BRASÍLA, DF (FOLHAPRESS) – Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que até o momento lideram as pesquisas de intenção de voto, ficarão com as maiores fatias da propaganda eleitoral no rádio e na TV, com espaço mais ou menos similar para as duas candidaturas.
O tempo de TV dos candidatos será anunciado oficialmente pelo Tribunal Superior Eleitoral após a definição dos nomes que vão concorrer de fato à Presidência da República. A partir desta quarta-feira (20) até 5 de agosto os partidos realizarão suas convenções para tornar oficial os seus candidatos.
O rateio da propaganda leva em conta o peso do partido, da coligação e o número de concorrentes. Caso se confirmem as 13 candidaturas à sucessão de Bolsonaro, além das coligações previamente anunciadas, Lula terá o maior espaço na TV.
Lula, que deve ter sete partidos em sua coligação, terá cerca de 3 minutos e 10 segundos a cada bloco de 12 minutos e 30 segundos. Bolsonaro virá logo em seguida, com cerca de 2 minutos e 50 segundos.
A propaganda eleitoral no rádio e na TV será veiculada de 26 de agosto a 29 de setembro, três dias antes do primeiro turno das eleições (2 de outubro).
São dois blocos de 12 minutos e 30 segundos às terças, quintas e sábados, além de peças diárias veiculadas nos intervalos comercias das emissoras, as chamadas inserções.
Pré-candidato que nem chegou a pontuar na última pesquisa do Datafolha, o deputado federal Luciano Bivar terá o terceiro maior espaço, caso confirme mesmo sua candidatura -pouco mais de 2 minutos por bloco.
Isso se dá porque sua sigla, o União Brasil, é fruto da fusão do DEM com o PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu em 2018 e que saiu vitaminado daquelas eleições.
Logo atrás virão Simone Tebet (MDB) -cerca de 1 minuto e 50 segundos-, que enfrenta um racha interno para confirmar sua candidatura, e Ciro Gomes (PDT), com cerca de 50 segundos.
Há uma avaliação majoritária no mundo político de que as inserções são mais importantes por serem diárias e atingirem o eleitorado que não assiste aos blocos fixos de propaganda.
A divisão delas é feita proporcionalmente ao tamanho dos partidos e das coligações. Lula deve ter sete inserções diárias de 30 segundos, por emissora. Bolsonaro, 6.
As propagandas no rádio e na TV sempre foram prioridade dos candidatos a cargos majoritários, rendendo fama a marqueteiros como Duda Mendonça, que morreu em 2021, e João Santana.
Esse último foi responsável pelo marketing das campanhas de Lula em 2006 e de Dilma Rousseff (PT) em 2010 e 2014. Rompido com o PT após ser preso e virar delator no escândalo da Lava Jato, hoje está com Ciro Gomes.
Em 2018, a propaganda na TV e rádio de nada adiantou para figurões como Geraldo Alckmin (então no PSDB) e Henrique Meirelles (então no MDB), que tiveram grande espaço, mas, assim como quase todo o tradicional mundo político, foram varridos pela onda conservadora que elegeu Bolsonaro, dono então de um minúsculo espaço na propaganda.
A campanha daquele ano, porém, é considerada um ponto fora da curva que dificilmente irá se repetir agora.
Em eventual segundo turno, a divisão da propaganda na TV e rádio é igualitária entre os dois candidatos.
A partir desta quarta, os partidos terão 17 dias para confirmar os nomes de seus candidatos não só ao Palácio do Planalto, mas ao Congresso (toda a Câmara será renovada, além de um terço do Senado), aos governos estaduais e às Assembleias Legislativas.
O primeiro nome que deve ser confirmado na disputa ao Palácio do Planalto é o de Ciro Gomes, que tentará pela quarta vez se eleger presidente da República.
O PDT abre a temporada de convenções com evento presencial na sede do partido, em Brasília.
Ciro aparece isolado em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, e, com ataques a Lula e Bolsonaro, tenta ganhar impulso para chegar ao segundo turno.
Das convenções já definidas, apenas a da senadora Simone Tebet (MDB) será virtual, no dia 27 de julho. Tebet tem a candidatura questionada dentro do próprio partido.
Nesta segunda, ala do MDB se reuniu com Lula em São Paulo para oficializar apoio ao nome do petista à Presidência no primeiro turno. Na abertura da reunião, o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), afirmou que a decisão foi tomada por 11 estados, dos quais 9 tinham representantes na reunião.
Em uma rede social, o presidente do partido, Baleia Rossi, disse ter conversado com alguns desses dirigentes “que supostamente estariam com outro candidato a presidente”. “Eles me garantiram que vão apoiar @simonetebetbr na convenção que vai homologá-la candidata. Decidimos por maioria, respeitando as minorias. Teremos apoios nos 27 estados”, afirmou.
“O Brasil precisa de uma alternativa aos polos. Mais do que tudo, precisa respeitar as decisões democráticas. Nesse último caso, todos os dirigentes do MDB estão de pleno acordo. Exatamente porque essa é a maior força do nosso partido”, escreveu.
Outro que tem a candidatura contestada é Luciano Bivar, presidente da União Brasil. O partido, até o momento, foi o que marcou a convenção mais distante: a reunião será em 5 de agosto, em São Paulo. Com 2% das intenções de voto no último Datafolha, o deputado federal André Janones, do Avante, também arrisca ficar de fora da disputa. Ele já disse que só sai da corrida por decisão do partido.
Empatados com 1% das intenções de voto, Vera Lúcia, do PSTU, e Pablo Marçal, do PROS, farão convenção no mesmo dia: 31 de julho.
No Podemos, ainda não há data nem local definidos para confirmar o nome do general Santos Cruz como candidato do partido. No último Datafolha, o ex-ministro de Bolsonaro não atingiu 1% das intenções de voto. O partido inicialmente apostava no ex-juiz Sergio Moro para disputar as eleições. Moro, no entanto, acabou trocando o Podemos pela União Brasil, e vai concorrer ao Senado pelo Paraná.
A convenção do PT será realizada na quinta (21), no hotel Jaraguá, em São Paulo. A de Bolsonaro ocorrerá no domingo (24), no Maracanãzinho (Rio de Janeiro).
Após as convenções, os partidos têm um prazo para registro de todos os seus candidatos na disputa. O limite é 15 de agosto.