, para uma infraestrutura, vamos dizer cada político, cada prefeito, quando vê drena um capital muito grande. Hoje é forte a construção de asfalto, que tem a sua importância, mas vai faltar dinheiro para o outro lado. Nem só de asfalto vivem as pessoas né. A saúde precisa gerar uma intensificação. E nós temos uma estratégia de trabalho, com deputados, representantes do nível estadual, então a gente vê a importância de ter essa força articulada, principalmente pela questão da pandemia. Sobre o hospital, o que a gente tem de planejamento e de emoção, a princípio seria construir um projeto para disponibilizar uma área para um futuro hospital. Uma das áreas, temos várias, mas uma, não tão central em Porto União, poderíamos fazer em áreas mais periféricas, como é o Capão Grande, passando ali a área industrial, onde poderia disponibilizar uns dois alqueires. Em cima de um terreno podemos construir alguma coisa. A possibilidade de construir um hospital já começa a nascer.
EDUCAÇÃO
CBN Vale do Iguaçu: Conforme o Censo Escolar, é cada vez menor o número de escolas rurais em razão de elevado investimento. Em seu plano de governo, o senhor propõe equipar as escolas do interior. Há demanda que justifique esse investimento?
Gilberto Knapik: A questão hoje, veja bem, precisamos ter uma educação até voltada para um espírito mais empreendedor. Se nós olharmos nossas crianças, claro que isso é uma demanda que envolve uma política mais estadual e federal. Todo mundo estuda para ter um bom emprego. Aí entra na faculdade, já faz pós, enfim, para conseguir um bom emprego. E quem está estudando para ser um bom patrão? Um bom empresário? Um bom empreendedor? Nós observamos que as marcas que conhecemos Wolkwagwen, GM, são empresas de fora, porém, administradas por brasileiros, consumido por brasileiros, vendido por brasileiros e com lucro para fora do País. É preciso reequipar as escolas pensando em uma estratégia que consigamos gerar empreendimento nas pessoas e gerar resultado. As pessoas precisam viver a vida como ela é. Geralmente, as pessoas com muito estudo abrem mão de ser empreendedora para ser empregado. A prova é que muitos com quarta série, por exemplo, são empresários, porque ninguém falou a vida inteira para eles serem empregados.
SEGURANÇA
CBN Vale do Iguaçu: O senhor cita a criação de um gabinete de gestão integrada municipal para fazer uma ponte com as secretariais sociais do município e representações policiais. Como o senhor garante que essa demanda será suficiente para amenizar os impactos da violência no município?
Gilberto Knapik: Exato. É uma demanda para amenizar. A segurança pública tem que ir levando em todos os sentidos. Se você ficar só prendendo as pessoas, bom eu não penso por esse lado, porque tem a parte social para ser trabalhada. Conversando com o pessoal da polícia, as vezes você está com um problema sério de segurança, mas é um problema social; quando você vê a família não tem condição de alimentar ou não querem trabalhar. Opa, o que será que está acontecendo? É preciso encontrar o real problema para amenizar. Porque não podemos achar que devemos acabar por bem ou por mal, ou na brutalidade, isso não – não – não, vamos dialogando. É preciso um desenvolvimento para frente. A ferro e fogo realmente na questão de segurança pública, eu Gilberto Knapik, não vejo futuro. Eu vejo futuro na segurança pública com diálogo e identificação real do problema e ficar não pagando fogo com álcool, isso não dá certo. É preciso valorizar as pessoas. Meu pai fala, é preciso aproveitar a tora do jeito que que ela caiu no pátio da serrania. É preciso aproveitar as pessoas do jeito que podemos ajudar – juntos, no desenvolvimento de Porto União.
EMPREGO/RENDA
CBN Vale do Iguaçu: Grande parte de suas propostas para a geração de emprego e renda são focadas para o agronegócio. É o setor que pode representar a maior geração de riqueza para Porto União?
Gilberto Knapik: É a questão do agronegócio a gente vê que, assim, eu sou formado em economia, e o que acontece é que o dinheiro passa muito rápido em Porto União, União da Vitória e cidades circunvizinhas. Nós temos o problema de o dinheiro não ficar muito tempo parado na cidade. Veja bem, vamos dizer que alguém tem animal para abate, nós temos padrão de consumo de carne, e esses animais são abatidos fora do município, as vezes 200/300 quilômetros daqui, daí ele é abatido, e quando vê a carne está voltando aqui, para Porto União, então isso gera um fluxo de dinheiro grande e sem contar que tem um custo de logística grande. É preciso criar um mecanismo e conseguir fazer esse procedimento – porque comida todo mundo precisa, não é? Então precisamos que a comida seja auto suficiente na produção de alimentos do nosso povo. Mas dentro do projeto nosso de geração de emprego está forte a questão da diversificação. Eu que trabalho na indústria, na Metal Mecânica, a gente tem uma proposta no incentivo de fabricar ferramentas dentro do município. Porque é com as ferramentas que a gente trabalhar e gera emprego, desenvolvimento e aquecimento para o município. Não adianta ficar imaginando que vamos trazer empresas de fora. Todas as cidades agora dizem que vão trazer empresas, mas é preciso estruturar as cidades de dentro da cidade e ainda um ar de diversificação, porque depender muito só da indústria da madeira, tem seu mérito, mas a diversificação com certeza gera uma estabilidade melhor na nossa economia local.
CBN Vale do Iguaçu: Quais as formas de geração de emprego junto a esfera municipal?
Gilberto Knapik: Bom, vamos ter que começar a trabalhar em um tipo de APL, identificar o que nós temos na nossa indústria que é onde mais está gerando emprego. Qual é o setor? Eu sou do ramo, eu conheço, tenho experiencia prática nisso, e a indústria metal mecânica, porque ela é a mãe de todas as indústrias, porque todas as fábricas trabalham com ferramentas e elas são feitas, na maioria, na indústria metal mecânica. A ideia é junto com a faculdade de engenharia mecânica de União da Vitória, Senai, e junto com as empresas que demandam dessa matéria-prima, por exemplo, quantos tornos nós temos na cidade? E nós vamos ter que desenvolver isso aqui na cidade. O setor é importante porque é onde nascem as indústrias. É a fábrica de fábrica. Inclusive quando preciso trazer uma empresa de fora, ele também tem a necessidade de saber se vai ter alguém para auxiliar ele na montagem da empresa, como um bom eletricista industrial. É uma noção básica que aqui na cidade não é trabalhado tão forte.
Considerações finais – mensagem para o eleitor.
Gilberto Knapik: Eu Gilberto Knapik, peço o seu voto. Sou candidato a prefeito pelo Partido dos Trabalhadores, o número 13. Estou pedindo o seu voto para a gente gerar um equilíbrio no cenário político. Quando as coisas estão desequilibradas a gente nota, na hora que a gente vai ao mercado e o nosso salário está comprando cada vez menos e é aqui no município que a gente dá o primeiro passo. Aqui na base é o primeiro passo para gerar um equilíbrio sustentável, com isso até as esferas estaduais e nacionais terão respeito com a política que precisa estar equilibrada. Por isso eu peço o seu voto Gilberto Knapik, o número 13.