Entre janeiro e julho de 2019, Santa Catarina gastou R$292 mil de dinheiro público para custear a residência oficial da vice-governadora Daniela Reinehr (PSL).
Além de Santa Catarina, o Maranhão também mantém residência oficial para seu vice-governador, Carlos Brandão Junior (PRB).
Segundo informações apuradas pelo Jornal Notícias do Dia, exceto Santa Catarina e Maranhão, os outros estados brasileiros não arcam com os custos residenciais de vice-governadores e, no total, apenas oito dos 27 ainda mantém os governadores: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão, Ceará, Rondônia e Goiás.
No Sul, o único estado que não arca com os custos de moradia de governador ou vice é o Paraná. O governo ainda defende que a Granja Canguiri, chácara onde fica a residência oficial paranaense, seja transformada em um espaço infantil, para ser melhor aproveitado.
Para onde vai o dinheiro
O gasto público semestral com a moradia de Daniela Reinehr foi calculado através da prestação de contas feita no Portal da Transparência. A residência oficial é uma casa de alto padrão, avaliada em mais de R$ 1,1 milhão e localizada no bairro Itaguaçu, área Continental de Florianópolis.
A segurança da vice-governadora, inclusive de sua moradia, é feita por uma equipe de 14 policiais militares, o que representa um gasto mensal que ultrapassa R$ 112 mil em salários.
A zeladoria da casa foi o item que mais custou dinheiro público: R$ 167 mil, apenas no primeiro semestre do ano. Com cozinheiro, foi gasto mais de R$ 31 mil, e os serviços de jardinagem custaram R$ 19 mil do cofre do estado.
Segundo informações apuradas pelo Jornal Notícias do Dia, 11 funcionários trabalham na residência, com salários que vão de R$ 3.598 à R$ 10.400.
As despesas com zeladores, motoristas, cozinheiros, jardineiros, zeladores, telefonistas e serventes são todas terceirizadas por duas empresas, a Orcali Serviços Especializados Ltda e a Costa Oeste Serviços de Limpeza Ltda.
Segundo informações do Diário do Centro do Mundo, a Orcali é uma das empresas denunciadas como participante dos esquemas de desvio de recursos públicos que estão sendo combatidos pela Operação Alcatraz, da Polícia e Receita Federal em Santa Catarina.
A Operação Alcatraz foi deflagrada em maio, e visa combater fraudes em licitações e desvios de recursos públicos por meio de contratos de prestação de serviço de mão de obra terceirizada firmados com órgãos do governo de Santa Catarina. Mais de 20 pessoas foram denunciadas à Justiça e 17 já viraram réus em processos criminais.
Justificativas
Em nota, o Governo de Santa Catarina se pronunciou sobre o caso e afirmou que “o uso da residência oficial da vice-governadoria é uma prática estatal desde a compra do imóvel, em 1979, e foi utilizado desde então por cerca de 10 vice-governadores”.
O comunicado também informa que os gastos com a residência oficial e a representação estão menores do que nas gestões anteriores. “Se for observado apenas o valor nominal de cada exercício, sem considerar a inflação do período, os valores atualmente dispendidos para representação oficial representam 29,6% sobre a média das duas últimas gestões. Quanto à manutenção da residência oficial, o valor atual representa 48% desta mesma média”, justifica a nota.