Santa Catarina sintetiza a dificuldade dos eleitores brasileiros em escolher seus candidatos a governador. Três nomes estão tecnicamente empatados na liderança, mas todos eles perdem feio para o percentual de brancos, nulos e indecisos: 35%, um dos maiores índices do país. Na eleição nacional para presidente, este índice é de 18%. Nas eleições estaduais em São Paulo, o maior colégio eleitoral, 25%.
Após dez anos sem lançar um nome na cabeça de chapa para disputar o estado, o MDB escolheu o deputado federal Mauro Mariani, que cresceu dez pontos percentuais em relação a agosto e lidera a disputa numericamente com 21% das intenções de voto, segundo o último levantamento do Ibope em Santa Catarina, do dia 21 deste mês.
Logo atrás dele, o deputado estadual e presidente do PSD no estado, Gelson Merísio, subiu 12 pontos, chegando a 18%. Ele lidera a maior coligação do estado com 15 legendas. O petista Décio Lima, deputado federal e ex-prefeito de Blumenau, avançou de 16% para 17%. Ele chegou a aparecer liderando o primeiro levantamento do instituto, o que surpreendeu os adversários pelo histórico de alta rejeição ao PT em Santa Catarina.
Considerando a margem de erro da pesquisa, de três pontos percentuais, os três estão em empate técnico. Os outros candidatos são mencionados por, no máximo, 4% do eleitorado. Brancos e nulos somam 16% e os indecisos totalizam 19%.
A situação se complica mais ainda nos eventuais cenários de segundo turno, em que a taxa de brancos, nulos e indecisos somadas chega a 41%. Em dois dos três casos, o percentual de votos do eleito é superado pela taxa de eleitores que não pretendem anular o voto ou que ainda não decidiram.
Mariani (MDB) venceria com 34% ante os 28% Décio Lima (PT). Nesse cenário, os eleitores que não pretendem votar em nenhum dos dois, ou ainda não decidiram, são 38%.
O emedebista também supera Merísio (PSD), por 31% a 28%. Já Merísio venceria Lima (PT) por 31% a 20%. Em ambos os casos, os eleitores que atualmente declaram voto branco, nulo, ou não sabem são 40%.
O curioso é que nenhum dos três é extremamente rejeitado pelos catarinenses. Dez e 11% dos eleitores não votariam de jeito nenhum em Gelson e Mauro, respectivamente. Décio é o mais rejeitado, por 22%, principalmente entre os homens (28%) e aqueles que ganham mais de cinco salários mínimos (32%).
Os percentuais de indecisos, nulos e brancos tendem a diminuir com a proximidade do primeiro turno. No entanto, uma coisa fica clara: os principais candidatos na disputa podem até não despertar o ódio que domina as eleições nacionais, mas estão longe de empolgar.