No dia seguinte à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência da República, com mais de 60 milhões de votos, ou 50.9% do eleitorado brasileiro, contra 49,1% do presidente Jair Bolsonaro (PL), que também obteve votação expressiva, com mais de 58 milhões de votos, deputados usaram a Tribuna na sessão plenária nesta segunda-feira (31) da Assembleia Legislativa do Paraná para repercutir o resultado. Partidários do ex-presidente que toma posse em janeiro de 2023, celebraram e pediram paz e união. A maioria dos contrários ao petista reconheceu a vitória, embora alguns tenham feito críticas.
O deputado Arilson Chiorato (PT), disse que o Brasil sai ainda mais dividido das urnas, mas lembrou que Lula quer reunificar o país. “Ele vai tratar todos os governadores da mesma forma, porque o objetivo do partido é um só: trabalhar para melhorar a vida das pessoas e trazer alegria para elas. Queremos reconstruir o Brasil, independentemente da sigla partidária. Queremos paz”, pediu. “Quero cumprimentar meus colegas, em nome do Arilson Chiorato, por quem tenho profunda admiração, pela vitória nas urnas, que reconheço, como todos nós, com muito respeito e admiração pelo partido. Essa pacificação do discurso de ontem do presidente Lula demonstra um novo tempo, quero crer”, disse o deputado Galo (PP). Na mesma linha, foi o deputado Anibelli Neto (MDB). “Gostaria de parabenizar Lula e que ele possa fazer um grande governo. Acho que depois de tudo que passou, ele reúne condições para isso. Só não podemos esquecer que o país está com receio, medo mesmo. E que a nova gestão traga de volta o que o povo perdeu com o governo Bolsonaro, que acabou sendo uma consequência dos erros do PT”, ressaltou.
O deputado Requião Filho (PT), destacou que, diante de tantas injustiças, perseguições e uso da máquina, os brasileiros suportaram firmes. “Nunca eu tinha visto um país da magnitude do Brasil onde se usou tanto a máquina pública em favor do candidato governante. Mas os brasileiros escolheram o amor em vez do ódio”. O deputado Professor Lemos (PT) reforçou que Lula declarou que vai trabalhar para a pacificação do país, além de recuperar o prestígio internacional. “Também vai melhorar o acesso dos mais pobres aos serviços públicos. Nossa população exerceu seu direito de cidadania e merece todo o nosso respeito”, afirmou.
Já a deputada Luciana Rafagnin (PT) lembrou que a campanha foi uma das mais difíceis das quais participou em 30 anos. “Ódio, intolerância, fake news… onde se deixou de fazer propostas para se defender das mentiras. Como a de que Lula fecharia igrejas, por exemplo. Por outro lado, tivemos a oportunidade de voltar a divulgar todos os feitos dele e dos governos petistas em anos anteriores. Não foi Lula apenas que ganhou as eleições, mas a educação, a saúde, a agricultura familiar, e, principalmente, o clamor dos 33 milhões de brasileiros que passam fome e que necessitam de inclusão. Agora teremos o Brasil do diálogo, justo, fraterno e soberano“, enfatizou. “Reconhecemos que a vitória do presidente Lula é contra a extrema direita, contra o fascismo. E acredito que ele vai atuar para resgatar o que foi deixado de lado, como por exemplo, a pauta ambiental”, completou Goura (PDT).
Para o primeiro secretário da Casa, o deputado Luís Cláudio Romanelli (PSD), agora o tempo é de reconciliação, já que muitas relações familiares e até entre amigos ficaram abaladas neste período. “É preciso restabelecer a empatia, a união, a solidariedade e o respeito. Lembro de um ensinamento da minha mãe sobre o luto, pelo qual alegam que estão passando muitos dos eleitores do presidente Bolsonaro. Ela dizia que é natural esse processo, mas que a vida segue. E os que julgarem necessário viver o luto, que vivam. E aos vencedores, desejo parabéns e que o presidente Lula possa fazer um governo de fraternidade, união, solidariedade e profundo espeito pela democracia, como tenho certeza que fará”, disse.
Tadeu Veneri (PT) ressaltou que esta foi uma eleição difícil, disputada, como tem sido em todo o mundo. Lembrou, entretanto, que aquele que ganha, governa e o que perde, precisa reconhecer, numa referência ao silêncio de Bolsonaro frente ao resultado das urnas e ao movimento de bloqueio de estradas por caminhoneiros. “Uma minoria não está aceitando o resultado das urnas. Precisamos estar vigilantes nos próximos dias. Temos que garantir a integridade do sistema democrático. Se o adversário tivesse vencido, estaríamos lamentando, mas reconhecendo a vitória, sem nenhum problema. Faz parte da democracia. E não importa a quantidade de votos. O importante é que o presidente Lula venceu“, reafirmou.
O deputado Marcel Micheletto (PL) e o deputado Marcio Nunes (PSD), destacaram a importância do respeito ao resultado dado pelas urnas. Micheletto cobrou parceria com o Governo na gestão Lula. “Lembro que o Paraná já foi muito prejudicado em outras ocasiões, em governos petistas. Desta vez, espero que possamos ser atendidos em nossos pleitos junto ao Governo Federal”. “Cabe a nós, que fomos eleitos, pedirmos, orientarmos nossos eleitores para que reconheçam a vitória do adversário. A política é a busca do bem comum. Agora é hora de descer do palanque e trabalhar”, acrescentou Nunes.
Críticas
Os deputados Homero Marchese (Republicanos) e Ricardo Arruda (PL) fizeram duras críticas à condução do processo eleitoral, à imprensa, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “A maior parte da população de bem das regiões Sul e Sudeste acordou de luto, porque um homem de bem vai deixar o poder. Tudo por uma manobra do STF. Tivemos uma eleição partidária e parcial pelo TSE, que chegou a extremos durante a campanha do 2º turno. Toda a faxina feita pelo presidente Bolsonaro foi em vão, porque eles agora voltam e nosso país caminha para uma ditadura”, esbravejou Arruda.
Marchese reconheceu o resultado e disse que o Brasil sai dividido de um processo que, segundo o parlamentar, foi prejudicado pela intervenção do STF. “O Paraná votou em massa no presidente Bolsonaro, mas por dois pontos percentuais em nível nacional, ele foi derrotado. Porém, é preciso lembrar que houve falhas das autoridades jurídicas, que anularam as condenações do ex-presidente Lula. Infelizmente, esse é o país da impunidade, o que é uma pena, porque o presidente Bolsonaro fez um bom trabalho e um bom mandato”, desabafou.
O presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSD), aproveitou para reconhecer a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva e enaltecer o feito e fez um apelo aos deputados ao usarem a Tribuna: equilíbrio. “Precisamos evitar extremismos nesta Casa. Pedimos que as falas sejam menos agressivas, equilibradas e feitas com consciência. Que haja respeito entre os deputados, que vão continuar convivendo aqui dentro e ao processo democrático brasileiro”, finalizou.